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terça-feira, 25 de outubro de 2022

Richard Burton


Partilha com Peter O´Toole o trono de uma geração, mas a verdade é que a sua fleuma galesa, a sua voz inconfundivel e o seu leque de performances fazem dele o porta-estandarte desse magnifico grupo de actores que incluia ainda Michael Caine ou Albert Finney.
Burton começa a sua carreira em 1949 e a sua ascensão será praticamente imediata. Em 1952 é soberbo no final My Cousin Rachel. É nomeado para melhor actor secundário. Tal como O´Toole serão sete as nomeações sem qualquer vitória. No ano seguinte a nova estrela britânica chega á categoria principal pelo seu desempenho no aclamado The Robe. Continuando na época clássica, é um convincente Alexandre em Alexander the Great de Robert Rossen em 1956. No ano seguinte está numa das obras-primas de Nic Ray, Bitter Victory, onde é de uma intensidade dramática absolutamente notável. Chefia a geração dos young angry rebels em Look Back in Anger e depois de fazer Shakespeare e de ajudar a invadir a Normandia no épico The Longest Day, é escolhido para ser Marco António naquele que seria o mais ambicioso projecto de sempre. O seu desempenho é de altissimo nivel mas Cleopatra será um fracasso. Nem a relação amorosa que Burton começa com Elizabeth Taylor nas rodagens do filme, e que se tornará numa das relações mais conturbadas e famosas da história, salva o filme. A sua reputação continua imaculada e divide o ecrãn com Peter O´Toole em Becket, partilhando igualmente mais uma nomeação aos óscares. Seguem-se The Night of the Iguana, poderoso drama, e em 1965 o seu mais contido e aplaudido desempenho em The Spy Who Came From the Cold. Ao lado de Elizabeth Taylor brilha como poucos na obra de estreia de Mike Nichols, o inesquecivel Who´s Affraid Virginia Wolf. Mais uma vez o oscar vai para outro e Burton continua a trabalhar com Taylor, desta vez em The Taming of the Shrew. Acaba a década em alta no filme Anne of the Thousand Days e em 1974 divorcia-se de Liz Taylor após uma serie de conflitos matrimoniais. No entanto o casal volta a juntar-se no ano seguinte, para se separar finalmente em 1976. Estes foram os anos menos proliferos para Burton, que em 1977 regressa de novo em estilo no filme Equus. Em 1984 entra na adaptação homónima de George Orwell, ao lado de John Hurt, mas a sua saúde, minada pelo alcool e tabaco, não lhe permite voltar a filmar. Morre nesse mesmo ano deixando um imenso vazio que mais nenhum actor soube preencher.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Katharine Hepburn

Chamaram-lhe "veneno de bilheteiras". Durante décadas foi altamente subvalorizada. Mas soube sempre dar a volta por cima conseguindo alguns dos seus mais brilhantes desempenhos quando muitos pensavam que já nem sequer representava. Dos anos 30 à década de 80 não houve actriz tão espantosa como Katharine Hepburn. Quatro óscares provam-no facilmente! Afinal, se algum dia houve uma actriz "monstruosa", foi ela.
Dividiu-se sempre entre o cinema e o teatro. Em cinquenta anos fez cinquenta filmes, conquistou quatro óscares, 12 nomeações, múltiplos prémios e a admiração de todos, uns mais tardiamente que outros. Teve o seu primeiro grande papel em Morning Glory, o seu terceiro filme, pelo qual venceu de imediato o óscar. Little Women, Sylvia Scarlett, Mary of Scotland e Bringing Up Baby confirmaram-na como uma das grandes actrizes dos anos 30. No entanto as suas polémicas relações - Howard Hughes, John Ford, Spencer Tracy - o seu cariz altamente feminista e liberal, não lhe eram favoráveis em Hollywood. Não atraia o público comum e muitos dos seus melhores papeis nos anos 40 e 50 vieram em filmes fracassados nas bilheteiras. Foi o que aconteceu com Woman of the Year ou Adam´s Rib. Em Philadelphia Story supera-se e em The African Queen, ao lado de Bogart, consegue a sua quinta nomeação aos óscares. Os anos cinquenta ficam marcados ainda por três papeis: em Summertime, The Rainmaker e, acima de tudo, Suddenly Last Summer. Confirmando-se definitivamente como a maior actriz do mundo nos anos 60, Hepburn conseguiu um inesperado comeback. Primeiro em Long Day´s Journey Into Night, em 1962, e em 1967 no filme Guess Who´s Coming to Dinner. Quando ninguém pensava, Hepburn vence um segundo óscar. É no entanto em 1968 que consegue a maior performance de toda a sua carreira no filme The Lion in Winter. Vence o óscar em ex-aqueo com Barbra Streisand e afirma-se como a mais bem sucedida actriz de sempre. E quando ninguém o esperava, depois de uns anos 70 mais virados para a televisão, conquista o seu 4º e último óscar no filme On a Golden Pond. Hepburn estará anos sem fazer um filme, aparecendo em Love Affair de Warren Beatty num registo de despedida. Morre com a bela idade de 96 anos em 2003, perdendo o mundo a maior actriz que alguma vez conheceu.

sábado, 15 de outubro de 2022

Viggo Mortensen

Considera-se mais um artista do que um actor. É um nome de culto na cena underground nova-iorquina pelos seus trabalhos manuais. Hoje é tambem venerado um pouco por todo mundo graças ao seu soberbo desempenho na mitica trilogia Lord of the Rings. Mais um caso de um papel que faz um actor?

Existe a possibilidade de ser o novo Mark Hammil. Mas não parece muito preocupado com essa possibilidade. Para ele o cinema apenas mais uma das muitas coisas que gosta de fazer.
Viggo Mortensen nasceu a 20 de Outubro de 1958 no coração de Nova Iorque, em plena Manhattan.
De ascendencia dinamarquesa, Viggo viajou muito quando era jovem, especialmente pelo norte da Europa e a América latina. Começou a estudar representação quando voltou aos Estados Unidos, e depois de ter sido aplaudido em diversas peças de teatro e filmes locais, decidiu tentar a sua sorte em Los Angeles. Começaria aí, em 1984, uma carreira com mais de trinta filmes, muitos deles aplaudidos pela critica.
Foi em Witness, o aclamado filme de Peter Weir, que Viggo se estreou. Nessa altura já era um poeta aclamado e um homem do mundo.


Depois de anos a fazer pequenos papeis, surgiu em destaque no filme The Indian Runner. Seguiram-se outros papeis aclamados pela critica como Ruby Cairo, Carlito´s Way, Crimson Tyde e Portrait of a Lady. Estreou-se em filmes de acção ao lado de Demi Moore em G.I Jane e no mesmo ano fez dois remakes de Hitchock: Psycho e A Perfect Murder.
Foi então que a sua carreira deu uma volta de 180º graus. A principio estava pouco seduzido pelo papel de Aragorn na adaptação de Lord of the Rings para o cinema. O filho persuadiu-o a aceitar e foi assim que o actor embarcou para a Nova Zelandia onde durante tres anos protagonizou um dos maiores herois do univero de JRR Tolkien. O resto já todos sabem. Fama, reconhecimento e um lugar no coração de muitos cinéfilos.
Em 2003 faria Hidalgo, mas os fãs continuaram a ver nele e que sempre irão ver, o Rei de Gondor.


Para além dos seus talentos cinematográficos, Viggo mostrou ter imenso talento em outras áreas. Editou três albuns de jazz, escreveu vários livros de poesia e é também um pintor e fotógrafo consagrado em Nova Iorque. Para muitos ele é muito mais do que um actor. Para o espectador comum ele será sempre Aragorn.



segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Denzel Washington




Tornou-se o primeiro actor negro em quase quarenta anos a vencer um óscar de melhor actor. E é o único negro a ter dois óscares em casa. Uma carreira de grande sucesso para um actor de talento imenso. É um dos simbolos da geração de 85 e hoje é, sem margem para dúvidas, um dos três melhores actores do mundo. Ele é um exemplo a seguir para uma comunidade que continua a procurar o seu lugar no sol de Hollywood...


Como o próprio disse na "sua" noite, em Março de 2001, tinha vivido toda a vida atrás do fantasma de Sidney Poitier, o maior simbolo para a comunidade negra norte-americana. Mas hoje ninguém tem duvidas que é ele, Denzel Washington, vencedor de dois óscares (o primeiro por Glory e o segundo por Training Day), o porta-estandarte de toda uma raça.

Denzel nasceu a 28 de Dezembro de 1954 em Mont Vernon no estado de Nova Iorque. Era o filho do meio de uma familia de profundas crenças religiosas. A mãe era esteticista e o pai um pastor da Igreja de Pentecostes, o que influenciou muito a formação moral do jovem. Depois de ter completado o liceu, decidiu inscrever-se no curso de jornalismo na Fordham University. Só que foi aí que o "bichinho" da representação tomou conta dele. Partiu para a Califórnia e inscreveu-se no American Conservatory Theater onde só ficou um ano. Depois de ter tido as primeiras lições, achou que seria a experiencia do dia a dia que seria fundamental na sua aprendizagem. E foi então que começou a procurar trabalho como actor, tarefa nunca fácil para um jovem negro num país onde a igualdade entre as raças ainda está mais no papel do que na prática. Em 1977 conseguiu o seu primeiro papel na televisão. 


A primeira metade dos anos 80 foram passados na televisão. Em 1982 entrou na popular serie St. Elsewhere e só em 1987 conseguiria o seu primeiro papel de destaque no cinema. O filme era Cry Freedom, e ao viver o mitico Steve Biko, o jovem Denzel mostrou logo ter potencial para grandes voos. Algo que dois anos depois foi facilmente provado em Glory. Ao interpretar um rebelde soldado negro na dificil Guerra Civil norte-americana, Denzel dominou por completo o filme. Acabou galardoado com o óscar de melhor actor secundário. Era a primeira vez em 25 anos que um actor negro era premiado pela Academia e muitos viam nisso um sinal positivo para o futuro de Washington. Afinal ele era já um eleito.
No entanto o inicio dos anos 90 não se revelaram tão proliferos como se esperava. Denzel participou em produções menores e só em 1992 voltou a dar o verdadeiro ar da sua graça no filme de Spike Lee, Malcom X. Mais uma vez Denzel Washington foi fantástico a viver o revolucionário muçulmano dos anos 60 e não surpeendeu ninguem que colecionasse, aos 39 anos, a sua segunda nomeação ao óscar.


1993 acabaria por se revelar um excelente ano para o actor. Entrou na adaptação de Kenneth Branagh da obra de William Shakespeare, Much Ado About Nothing, e ao lado de Julia Roberts brilhou em The Pelican Brief. No entanto a sua melhor performance foi no sucesso do ano Philadelphia, onde actuou com grande frieza como advogado de Tom Hanks. Hanks, que ganharia o primeiro óscar neste filme, diria mais tarde que nas rodagens de Philadelphia tinha aprendido mais cinema do que nos anos que tinha de carreira, isto a ver Denzel representar.
No entanto até 1996, ano de Courage under Fire, custou a Denzel voltar aos seus grandes momentos. Mesmo tendo entrado em Crimson Tide, filme de Tony Scott onde contracenava com Gene Hackman.
De facto os anos 90 acabaram por ser de sensações mistas para o actor. A sucessos como Philadelphia e Malcom X contrapunham-se falhanços em toda a linha. E seria assim até ao final dos anos 90, altura em que o actor voltou aos papeis de qualidade. Em 1999, o filme Bone Colector abria as portas para um periodo verdadeiramente dourado na sua carreira.


Nesse mesmo ano, e depois do sucesso de The Bone Colector, chegou a sua terceira nomeação ao óscar por The Hurricane. O filme onde Washington encarnava a personagem veridica de Rubin Carter viveu das explosões de garra de Denzel que acabaria por perder o óscar para Kevin Spacey, quando muitos pensavam que seria o ano da sua consagração. Não foi mas revelou-se uma importante data para o actor marcar o seu regresso. Em 2000 mais um grande desempenho em Remember the Titans, um dos filmes mais interessantes do ano. Mas a glória chegava em 2000 no mitico Training Day. Muitos pensavam que Russel Crowe iria repetir o triunfo do ano transacto mas ninguém conseguiu resistir à notável performance como capitão Alonzo Harris no filme de Antoine Fuqua. Provavelmente uma das melhores representações de sempre de um actor, a vitória na cerimónia da Academia não surpreendeu ninguem. E Denzel tornava-se no primeiro actor negro a vencer dois óscares, numa noite onde, curiosamente, Sidney Poitier também era homenageado.


A partir desta data memorável a carreira de Denzel Washington arrancou para a consagração total. John Q e Antwone Fisher - este realizado por si - foram dois sucessos de bilheteira e reforçaram ainda a imagem de sucesso que o actor transparecia. Já este ano, Denzel Washington brilhou em tres filmes distintos. Primeiro no filme extremamente "cool" que foi Out of Time. Mais tarde seria um carrasco implacável em Man on Fire e por fim revivaria o papel original de Frank Sinatra em The Manchurian Candidate, mas com muito mais intensidade dramática note-se.


Denzel Washington é, a par de Tom Hanks e Sean Penn um dos três melhores actores do momento. A sua garra, as suas explosões num overacting soberbo e a sua imensa sensualidade marcam todas as suas performances. É o "pai" de toda uma nova geração de talentosos actores negros como Will Smith e Jamie Foxx e poucos acreditam que não volte a ser premiado. É que, como a sua carreira vai, é um sentimento geral de que o melhor de Denzel Washington poderá estar para vir. Não que existam Training Day´s todos os anos, mas porque ele é de facto uma força da natureza.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Nicholas Cage


Poucos o sabem, mas Nicholas Cage é um Copolla. Uma das mais importantes familia da história do cinema nos últimos trinta anos, a verdade é que os Copolla sempre foram para Nicholas um fardo demasiado grande de carregar. Daí um novo sobrenome, uma nova identidade. Só os traços de talento permaneceram.

Californiano de gema, Nicholas Kim Copolla nasceu a 7 de Janeiro de 1964. Filho de um professor de literatura e uma dançarina, foi a herança do nome do tio Francis que lhe viria a moldar a sua paixão pelo cinema. Ao ver os filmes do tio, o jovem Nicholas sentia uma vontade imensa em saltar para o ecran. Com 17 anos abandonou a escola em Beverly Hills e começou a procurar papeis em filmes, sem se preocupar com uma formação na área da representação. Fast Times at Ridgmon High foi o seu primeiro filme, em 1982. Na altura Nicholas era Copolla e não Cage. Tinha 17 anos e queria ser uma estrela.
Foi ao lado do tio, no aclamado Rumble Fish, que começaria a destacar-se. Nesse mesmo ano, 1983, entraria ainda em Valley Girl e afirmava-se como um dos actores promessa do inicio da década. Racing With the the Moon, Cotton Club e Birdy foram três sucessos de 1984. Por essa altura o peso do nome Copolla começava a pesar nas criticas. Por isso, inspirado em Luke Cage, heroi negro de banda desenhada, mudou o nome para Nicholas Cage.


Por essa altura era já um dos nomes mais influentes da jovem representaão norte-americana. Seguir-se-iam sucessos como Pegy Sue Got Married, Raising Arizona, Moonstruck e Never on a Tuesday.
Wild at Heart marcava a sua estreia em grande nos anos 90. Curiosamente o inicio da década não seria tão bem sucedido como o final da anterior, exceptuando Honeymoon in Vegas e It Could Happen to You. Literalmente contra a corrente, chegou o óscar em 1995 pelo seu desempenho em Leaving Las Vegas. Uma vitória surpresa, de facto, e que marcou a viragem na sua carreira.
A partir de 1996 começou a dedicar-se ao cinema de acção, primeiro em The Rock, depois em Con Air e por fim em Face Off, uma trilogia que o tornaram num dos grandes nomes do genero.



City of Angels mostrou um Cage mais melancólico, enquanto que Snake Eyes e Gone in Sixty Seconds recuperavam a aura de action-man. Por essa altura os primos Sofia Copolla e Jason Schwarzman estavam em alta. Já não era o único Copolla em destaque. Foi também por esta altura que conseguiu um dos seus melhores desempenhos em The Family Men, ao que se seguiu o onírico Captains Corelli Mandolin. Uma nova nomeação aos óscares chegaria com Adaptation, mas os filmes de acção dominaram estes últimos anos da carreira de Cage, quer em Matchstick Men, quer em National Treasure.
Para o ano estão já previstas três estreias apeteceveis. Primeiro The Weather Man, e depois Ghost Warrior e Lord of War.


sábado, 1 de outubro de 2022

Milla Jovovich

É uma das mulheres mais belas do mundo, disso ninguém parece ter dúvidas. Talvez a representante perfeita da beleza do leste da Europa. Com uma carreira dividida entre os dois lados do Atlântico, poucos são aqueles que lhe conseguem ficar indiferentes...

Milla Jovovich é única. Nasceu em Kiev, capital da Ucrânia quando esta ainda era parte da União Soviética, a 17 de Dezembro de 1975. Com uma beleza muito precoce, foi aos 9 anos que começou a sua carreira como modelo. Estavamos em 1984. Com doze anos estreou-se no cinema. Já vivia fora da União Soviética e o filme tinha contornos eróticos, antecipando a sua estreia como actriz principal.
O que viria a acontecer em 1991. A URSS tinha acabado e Milla vivia agora em França. Foi escolhida à primeira para suceder a Brooke Shields no papel principal de uma jovem abandonada com o irmão numa lagoa deserta. A sua beleza ainda de adolescente era contagiante e por iso The Return to the Blue Lagoon foi um sucesso. Os seus belos olhos e cabelos tornaram-na imediatamente numa lolita europeia. Tinha apenas 16 anos.


Depois deste seu primeiro sucesso, Milla Jovovich dedicou-se à sua carreira como modelo em França. Tornou-se assim numa das caras - e corpos - mais requisitados do momento, deixando pouco espaço para uma carreira cinematográfica levada ao seu expoente máximo. Talvez isso seja justificativo de seis anos ausente de grandes papeis, se deixar-mos de lado pontuais aparições em filmes como Chaplin ou Dazzed and Confused.
Seria em 1996, já com 21 anos de idade, que Milla voltaria a encantar tudo e todos. O filme era o hilariante 5th Element, onde um elenco de luxo com Bruce Willis à cabeça, davam as voltas para salvar o planeta Terra da destruição total. O seu divertido e sensual papel valeram-lhe múltiplos aplausos. E o filme serviria também para começar uma relação, que acabaria em casamento, com o realizador francês Luc Besson.


Uma parceira que seria retomada em 1999. Pelo meio tinha ficado He Got Game e a capa de centenas de revistas que continuavam a insistir na ideia de que Milla Jovovich era das mais belas mulheres do mundo. Talvez por isso Besson a tenha visto como a Jeanne D´Arc perfeita. O filme The Messanger : The Story of Jeanne D´Arc não foi o sucesso pretendido, talvez por ter revolucionado a vida da heroina francesa, mas a sua encarnação da guerreira foi absolutamente notável. Para além de bela, Milla provava ser talentosa. Seguir-se-iam pequenos papeis em filmes como The Million Dollar Hotel, a experiência cinematográfica de Bono e Win Wenders, The Claim e Dummy.


Mas se hoje Milla Jovovich tornou-se extremamente popular junto de um público mais novo, isso deve-se essencialmente ao seu trabalho em Resident Evil, filme de acção inspirado num dos mais populares videojogos dos anos 90. Em ambos os filmes - o primeiro de 2002, o segundo de 2004 - Milla faz as cenas de duplos e encanta com todo o seu charme e estilo. Com tudo isto ficou pouco espaço para desenvolver um estilo de representação mais dramático, algo que não parece que vá acontecer nos próximos tempos tende em conta que a actriz pretende seguir com esta sua vertente mais de action-woman durante alguns anos. Resta saber se algum dia a verdadeira actriz que está dentro de Milla Jovovich, realmente verá a luz do dia.

domingo, 25 de setembro de 2022

Jack Nicholson


Quando se fala de sucesso. Quando se fala de talento. Quando se fala de sorrisos. Quando se fala da arte de representar há sempre um nome que nos vem imediatamente à cabeça. Sim, é ele mesmo, provavelmente o único actor a poder dizer com confiança que ninguém faz o que ele faz melhor porque ele já o faz de forma perfeita...

Começou nos filmes de terror, passou pelo drama, pela acção e pela comédia. Hoje é simplesmente ele próprio, de dois em dois anos, e sempre que estreia um novo filme todos se apressam a antever "a grande performance do ano". Ele é simplesmente Jack Nicholson.

Nasceu a 22 de Abril de 1937 em Neptune, no estado de New Jersey, com o nome de John Joseph Nicholson. A história lembra-lo-á sempre no entanto como Jack Nicholson.
O pai abandonou-o quando ainda era pequeno, acabando o pequeno Jack por ter de crescer apenas acompanhado pela mãe, que julgava que era a irmã mais velha, e a avó, a quem tratava como mãe. Facto que só descobriu anos mais tarde, quando a revista Time fez uma pesquisa sobre a sua vida. Uma estória que já de si mostra a particularidade de ser ser "Jack Nicholson". Outra estória que se tornou celebre foi a sua alcunha "Mulholand Man", alcunha que conquistou por partilhar a "Bad Boy Avenue" juntamente com Marlon Brando e Warren Beatty, dois dos seus maiores amigos.
Depois de um infancia algo conturbada, foi estudar para a Manasquan High School, onde foi considerado "o palhaço da turma", titulo que conquistou ao amigo de infancia Danny de Vitto.
Aos vinte e um anos estreou-se no cinema e nunca mais faria nada na vida. Era o inicio de uma carreira sem igual.


O seu primeiro papel seria em The Cry Baby Killer, um drama em tons de horror movie. Depois da sua estreia, Nicholson começou um carreira em pequenos filmes sem grande destaque mas que, aos poucos, lhe permitiram acumular experiência e um nome em Hollywood. Desde The Little Shop of Horrors a The Raven, passando por Hells Angels on Wheels, era facil encontrar Nicholson neste genero de papeis de jovem rebelde briguento ou assassino. Mas conseguiri ele fazer outra coisa?
Em 1969 Dennis Hopper começou por escandalizar Hollywood com o seu filme Easy Rider. O escandalo era maior porque no filme estava Peter Fonda, o filho do mitico Henry Fonda, num papel pouco recomendável. Só que quem também lá estava, e em grande estilo, era mesmo Jack Nicholson. E muitas pessoas só se lembram mesmo dele neste filme tal foi o impacto do seu pequeno, mas bem aproveitado papel. Nicholson fechava assim a década na boca de todos, com uma nomeação ao óscar de melhor actor secundário, a mesma forma como abriria os anos 70 ao mostrar um notável desempenho no filme Five Easy Pieces que lhe valeria desta feita a sua primeira nomeação ao óscar de melhor actor.


O seu primeiro grande desempenho na década de 70 iria contudo em 1974 Depois de ter sido rejeitado por Copolla, para o papel de Michael Corleone, o jovem Nicholson entrou em Chinatown, notável filme de Roman Polanski onde viveu um Bogart-look alike de nome Jake Gitts. O filme foi um sucesso e Nicholson conseguiu a sua terceira nomeação ao óscar. Ele que é hoje o actor com mais nomeações conquistadas pela Academia, um total de 12.
Seguir-se-iam no ano seguinte Operation : Reporter e One Flew Over the Cuckoo´s Nest. O filme seria o mais espantoso em todo o ano, especialmente porque contou com um Nicholson "gigantesco". Segunda nomeação e primeiro óscar como Melhor Actor, num ano em que o filme também foi coroado com outras estatuetas douradas.
The Missouri Breaks não foi o sucesso que se esperava mas foi uma oportunidade dourada de Nicholson trabalhar com o amigo Marlon Brando, do qual era vizinho na mitica Mulholand Drive. Nesse mesmo ano faria The Last Tycoon mas a nota dominante é a de que a sua carreira ia esmorecendo no final da década de 70. Tendência que um papel notável mudaria rapidamente.


The Shinning é provavelmente um dos filmes de terror mais intensos dos últimos vinte cinco anos. E Nicholson, que tinha tido neste genero uma importante escola, o homem para o papel. A realização de Stanley Kubrick é inteligentissima mas são cenas como "Here´s Johnny" que pautaram o sucesso do filme em 1980. E com este sucesso também Nicholson estava outra vez em alta.
Começou a apostar em pequenos papeis secundários e conseguiu o que queria. Primeiro em Reds, filme do amigo Warren Beatty, recebeu a sua segunda nomeação como actor secundário, e dois anos depois, em 1983, conseguiria esse mesmo óscar pelo seu notável desempenho em Tearms of Endearment, onde viveu um ex-astronauta. A década estava a começar bem de novo mas desta vez iria ser boa até ao final. Com Prizzis Honor em 1985 vinha a primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor em dez anos de carreira enquanto que os seus desempenhos em The Witches of Eastwick e Broadcast News continuaram a mostrar que estava em alta. Em Ironwed conquistou nova nomeação ao óscar de Melhor Actor secundário e em 1989 faria aquele que ele próprio considera como o seu desempenho mais pop, o de Joker em Batman.


Cons uns anos 80 de luxo, a década de 90 poderia ressentir-se. Afinal Jack tinha já mais de 50 anos e os bons papeis não surgem todos os dias.
A Few Good Men provou a todos que um Jack 55 anos era ainda um grande Jack. Os últimos 15 minutos do filme são todos dele e não surpreendeu ninguém que chegasse a 10º nomeação no final do ano. Só que Hoffa e Wolf acabaram por não ser os sucessos esperados por todos e durante alguns anos muitos pensaram que Nicholson não voltaria a ser o que era. Aliás a sua performance em Mars Attack não deixava nada de bom na memória dos fãs.
Só que a história é feita destas coisas. Calharia que seria aos 60 anos de idade que Jack Nicholson viveria o seu maior papel até hoje. Melvin Udall, o paranoico escritor de As Good As it Gets. O filme vive com base no ritmo que Nicholson impõe e o óscar era algo natural. Seria o seu 3º, um novo recorde para actores (fica a um do recorde de Khatarine Hepburn) e a prova viva de que este era um nome a marcar a letras de ouro na história do cinema.


Só que apesar do sucesso, Nicholson não parou. Quatro anos depois seria a estrela de The Pledge, o primeiro filme realizado por Sean Penn. O filme é dos mais fracos do ano mas Nicholson é igual a si próprio como aconteceu no ano seguinte no filme do jovem indie Alexander Payne. Em About Schmidt, é um Nicholson assumidamente veterano que mesmo assim faz o que quer de cada cena em que entra. O resultado seria a natural 12º nomeação ao óscar, se bem que já ninguém contava que ele fosse galardoado mais alguma vez. O ano de 2003 acabou por ser dos mais proliferos dos últimos anos graças a dois notáveis desempenhos. Primeiro como psiquiatra e mestre de Adam Sandler em Anger Management e depois como o veterano amante de Diane Keaton em Something´s Gotta Give, com uma das melhores performances do ano.


Nicholson é hoje o actor mais galardoado em actividade. Já recebeu mais nomeações para vários prémios, incluindo óscares, globos, baftas, do que muitos dos actores em actividade e o seu recorde de 3 óscares (2 como principal e 1 como secundario) permance intocável. Eterno fã dos LA Lakers (a gravação dos filmes são sempre planeados de acordo o calendário dos Lakers) e mulherengo eterno, Jack Nicholson é hoje do melhor que o cinema tem para oferecer. Talvez se um dia enviarem uma capsula para o espaço com uma colectanea dos seus melhores momentos, pode ser que aquilo que eles nos faz sentir aqui, seja sentido por tudo o que habitar esse universo sem fim.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Marlon Brando

Foi o icone de gerações. Depois de surgir de camisola justa rasgada, suado, gritando "Stellaaa!!!" em A Streetcar Named Desire, o cinema nunca mais seria o mesmo. Criou uma escola, mais tarde imitada por todos. Misturou a carnalidade masculina com a sensibilidade humana como nunca tinha sido feito. Foi o primeiro actor a explorar o próprio corpo, criando uma imagem icónica que o acompanharia, e que eventualmente, acabaria por transcende-lo.
E no entanto não fez muitos filmes ao longo de uma carreira que durou mais de quarenta anos. Mas quando entrava em cena, transcendia-se sempre de uma forma inimitável.
Formado nas escolas do Actor´s Studio, exemplo perfeito da aplicação do "Método", essa cartilha da arte de representar, a sua estreia em A Streetcar Named Desire, foi das mais furiosas e intensas da história. A sua performance ultrapassou limites e barreiras, exibindo-se a um nivel nunca visto num rookie de 27 anos. Naturalmente foi nomeado ao oscar, acabando por perder injustamente para o veterano Bogart.
Os anos 50 foram os da ascensão, confirmação e glorificação de Brando. Em 1952 era único como Emiliano Zapata em Viva Zapata! e no ano seguinte dá um dos melhores discursos da história, superando mesmos os mais shakesperianos dos actores, em Julius Caeser. E antes de Dean foi o perfeito "Rebel without a Cause" em The Wild One.
Naturalmente em 1954 surge a consagração em On the Waterfront, filme onde todo o espirito do Actor´s Studio se resume na perfeição. No ano seguinte está ao lado de Jean Simmons em Guys and Dolls! e Sayonarra e The Young Lions definem-no como um actor único. Era já declaradamente um dos maiores actores do mundo, rivalizando com os clássicos Stewart, Bogart, Cooper, e liderando uma vaga ascendente que tinha Newman, Clift - e durante um ano - Dean, na sua peugada.
Os anos 60 começam com o falhanço do remake de The Mutiny on the Bounty, filme que apresenta o Pacifico a Brando. É lá que conhece a mulher e onde viverá durante largos anos numa ilha que adquire a peso de ouro. Depois de uns anos de apagamento surge no seu melhor em 1966 no filme The Chase. Mas a aura que o acompanha vai-se lentamente desvanecendo. Problemas com as produtoras, o falhanço do seu primeiro filme como realizador, One-Eyed Jacks, o seu activismo pró-indios e o facto da critica e do público o acusarem de não estar a viver de acordo com o mito que o próprio tinha criado fez com que Brando fosse afastado de Hollywood. Muitos acusaram-no de estar a destruir a sua própria carreira.
Mas então surge Francis Ford Copolla, apaixonado por Brando desde sempre, que vê nele o candidato perfeito para viver Vitto Corleone em The Godfather. Os produtores rejeitam e Copolla faz com que Brando vá ao casting completamente transformado. O actor engorda, enche as bochechas com algodão, cria maneirismos totalmente novos e espanta os produtores que após o casting querem saber quem é aquele actor que é tão perfeito para o papel: "é Brando", diz-lhes Copolla. O acordo fica fechado. O resto - The Godfather, o óscar rejeitado, o papel de uma vida - é história.
No ano seguinte despe-se de todos os pudores para Bertolucci no aclamado The Last Tango in Paris, e em 1979 regressa sorumbático para um papel inesquecivel em Apocalypse Now, também de Copolla. E depois o "Monstro" retira-se para a sua ilha. Vive problemas familiares com a prisão do filho e acaba por voltar apenas duas vezes mais. A primeira, que lhe vale a oitava e última nomeação ao óscar, em A Dry White Season. A segunda para fazer D. Juan de Marco com Johnny Depp, que elogia, declarando que é mais parecido consigo do que Clift ou Dean alguma vez foram, e para quem faz The Brave, o filme de estreia na realização do jovem actor. Quando morreu, em 2004, o mundo ficou definitivamente um lugar mais pobre.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Ingrid Bergman

Quando chegou a Hollywood, rotulada de futura estrela, a verdadeira estrela sueca do momento, Greta Garbo, dizia adeus ao cinema. Rainha morta, rainha posta! Na altura era dificil de prever, mas Ingrid Bergman superou a Garbo, e ainda hoje é a maior actriz sueca da história, apesar da "rivalidade" com as mulheres de Bergman e com a diva da década de 30.
Depois de uma passagem pelo teatro sueco e pela ascendente industria erótica daquele país nórdico, Bergman deu nas vistas no filme Intermezzo em 1936. David Selznick comprou os direitos do filme e fez uma versão para Hollywood, insistindo em Bergman para o papel que fizera dela uma estrela na Suécia. Depois do enorme sucesso da versão americana de Intermezzo, Bergman volta a casa para fazer mais três filmes, mas em 1942 está em Hollywood. Acreditava-se que para sempre, mas o destino iria pregar-lhe uma partida.
No ano seguinte protagoniza algumas das mais icónicas cenas da história do cinema com Bogart em Casablanca. O filme torna-se num dos maiores sucessos de sempre, confirmando o estatuto de estrela da bela sueca. No ano seguinte é pela primeira vez nomeada aos óscares, por For Whom the Bell Tolls, onde divide o ecrãn com Gary Cooper. Em 1944 a sua consagração é consumada em Gaslight, filme que lhe vale os prémios da critica e da Academia. No ano seguinte tornava-s numa das "Loiras" de Hitchcock em Spellbound . Volta a trabalhar com o realizador em Notorious e Under Capricorn, mas são os seus papeis em The Bells of St. Mary´s e Joan of Arc que lhe valem mais duas nomeações aos óscares.
Em 1949 viaja até Itália para filmar Stromboli com o realizador Roberto Rossellini. Acabam por se apaixonar, e Bergman, que era casada e tinha uma filha, deixa a familia para ir viver com o realizador italiano, de quem terá duas filhas, a mais conhecida, a também actriz Isabella Rossellini. Banida pelos americanos, que com a sua moral se sentiram de alguma forma traidos, Bergman fica seis anos fora da América. Aproveita para entrar nalguns dos melhores filmes de Rossellini, Europa 51, Viaggio in Italia e La Paura, e trabalha com Renoir em Heléne et les Hommes.
O seu regresso a Hollywood não poderia ser mais triunfal. Em 1956 vence o seu segundo óscar por Anastasia e faz as pazes com o seu país adoptivo. A partir daí a sua carreira abranda claramente, mas há ainda papeis merecedores de atenção. Em 1974 conquista o seu terceiro óscar, como secundária desta feita, por Murder on the Orient Express, tornando-se na segunda actriz com mais triunfos, logo atrás de Hepburn. O cancro acabará por ser a sua perdição. Bergman morre em 1982 deixando o mundo do cinema sem uma das suas maiores estrelas.

sábado, 10 de setembro de 2022

Charles Chaplin


A maior estrela do cinema mudo sem qualquer discussão. Chaplin foi um visionário. Soube aprender os truques do oficio com a estrela Max Linder mas utilizou-os de forma a atingir todos os públicos. A sua mais famosa criação, Charlot, ainda hoje é um icone inesquecivel. 

O orfão britânico chegou a Hollywood em 1914. Meia dúzia de anos depois já era uma estrela. Ajuda a fundar o estúdio United Artits e populariza a comédia em Hollywood, tendo como rival directo o popular Buster Keaton. A sua vida intima torna-o num dos maiores colunáveis da época. Casa-se várias vezes, uma das quais com uma menor com 14 anos o que provoca imensa polémica. 

A sua passagem para detrás das camaras não tem o sucesso previsto e apesar da popularidade de Charlot, a verdade é que Chaplin se torna persona non grata em Hollywood. Com a chegada do sonoro não abandona a mudez da sua personagem e retira-se de Hollywood. Parte para a Europa depois de fazer de rajada quatro obras-primas. The Gold Rush, The Circus, City Lights e Modern Times. É em 1940 que se ouve pela primeira vez Chaplin em The Great Dictator. 

O filme é nomeado para os óscares mas há muito que o actor está em ruptura com a Academia depois desta lhe ter entregue um óscar honorário após retirar de competição as suas múltiplas nomeações por The Circus, que era o mais forte candidato a vencer a primeira edição dos óscares. Em 1847 volta a ser nomeado como argumentista por Monsieur Verdoux, aquele que é talvez o seu mais espantoso desempenho e é em 1952 que no filme Limelight Chaplin atinge a sua total maturidade como artista. 

O filme é espantoso, como seriam os dois últimos, A King in New York e The Contess of Hong Kong, ambos dirigidos por ele. Em 1971 Chaplin suspense o seu exilio voluntário na Suiça para receber um óscar honorário. No ano seguinte vence um óscar pela melhor banda sonora de...Limelight, um filme com vinte anos. A morte encontra-o em 1977, levando assim um dos maiores mitos da história da 7º Arte.