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quarta-feira, 30 de novembro de 2022
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
Jeff Bridges
Encarnou a personagem mais "cool" da história do cinema. Aliás, há em cada uma das suas vidas cinematográficas uma onde bom humor e um espirito alegre que se torna contagiante para todos que o vêm trabalhar. Ele é hoje o simbolo perfeito de uma forma diferente de encarar a arte de representar...
Foi uma das maiores promessas da geração de 65 e durante alguns anos houve quem temesse que não passasse disso mesmo. Uma promessa. Mas os últimos vinte anos têm ajudado a mostrar um actor mais maturo e fresco, sem medo de enfrentar desafios, por muito dificeis que eles possam parecer. Por isso é que já está na altura de coroar Jeff Bridges.
Filho da California, nascido a 4 de Dezembro de 1949 em Los Angeles, sempre teve a representação nas veias. O pai era Lloyd Bridges, conhecido actor de westerns. O irmão, com quem contracenaria no inesquecivel The Fabulous Baker Broys, é Beau Bridges. E por isso é natural que Jeffrey Leon Bridges acabasse eventualmente por ser também ele actor.
Aos dois anos já surgia em filmes, fazendo pequenos papeis de criança. Foi aos 20 anos, em 1969, que se começou a destacar na televisão no filme Silent Night, Lonely Night. O filme Hells of Anger começava a mostrar um Bridges como jovem rebelde sem causa, imagem que ficaria eternizada no seu notável desempenho em The Last Picture Show, filme de Peter Bogdanovich de 1971. Para além de ter sido um dos grandes filmes do ano, a verdade é que Bridges começou a consolidar a sua carreira com uma precoce nomeação ao óscar de melhor actor secundário.
Seguiram-se uma serie de papeis que seguiam a imagem criada por Bridges no filme de Bogdanovich em filmes como Fast Picture, Bad Company, The Last American Hero e Thunderbolt and Lightfoot, filme pelo qual foi nomeado pela segunda vez ao óscar, depois de ter roubado todas as cenas a Clint Eastwood.
O problema começou então. Os seus papeis estavam gastos e as novas abordagens não iriam resultar. King Kong, Somebody Killed Her Husband e Heavan´s Gate foram fracassos a todos os niveis, e agora com 30 anos, a carreira de Bridges teimava em não sair do sitio.
Este foi um cenário que se tornou recorrente até 1984. Dez anos perdidos que Bridges não deve querer lembrar tão cedo.
Mas com Starman, filme de 84, estava de volta o melhor Bridges. Um desempenho absolutamente notavel como um extra-terrestre que chega a terra e adquire forma humana, valeu-lhe a primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor. E permitiu-lhe voltar a pensar numa carreira ao mais alto nivel. O mais dificil tinha ficado para trás.
Seguiram-se então nos anos seguintes uma serie de excelentes desempenhos em filmes muito aceitaveis. Primeiro foi Jagged Edge, depois 8 Million Ways To Die e, acima de tudo, Tucker : The Man and His Dream, filme poético de Francis Ford Copolla, que lhe proporcionou o seu melhor papel de sempre, apesar de ter sido ignorado pela Academia. No ano seguinte chegou a parceria com o irmão Beau, e com a diva Michelle Pfeifer em The Fabulous Baker Boys, um dos filmes mais interessantes do ano.
A carreira de Bridges continuava em alta no inicio da nova década. Primeiro revisitou o universo de Bogdanovich em Texasville e depois entrou, lado a lado com Robbie Williams, no filme de Terry Gilliam, The Fisher King.
1992 viria a mostrar mais um grande Bridges em American Heart e no ano seguinte viria aquele que é o seu papel favorito, Fearless. E quando muitos pensavam que o ritmo iria abrandar, ainda deu tempo para Wild Bill em 1995, uma abordagem realista e crua à vida do famoso Buffalo Bill.
Depois de dois anos em baixa, o grande regresso chegava em 1998 com Big Lebowski. O filme dos irmãos Coen é um dos mais fabulosos da década e o desempenho de Bridges como "The Dude" é sublime. No entanto, como habitualmente, a Academia preferiu ignorar esta pequena obra de arte. E Bridges continuava sem vencer prémios.
No ano seguinte, 1999, haveria Arlington Road, espectacular thriller com Tim Robbins, e em 2000 chegaria a sua 4º nomeação ao óscar, desta vez a terceira como melhor actor secundário, pelo filme The Contender onde viveu o Presidente dos Estados Unidos. Mais uma vez o prémio foi para outro.
K-Pax iria marcar o ano de 2001 para Bridges, num excelente contra papel a Kevin Spacey, no primeiro filme pós-óscar, e se em 2002 não haveria Bridges, este voltava no ano seguinte em força em Seabiscuit. Papel notável mas nem sequer considerado pela Academia, apesar das sete nomeações do filme.
Para 2004 ficou mais um "enorme" desempenho em The Door in the Floor e no próximo ano poderemos ver este grande actor em The Moguls e Tideland.
Um dos actores menos valorizados mas ao mesmo tempo, um dos mais completos da industria cinematografica norte-americana, Jeff Bridges é hoje um dos grandes injustiçados da história do cinema. Com 55 anos muitos acreditam que a sua hora chegará em breve, mas a verdade é que depois de trinta anos a brilhar ao mais alto nivel, esperava-se já um sinal de reconhecimento por parte dos seus pares. No entanto Bridges está na boa. Tranquilo, preparado para quando o momento chegar. E se não chegar? Paciência dira ele com aquele sorriso do tamanho do mundo.
domingo, 20 de novembro de 2022
Sean Penn
É uma das vozes mais criticas de Hollywood. Aponta todos os aspectos negativos por onde passa, desde o coração da industria cinematográfica às politicas do executivo federal. Hoje é visto finalmente como um dos grandes da sua geração. Mas para lá chegar teve de lutar muito.
A 17 de Agosto de 1960 nasceu na solarenga Califórnia Sean Justin Penn, hoje conhecido como um dos três maiores actores da geração de 85, lado a lado com Tom Hanks e Denzel Washington.
Os pais estavam no mundo do espectáculo e por isso foi fácil perceber o porquê dele, e do seu jovem irmão Chris, terem sido sempre empurrados para esse mundo. O pai, Leo Penn era realizador e tinha sido um dos nomes riscados na Caça às Bruxas dos anos 50.A mãe Eileen Ryan uma actriz de estúdio. Mesmo assim só aos 21 anos é que chegou o primeiro papel para o jovem Sean. O filme foi Taps e foi o inicio da carreira deste jovem e explosivo actor. Seguiu-se um divertido papel no filme de culto Fast Times at Rigdemond High.
Em 1984 foi considerado uma das 10 maiores promessas do cinema norte-americano. Já na altura lhe detectavam as suas principais caracteristicas. Sofredor, autor de um notável controlo de timing, praticante eximio do inner acting e explosivo como poucos.
Seguiram-se notáveis performances em Racing With the Moon, The Falcon and the Snowman, At Close Range, We´re No Angels e Casualties of War. Aos poucos tinha-se tornando numa das grandes referências para os actores mais jovens da década de 80. Por essa altura era mais conhecido por ser casado com Madonna, de quem se divorciaria no final de 1989. A nova década começari a brilhar nos seus primeiros papeis de destaque. State of Grace foi um dos mais interessantes filmes do inicio da década e permitiu-lhe conhecer a sua actual mulher Robin Wright-Penn. Nesse mesmo ano, 1991, estreou-se na realização em Indian Runner. Carlito´s Way voltava a mostra a sua melhor face em 1993 e conseguiu a sua primeira nomeação ao óscar em 1995 com o seu notável papel em Dead Man Walking.
Voltaria aos seus melhores papeis dois anos depois em The Game e no final dos anos 90 mostrou-se em grande estilo em The Thin Red Line e Sweet and Lowdown, filme de Woody Allen.
No entanto os maiores momentos da sua carreira chegariam nos últimos cinco anos.
Primeiro em Before Night Falls em 2000 e no ano a seguir em I Am Sam. Um dos papeis mais comoventes dos últimos anos valeu-lhe a nomeação ao óscar. Apesar de muitos considerarem que seria um justo vencedor, acabaria derrotado. Mas o seu melhor momento estava aí. Dirigiu o fraco The Pledge mas no ano passado entrou em dois dos maiores filmes do ano. Primeiro em 21 Grams, onde é explosivo e espantoso como nunca o viram, e depois em Mystic River. Aqui conseguiu o seu melhor desempenho de sempre, o melhor do ano e um dos mais interessantes dos últimos anos. Apesar de muitos não acreditarem, a consagração chegou com o seu primeiro óscar. Um óscar emotivo para um rebelde eterno como é Sean Penn.
E quantoso muitos pensavam que ele iria voltar a papeis menos conseguidos, eis que ele apresenta um rol de intensas interpretações. Primeiro em The Assassination of Richard Nixon, já este ano, e em The Interpreter e All the King´s Men nos próximos dois anos. É caso para dizer que o melhor Penn pode mesmo ainda não ter aparecido.
terça-feira, 15 de novembro de 2022
Natasha Henstridge
Uma actriz de uma beleza incomparável. Uma sex-symbol de um país onde a paz e a harmonia são a nota dominante. Um valor por explorar verdadeiramente pelas produtoras de Hollywood...
Pela sua beleza e porte não é dificil perceber que a carreira de Natasha Henstridge começou nas passerelles.
A agora actriz nasceu a 15 de Agosto de 1974 no Canada. Depois de uma infância perfeitamente normal, saiu de casa aos 14 anos para tentar a sua sorte como modelo em Paris. Teve grande sucesso após um curto periodo de experimentação por várias casas e acabou por se consagrar como uma das mais conceituadas modelos da passerelle parisiense. Aos 15 anos já era capa da Comsopolitan e aos 16 já fazia diversos anuncios publicitários. Parecia estar destinada ao sucesso como modelo, mas o glamour do cinema falou mais alto.
O seu primeiro papel no cinema chegaria com 21 anos no filme de ficção cientifica Species. A sua beleza terá sido a principal razão porque foi escolhida para o papel, mas a sua performance não foi tão má como muitos julgaram possivel. E foi o inicio de uma carreira de uma década.
Maximum Risk marcou a sua segunda passagem por Hollywood onde os papeis que lhe surgiam encaixavam bem no esteriótipo de loira com medidas generosas. Se Henstridge queria ser uma actriz a serio, este certamente não era o caminho. Como não foi fazer a sequela de Species, considerada uma das piores de sempre no genero. O filme viva do corpo nu da actriz, algo que nunca é lisongeiro para qualquer filme, mesmo que a actriz seja Henstridge. Sendo assim, em 1998 a sua carreira estava na mó de baixo. Bella Dona marcou a sua estreia no cinema brasileiro mas o filme acabou por ser um fracasso. Seguir-se-iam papeis em filmes como Dog Park e A Better Way to Dye. E quando todos pensavam que a sua carreira estava condenada a desaparecer, eis que surge The Whole Nine Yards, uma divertidissima comédia com Bruce Willis no principal papel que recuperou o nome de Henstridge junto do público e dos produtores de Hollywood. Um volte face que poderia ter sido aproveitado. Mas que acabou por não ser.
Depois de ter sido votada a mulher mais bela do mundo e de ter feito vários ensaios para inumeras revistas, Henstridge deixou-se cair de novo em pequenas produções. Bounce, Second Skin e Riders não fizeram muito pela sua carreira. Tal como a sequela, também ela uma desilusão, de The Whole Nine Yards, agora com o titulo de The Whole Ten Yards. E para complicar o cenário há ainda Species III, o filme em que o corpo, mais do que o talento, volta a ser cabeça de cartaz. Para quem augura uma carreira de sucesso a Henstridge, o que é perfeitamente concebivel, um cenário marcado por este genero de produções não é bem o mais adequado. Mas quem sabe? Talvez se escreva direito por linhas tortas.
quinta-feira, 10 de novembro de 2022
António Banderas
Aprendeu com o mestre Almodovar a não ter medo de dar tudo por todo. Depois de um estágio longo ao serviço do carismático realizador espanhol decidiu experimentar o cinema na versão de Hollywood. E ninguém poderá dizer que não se saiu bem. Afinal ele éa inda, aos quarenta e quatro anos, a personificação perfeita do latin lover...
Nasceu em Malaga, no sul da vizinha Espanha, a 10 de Agosto de 1960 com o nome de José Antonio Domínguez Bandera. Os pais eram gente simples e o seu sonho era o de qualquer miudo espanhol: ser jogador de futebol. Só que aos 14 anos o pequeno Antonio partiu um pé e hipotecou uma carreira no mundo do desporto. Foi então que surgiu a representação. Depois de vários anos a trabalhar em peças escolares e pequenas companhias locais, aos vinte anos António rumou a Madrid onde entrou no mundo do teatro espanhol e, ao mesmo tempo, começou a surgir em series e novelas televisivas. Na Espanha do pós-franquismo o jovem Antonio começava a ganhar protagonismo. Depois conheceu Pedro Almodovar, um jovem realizador excêntrico que iria mudar o cinema espanhol, e nada foi o mesmo.
Laberinto de pasiones, de 1982, foi a sua estreia no cinema e logo pela mão daquele que se viria a revelar o maior realizador espanhol de todos os tempos. Banderas interpretava um gay que era ao mesmo tempo um terrorista islâmico. Era o primeiro de muitos papeis delirantes que o actor interpretava para Almodovar, que neste sua primeira fase era também o realizador mais barroco da Europa. Durante os dez anos seguintes Banderas trabalhou com Almodovar e com vários emergentes realizadores espanhois. Filmes como El Senõr Galiendez ou Caso Cerrado foram reforçando o seu papel no meio cinematográfico espanhol. Mas seriam os seus filmes almodovarianos - Matador, La Ley del Deseo, Mujeres al bordio de un ataque de nervios e Atame! - que o tornariam um icone do cinema espanhol dos anos 80.
Em 1992 o salto para Hollywood no filme Mambo Kings. Como continuaria a acontecer com regularidade, o seu forte sotaque andaluz levou a que os seus papeis tivessem sempre uma origem latina. Em Mambo Kings foi um dançarino cubano de grande talento. Já em The House of Spirits, filmado em Portugal, trabalhou ao lado de alguns dos grandes actores de Hollywood como Meryl Streep, Jeremy Irons e Glenn Close. No mesmo ano seria o amante de Tom Hanks em Philadelphia, filme pelo qual foi bastante aplaudido pela critica. A sua carreira nos Estados Unidos ia de vento em popa.
O seu papel principal chegaria com Of Love and Shadows, um melodrama de 1994 com Jennifer Connely que acabou por não ter grande aceitação por parte da critica. Nesse mesmo ano seria Armand, o lider dos vampiros parisienses em Interview With the Vampire, onde contracenou com Brad Pitt e Kirsten Dunst.
A sua estreia como actor principal lançaria-o para novos voos. E em 1995 foi a afirmação definitiva de António Banderas como a estrela latina de Hollywood.
Desperado seria o papel que o lançaria para a fama. Neste filme de Robert Rodriguez - continuação de El Mariachi - e com Salma Hayek e Joaquim de Almeida, Banderas é um tocador de viola que vive de outro grande talento: a arte de matar tudo o que se mexe. O filme tinha cenas de acção verdadeiramente espectaculares e um humor truculento que impressionou tudo e todos. Ainda nesse ano e ao lado de Juliane Moore e Silvester Stallone (num filme escrito pelos irmãos Wachowski, que mais tarde criariam The Matrix) Banderas surge em Assassins mantendo bem viva a chama de eximio atirador que ganhara no filme de Rodriguez. O ano acabaria com o thriller-erótico Never Talk To Strangers onde Banderas seduz Rebeca de Mornay.
No final de 1995 tinha estreado Two Much. O filme era uma comedia romantica sem grande argumento mas acabou por ser um filme marcante na carreira de Banderas. O actor conheceu Melanie Grifith, a filha de Tippi Hedren, e ambos apaixonaram-se de imediato. Um ano depois o casal dava o nó (Banderas já tinha estado casado entre 1987 e 1996 com uma actriz espanhola) e começava uma das mais famosas e duradouras relações de Hollywood.
E depois de um ano de extrema violência, eis que chegou o ano dos papeis dramáticos. Em 1996 o actor espanhol é o Che ao lado de Madonna no musical Evita. Banderas conseguiria por este filme uma nomeação ao Globo de Ouro de melhor actor (que perderia para Tom Cruise), a prova de que o seu trabalho estava mesmo a ser apreciado em Hollywood.
Em 1998 surgiu The Mask of Zorro. O filme foi um êxito tremendo e António Banderas voltou a mostrar porque era o perfeito sex-symbol latino nos Estados Unidos. Ao lado do veterano Anthony Hopkins e da estreante Chaterina Zeta-Jones, o espanhol é eloquente como o sucessor do mitico heroi californiano. E no ano seguinte mais um grande exito, desta vez em The 13th Warrior onde encarna um guerreiro árabe que tem de lutar ao lado de uma tribo viking contra um inimigo nunca visto. Um belissimo filme de acção e mais um desempenho a juntar ao livro de notas. Banderas estava em alta e nem o delirante The White Kid River abalou o seu protagonismo. Até porque Play it With the Bone, o filme onde partilhou o ring de box com Woody Harrelson foi um sucesso de box-office.
Nesse ano de 1999 Banderas estreava-se na realização. Crazy Alabama (que contava no elenco com toda a familia, desde a mulher até aos seus jovens enteados). Apesar de não ter sido dos melhores filmes do ano foi curiosa a forma descontraida com que o actor experimentou o outro lado da camara.
The Body, onde viveu um padre católico que vive na dúvida sobre se a morte de Cristo foi real ou não, e Spy Kids, onde trabalhou de novo com Robert Rodriguez, marcaram o seu regresso ao cinema depois de ano e meio de ausência. Banderas decidira experimentar o teatro norte-americano na Broadway e saiu-se tão bem como tinha sucedido na sua Espanha natal. O final desse ano ficaria marcado por Original Sin, o thriller erótico em que partilhou o ecrãn - e a cama - com a emergente Angelina Jolie.
Em 2002 regresso à saga Spy Kids, mas, mais do que isso, dois dos filmes mais aplaudidos do ano contaram com a sua presença.
Em Frida, Banderas volta a trabalhar com Salma Hayek (filme que lhe valeu a sua nomeação ao óscar) e em Femme Fatale, ao serviço de Brian de Palma, Antonio Banderas dá um desempenho extraordinário ao lado da bela Rebeca Romjin-Stamos. O ano não acabaria sem um pequeno flop, Balistic, que no entanto passaria despercebido.
E em 2003, para além de completar a trilogia Spy Kids, num papel muito fora do normal na sua carreira, houve a oportunidade de viver a personagem Pancho Villa num telefilme de sucesso And Starring as Pancho Villa Himself. Mas o grande destaque do ano acabou por ser o seu regresso à personagem El Marachi em Once Upon a Time in Mexico. Mais uma vez um filme de acção cheio de garra por parte de Robert Rodriguez que recolocou Banderas no mapa das grandes personagens de acção. Ele que acabaria por ser revelar uma das maiores estrelas de um grande exito de 2004, Shrek 2. A sua personagem, o Gato das Botas, trouxe outra vida ao filme e a sua voz marcadamente latina conquistou os espectadores de todas as idades.
Neste momento Banderas está a gravar o esperado The Legend of Zorro, a continuação do seu grande sucesso de 1998. Para além disso há sempre a Broadway, onde o actor gosta de actuar com regularidade, e a sua paixão pela realização. Banderas é hoje um actor extremamente popular e com grande talento. Aos 44 anos está no pique da sua forma e não nos admirariamos se nos próximos anos ele volte a dar um salto qualitativo imenso, fazendo desta uma biografia quase obsoleta.
sábado, 5 de novembro de 2022
Sean Connery
É um mito e ninguém o pode negar. É um grande actor mas já passou para a posteridade como um dos homens mais sexy e charmosos de todos os tempos. Consegue com o seu carisma iluminar uma caverna tenebrosa. Faz o mesmo com os filmes em que entra. Deus pode não ter criado todos os homens à sua imagem e semelhança. Mas se há alguém assim, ele é sem dúvida nenhuma, Sir Sean Connery.
O seu sotaque não engana ninguém. Hoje ele é o maior mito da Escócia. Um embaixador do Império Britânico. Um exemplo a seguir por todos. Celebrizou-se como James Bond mas há muito que conseguiu criar uma identidade afastada da mitica personagem que encarnou pela primeia vez em 1962. Hoje ele é um dos maiores nomes da industria cinematográfica. E um dos actores com mais adeptos em todo o mundo. Incluindo aqui.
Nascido a 25 de Agosto de 1930 em Edinburgh, ele personifica o verdadeiro operário de classe média baixa que encontra sucesso no cinema. A sua infância foi passada entre as ruas da capital escocesa e alguns trabalhos casuais. Depois de ter perdido a virgindade com 11 anos para uma prostituta - um mito que se tornaria cada vez maior com o passar dos anos - aos 16 foi para a Marinha britânica. Quando saiu aceitou posar nu para estudantes de arte para ganhar a vida, e aos 18 anos começou a preparar o fisico para atacar o titulo de Mister Universo. Conseguiu-o em 1950. Depois passou para o cinema de forma gradual. A estreia chegaria apenas em 1954 no filme Lilac on the Spring. Durante os oito anos seguintes faria 20 filmes, dos quais MacBeth, Tarzan e Another Time, Another Place são os mais marcantes. Mas foi ao vê-lo em Darby O´Geel and the Litlee People que o produtor Joseph Brocolli se convenceu que ele era o homem certo para viver Bond, James Bond no seu primeiro filme. Ian Fleming, que tinha escrito o papel a pensar em Cary Grant, queria David Niven. Connery ficou com o papel e Dr. No foi um exito retumbante dando inicio a uma serie que já vai em 21 filmes, dos quais ele protagonizou seis dos mais emblemáticos episódios.
Em 1963 voltou a ser Bond em From Russia With Love e no ano seguinte trabalhou ao lado de Sir Alfred Hitchcock em Marnie. Voltaria nesse mesmo ano a viver 007 no seu mais emblemático filme Goldfinger. Em 1965 faria o seu 4º Bond, Thunderball. Em 1967 faria You Only Live Once, outro filme do agente secreto. Mas por essa altura, ele que estava associado eternamente à personagem, decidiu abandonar o projecto. Foi preciso uma fortuna, e o fracasso que foi o filme com George Lazenby, para o persuadir a voltar em 1971 ao papel. Com 41 anos viveu Bond oficialmente pela última vez em Diamonds Are Forever.
Entretanto Connery procurava criar uma carreira afastada da personagem que o celebrizava. Depois de Marnie fez A Fine Madness, Shalako, Zardoz, Murder on the Orient Express e The Man Who Would be King, mas os filmes não tinham exito a qualquer nivel. Surpreendentemente voltou a viver Bond, de forma não oficial, em Never Say Never Again. Estavamos em 1983 e Connery tinha já 53 anos. Mas convenceu e deixou saudades. A década de 80 viria a revelar-se o oposto dos anos 70. Já maduro e experimentado, conheceu os seus maiores sucessos nos anos seguintes. The Name of the Rose valeu-lhe a primeira nomeação ao óscar, num desempenho marcante, um dos melhores de toda a década. Óscar que chegaria no ano seguinte, mas de secundário, pelo seu retrato de policia honesto em The Untouchables. A consagração de um actor que já então era acarinhado por tudo e todos. Higlhander, Family Business, The Hunting of the Red October, The Russia House e o terceiro episódio de Indiana Jones confirmaram-se como um dos nomes mais celebres do mundo do cinema. A sua imagem de marca era uma longa barba branca e uma careca sedutora - Connery perdera todo o cabelo aos 21 e tivera de usar peruca ao viver Bond - acompanhadas de uma das vozes mais emblemáticas da história do cinema.
Começou a trocar os papeis de protagonista por papeis secundários de grande interesse, desde A Good Man in Africa a First Knight, passando por Robin Hood: Prince of Thieves, The Rock e The Avengers. Deu a voz a um dragão em Dragonheart e ensinou Catherina Zeta-Jones a roubar com classe em Entrapment. Foi ainda o professor de Rob Wallace em Finding Forrester e no ano passado entrou no falhado projecto The League of the Extraordinary Gentleman.
Recusou o papel de Gandalf na trilogia de Lord of the Rings or não querer filmar 18 meses na Nova Zelandia e doou muitos dos seus salários a instituições de caridade. É o maior patrono da Escócia apesar de em 1999 ter sido armado cavaleiro do Império. E acima de tudo é um dos maiores mitos vivos do cinema. Um daqueles mitos que ninguém conseguirá apagar.
terça-feira, 1 de novembro de 2022
Sophie Marceau
Uma das grandes actrizes dos últimos anos, ela é um dos porta-estandarte da mais talentosa e bela geração de estrelas do cinema francês. Uma carreira já bastante longa mas que promete continuar por muitos anos ainda...
Sophie Marceau faz filmes há vinte e cinco anos mas poucos são os que o sabem. A verdade é que a 17 de Novembro de 1966, quando nasceu, poucos pensariam num futuro como estrela da sétima arte para a jovem Sophie Maupu, que mais tarde mudaria o último nome para Marceau.
De origem humilde, foi aos 14 anos que a jovem deu os primeiros passos no cinema. Foi escolhida no casting para La Boum, filme de Claude Pinoteau sobre jovens adolescentes e as suas relações. O filme foi um dos maiores sucessos do ano e dois anos depois ela voltava ao seu papel inicial na sequela, algo pouco comum em França à época.
Durante a década de 80, e logo após ter sido eleita a actriz revelação do ano em Cannes com La Boum II, Marceau tornou-se numa das mais populares e bem pagas actrizes francesas, juntando-se a outra estrela da sua geração, Emmanuelle Beart.
Ao longo da década fez papeis extremamente populares e apreciados pela critica como L´Amour Braque ou Chouans!.
O inicio dos anos 90 foi feito com o pé direito em papeis muito bem conseguidos como La Note Bleue, Fanfan e La Fille de D´Artagnan.
O grande salto na sua carreira seria dado em 1995 quando entrou ao lado de Mel Gibson no filme Bravearth. Dirigido pelo australiano, o filme foi um sucesso retumbante arrecando vários óscares e dando uma maior projecção à actriz fora de França. No entanto Hollywood nunca foi muito o seu palco de eleição. Em 1997, Marceau voltaria a estar em destaque em Anna Karenina, filme adaptado da obra imortal de Tolstoi. Mais uma vez o pública e a critica renderam-se ao seu trabalho, tal como aconteceria anos mais tarde com A Midsummer Night's Dream.
Seria no entanto a sua presença como vilã em The World is Not Enough, mais uma aventura de James Bond, que voltaria a traze-la para as bocas do mundo. Uma mudança na sua carreira, até então pautada por trabalhos mais independentes e dramáticos.
Desde aí que a sua carreira tem conhecido alguns desenvolvimentos interessantes. Fez La Fidelité para o seu marido de então, o realizador Andrzej Zulawski, filme onde se despiu de todos os preconceitos apenas por ser um trabalho com o marido. Seguiram-se desempemhos em Alex and Emma e Belphégor - Le fantôme du Louvre. Nos últimos três anos o nascimento do seu segundo filho tem levado a que faça filmes com menos regularidade. Mesmo assim anualmente há um trabalho de Marceau nas salas de cinema. Este ano foi Anthony Zimmer.