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domingo, 25 de dezembro de 2022

Peter O'Toole


No meio do inesquecivel deserto da Arábia, os seus olhos azuis eram um irradiar de energia como há muito o cinema não vi. Tomara a todos os actores poderem dizer que se estrearam como Peter O´Toole, que consegue o seu melhor papel de sempre naquele que foi também o seu primeiro filme.
Irlandes de temperamento agitado, tinha tido umas breves participações em três filmes na altura em que foi escolhido para ser T.E. Lawrence. Não era nem a primeira, nem a segunda escolha, mas a sua presença fizeram de Lawrence of Arabia um dos maiores filmes da história. Apesar de todos os prémios que o filme ganhou, O´Toole falhou em conquistar o óscar, uma maldição que o iria perseguir para a vida em sete diferentes tentativas.
Depois de três anos a viver á sombra do sucesso, mas um assombroso desempenho em Becket, onde contracena com Richard Burton, o seu maior rival, vivendo o rei Henrique II de Inglaterra. Será novamente como Henrique II, mas numa versão mais rude e brutal que O´Toole volta a alcançar a perfeição com que iniciara a carreira, em The Lion in Winter. Pelo meio tinham ficado Lord Jim, esse estrondoso e brilhante falhanço, What´s New Pussycat? e o inesquecivel anjo Gabriel de The Bible. Em 1969 consegue a sua quarta nomeação na mesma década ao protagonizar Goodbye Mister Chips!, filme que até já tinha dado um óscar a Robert Donat trinta anos antes.
The Ruling Class em 1972 é a sua quinta nomeação e o seu mais fascinante trabalho da década de 70. Seguem-se The Man From La Mancha, onde é um improvável Don Quixote, Caligula e The Stunt Man, penultima nomeação e um dos seus mais interessantes trabalhos. Em 1982 última nomeação, desta feita por My Favourite Year, mais um trabalho notável, e em 1987 encontramo-lo no multi-premiado The Last Emperor. No final dos anos 80 O´Toole desaparece. É recuperado por Wolfgan Peterson em Troy, no ano passado, e desde aí parece ter retomado a actividade regular de actor. O óscar honorário de 2002 serviu para fazer as pazes com a Academia, mas tal como o seu rival e amigo Burton, ele é um dos grandes injustiçados da história do cinema.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Morgan Freeman


São quarente anos de carreira a brilhar de forma intensa mas sempre extremamente humilde. Considerado durante inumeros anos como o melhor actor negro em Hollywood, viu o jovem Denzel Washington recolher as estatuetas. Para ele ficou uma legião imensa de fãs e a esperança de que um dia a recompensa irá chegar.

Nasceu a 1 de Junho de 1937 em Memphis, Tennessee. Tipico filho do sul, cresceu no grande bairro negro da capital de um dos mais populosos estados do sul. Depois da escola chegou a altura de ir trabalhar. A escolha recaiu na Força Aerea norte-americana onde foi mecânico. Na altura sonhava em ser um dos ases do exército mas depressa se convenceu que teria mais futuro na representação. E assim foi. Depois de entrar em peças de teatro locais, deu o grande salto para a televisão na serie infantil The Electric Company. Durante quinze anos Morgan Freeamn seria mais conhecido pelo seu trabalho nos palcos e na televisão do que propriamente no universo cinematográfico. Em 1981 assumiu-se definitivamente como uma das maiores estrelas negras ao viver Malcom X em The Death of a Profet. Seguiram-se outros papeis cheios de vida como Harry and Son e Marie. Em 1987 chegava a primeira nomeação ao óscar pelo seu papel de chulo em Street Smart. Hollywood estava espantada com o seu talento e começaram a chover papeis. Com 50 anos era um inicio de carreira tardio mas que viria a revelar os seus frutos.


O final da década de 80 mostrou um Freeman em grande forma. Depois de vários papeis de sucesso chegava em 1989 a sua primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor pelo notável desempenho de chauffer em Driving Miss Daisy. Poderia ter sido o primeiro negro a erguer a estatueta em vinte e cinco anos mas a vitória acabou por ir parar às mãos de Daniel Day-Lewis. Mas esse tinha sido um grande ano para o actor. Johnny Handsome e especialmente Glory - que marcou igualmente a ascensão de Denzel Washington e o seu primeiro óscar - mostraram que era já um actor de eleição.
The Bonfire of Vanaties e um interessante Robin Hood : The Prince of the Thieves marcaram a viragem de década mas seria no aclamado Unforgiven que Freeman voltaria a destacar-se dos demais.
Em 1994 chegava a sua terceira e última nomeação ao óscar, pelo seu assombroso desempenho como Red em The Shawshank Redemption. Derrotado por Tom Hanks, o veterano Freeman começava a caminhar para o restrito grupo dos injustiçados.


O ano seguinte abriu com mais um excelente desempenho em S7ven, seguindo-se Outbrake e Moll Flanders, dois filmes extremamente interessantes. Em 1997 voltava à ribalta com Amistad, o épico falhado de Steven Spielberg, e faria de presidente dos Estados Unidos (o primeiro negro a faze-lo) em Deep Impact. Cada vez mais respeitado, a verdade é que nos últimos anos foram papeis mais leves aqueles que deram notoriedade a Freeman. De Nurse Betty a Bruce Almighty (de novo o primeiro negro a fazer de Deus) passando por Levity, Dreamcatcher, The Sum of All Fears e Along Came a Spider.
Para este ano há uma leve esperança de voltar a ver Freeman num daqueles papeis oscarizáveis em The Million Dollar Baby de Clint Eastwood. Caso contrário há já dez projectos confirmados para os próximos dois anos, de Batman Begins a Edison passando por A Long Walk to Freedom onde viverá a mitica personagem de Nelson Mandela.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Elizabeth Taylor

A mais bem sucedida menina-prodigio de Hollywood. Começou a fazer filmes quando tinha apenas 11 anos, no mitico filme Lassie Come Home. A partir daí foi-se estabelecendo como uma das mais talentosas, carismáticas e sensuais actrizes de sempre. Manteve sempre o seu estilo próprio, mesmo na era onde as loiras voluptuosas dominavam. Teve uma vida cheia de precalços mas destacou-se sempre pela fidelidade aos seus amigos, desde Rock Hudson a Montgomery Clift, passando também por Michael Jackson, que ajudou até ás últimas consequências. É um dos últimos mitos vivos da idade de ouro de Hollywood.
Poucos imaginavam que a simpática rapariga dos filmes da cadela Lassie crescesse tão depressa. National Velvet, onde contracenava com Mickey Rooney, fez dela uma estrela aos 13 anos de idade. Seguiram-se novas aventuras com Lassie mas entretanto os estúdios MGM não sabiam o que fazer com ela. Aos 14 anos já tinha um corpo de mulher muitissimo bem definido e os papeis em filmes infantis começaram a parecer impróprios. A inicio ainda tentaram disfarçar a voluptuosidade da jovem com camisolas largas, mas apenas com 16 Elizabeth Taylor começa a interpretar papeis de adulta. Em 1950 tem o seu primeiro grande sucesso nesta segunda fase da sua carreira no filme Father of the Bride, com Spencer Tracy. No ano seguinte divide o ecrãn com o seu grande amigo Montgomery Clift em A Place in the Sun. A sua sensualidade é avassaladora e Hollywood cai imediatamente aos seus pés. Tinha apenas 19 anos.
A primeira metade dos anos 50 é pouco prolifera em grandes papeis, mas em 1956 a actriz entra em The Giant, ao lado dos amigos Dean e Hudson, voltando a afirmar-se como a actriz de uma geração. No ano seguinte é nomeada ao óscar pela primeira vez no épico sulista Raintree Country. Começa aí a brilhante sucessão de papeis de Taylor que terminará apenas em 1968. Nos anos seguintes entra em Cat on a Hot Thin Roof, Suddenly Last Summer e Butterfield 8. Pelo terceiro filme vencerá o seu primeiro óscar, à quarta nomeação. No entanto esse foi um prémio de simpatia. O seu terceiro marido, Michael Tood, tinha morrido semanas antes num desastre de aviação e a própria Taylor estava ás portas da morte. O óscar para uma moribunda acabou por ser apenas o primeiro de uma carreira que ainda tinha muito para dar.
Três anos depois a actriz é a estrela de Cleopatra. O filme foi um fracasso mas esteve cheio de histórias no elenco. Taylor exigiu que fosse Burton a interpretar Marco António e na rodagem do filme apaixonaram-se e casaram-se de seguida, tornando-se no mais badalado casal do mundo. Ainda nas rodagens do filme Taylor volta a estar ás portas da morte, tendo mesmo sido declarado morta por alguns jornais. Nesse mesmo ano faria ainda V.I.P.´s o segundo de doze filmes que fará com Burton. Entre esses o mais espantoso é seguramente Who´s Affraid Virginia Wolf?, o seu melhor desempenho coroado com o segundo óscar em oito anos. Elizabeth Taylor, ja mãe e ainda doente, era com 36 anos a maior estrela de Hollywood, superando mesmo o apagado Brando, e as rising stars Newman, O´Toole e o próprio Burton.
No entanto os seus insistentes problemas de saúde, a relação tempestuosa com Burton que levou a dois divórcios e um segundo casamento em três anos, acompanhados pela forte dependência do alcool, terminaram com a carreira da actriz ainda aos 40 anos. Hoje, Taylor mostra ter desejo de um comeback, mas a sua frágil doença dificilmente o permitirá. Ficam no entanto algumas das melhores cenas da história do cinema, protagonizadas por esta verdadeira deusa de Hollywood. Se Hollywood fosse o Olimpo, Elizabeth Taylor seria Afrodite.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Jack Lemmon


Provavelmente um dos maiores actores de comédia de sempre (apesar de não ser um cómico como o eram Chaplin, Keaton, Groucho, Lewis ou Sellers), mas também capaz de desempenhos dramáticos assombrosos, Jack Lemmon é um icone de uma forma de fazer cinema que já não existe. 

Sempre capaz de brincar com os seus próprios defeitos - um pouco desengonçado, picuinhas, sem grande sentido de humor, resmungão - fez com Billy Wilder e Walter Matthau uma das melhores triplas de todos os tempos. Começou a sua carreira em 1949 mas foi em 1955 no polémico Mr Roberts - o tal filme que acabou com a amizade de Ford e Fonda - que Jack Lemmon se destaca, vencendo de forma surpreendente um óscar. Era apenas o seu décimo filme. 

Durante quatro anos anda perdido em papeis com que não se identifica até que em 1959 conhece Billy Wilder. O realizador junta-o a Tony Curtis e Marilyn Monroe e juntos criam a maior comédia da história do cinema, o inesquecivel Some Like it Hot. O filme consagra Lemmon como um actor popular e bem recebido pelos criticos mas o "furacão" Ben-Hur rouba-lhe o segundo óscar. 

No ano seguinte a dupla Wilder-Lemmon volta a ser bem sucedida, com uma serie de óscares por The Apartment. Em 1962 Lemmon experiementa pela primeira vez com sucesso o registo dramático em Day of Wine and Roses, que lhe valem uma quarta nomeação e o aplauso da critica. Em 1963 mais um filme com Shirley MacLaine e Billy Wilder, o irresistivel Irma la Douce. Em 1965 a sua carreira sofre uma reviravolta. Conhece Walter Matthau e juntamente com ele criam uma das maiores duplas de sempre da história do cinema, com Billy Wilder por trás da camara. 

O primeiro filme em conjunto, The Fortune Cookie, dá o óscar a Mathau e cria uma empatia que nunca mais desaparecerá. The Odd Couple, baseado numa peça de Neil Simon consagra as personagens de Felix Unger e Oscar Madisson que irão recuperar por diversas vezes ao longo da carreira. Ainda com Matthau e Wilder faz The Front Page em 1974 e Buddy Buddy em 1981. Por essa altura Jack Lemmon já é um consagrado actor dramático. 

Conquistara o seu óscar como actor principal em 1973 no drama Save the Tiger, e voltaria a ser nomeado por três vezes por The China Syndrome, Tribute e Missing. Nos anos 90 volta aos filmes com Walter Matthau em Grumpy Old Men e Grumpier Old Men. Antes já tinha passado por JFK e Glengarry Glen Rose. Em 1998 faz o seu último filme com Walter Matthau, The Odd Couple II, recuperando as personagens que o tinham imortalizado. Dois anos depois morre Matthau deixando Lemmon destroçado. 

O seu cancro só lhe permitirá viver mais um ano. Com a sua morte, o mundo perdeu uma das pessoas que mais o fez rir durante meio século.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Jack Nicholson

É um dos mais premiados actores de sempre. Detem o record de vitórias dos Globos de Ouro, prémios da critica de Nova Iorque, Los Angeles, San Francisco e é o actor com mais óscares na história. Ou seja, o seu gigantesco talento, provado por mais de uma dezena de obras-primas, foi amplamente recompensado fazendo dele o mais bem sucedido actor da sua geração.
Começa a sua carreira nos filmes de terror, onde é aproveitada a sua figura bem diferente da que estavamos habituar a ver nas grandes estrelas. O seu passado sombrio - foi educado pela avó julgando-a sua mãe, com a mãe fazendo-se passar por irmã - conferia-lhe uma aura inesquecivel. Em 1969 junta-se a Peter Fonda e Dennis Hopper na louca viagem de Easy Rider, e é nomeado pela primeira vez ao óscar. Em 1970 é nomeado pela segunda vez pelo seu notável papel em Five Easy Pieces. Em 1973 a sua carreira arranca de uma forma notável. Primeiro por The Last Detail, depois em Chinatown e por fim em One Flew Over the Cuckoo´s Nest, chega o óscar que já perseguia insistentemente. Altamente alternativo, provocador e cabotino, fez uma parceria histórica com Brando em Missouri Breaks, e em 1980 é um dos vilões mais assustadores do cinema em Shinning. É Eugene O´Neill em Reds, e continua como secundário de luxo em Tearms of Endearment, onde ganha o segundo óscar. Volta de novo á sua melhor forma na segunda metade dos anos 80 em The Witches of Eastwick, Prizzis Honor, Ironweed e Batman. Em A Few Good Man protagoniza uma das cenas icónicas dos anos 90 ao lado do jovem Tom Cruise. Depois de uns anos 90 de menor produtividade, chega magnifico em As Good As It Gets açambarcando o seu terceiro óscar, tornando-se nesse ano o actor mais premiado da história. Volta a brilhar para o jovem Alexander Payne em About Schmidt, mas em Something´s Gotta Give mostra continuar igual a si mesmo. The Departed é uma incógnita mas saber que o sempre alucinado Nicholson anda por aí, deixa-nos dormir melhor. Para bem do cinema!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Uma Thurman

Fez-se com Tarantino e disso não há dúvidas. É ele que lhe consegue retirar todo o seu potencial como actriz dramática. Mas a sua carreira tem vivido de outros papeis interessantes, que fazem dela uma das actrizes mais respeitadas da actualidade...

Nasceu a 29 de Abril de 1979 em Boston, filha de uma modelo sueca e um professor de orientação budista. Cresceu num ambiente extremamente orientalizado, com visitas regulares do Dalai Lama a sua casa. Desde sempre sonhou em ser actriz e aos 15 anos abandonou a escola onde estava para prosseguir o seu sonho em Nova Iorque.
O seu primeiro papel no cinema chegaria em 1988, depois de ter feito alguns trabalhos como modelo. Depois de pequenos desempenhos em Johnny Be Good, Kiss Daddy Goodnight e The Adventures of Baron Munchausen chegou o seu primeiro desempenho de destaque. Foi no filme de Stephen Frears, Dangerous Liaisons onde vivia a jovem inocente, que mais tarde se tornará praticamente numa ninfomaniaca, Cecille de Volanges. Com 18 anos Thurman mostrava querer ser actriz a sério, dando um notável desempenho. As cenas de nus, não habituais em actrizes tão jovens então, ajudaram a fazer dela um sex-symbol. Dois anos depois, ao viver a mulher de Henry Miller em Henry and June, a jovem Uma Thurman voltava a quebrar todas as barreiras e afirmava-se como uma jovem starlett em Hollywood.


O inicio dos anos 90 não lhe correu tão bem como esperava. O seu breve casamento com Gary Oldman verificou ser um fracasso e os filmes em que participou a partir de Henry and June não convenciam nem a critica nem o público. Seria Quentin Tarantino quem voltaria a pegar em Uma Thurman para fazer dela uma estrela. O filme, como todos sabem, era Pulp Fiction e o seu desempenho como Mia Wallace foi de tal forma espantoso que lhe valeu a nomeação ao óscar de melhor actriz secundária, óscar que viria a perder no entanto.
Mesmo assim parecia que a sua carreira estava de novo lançada. Seguiram-se prestações em blockbusters como Batman and Robin, a tentativa falhada de Joel Schumacher em dar vida ao Homem-Morcego, e em The Avengers, a adaptação de uma popular serie britânica dos anos 60 que acabaria por se revelar um fracasso total.
Em 1997, Uma conheceria Ethan Hawke nas filmagens de Gattaca, um thriller de sci-fi. O casal apaixonou-se e casou de imediato, estando agora num processo conturbado de divórcio. O filme foi aplaudido por uma pequena franja de espectadores e foi preciso Woody Allen - em Sweet and Lowdown - e Richard Linklater - em Tape - para voltarem a colocar Uma no mapa.


Com o início do novo milénio a carreira de Uma ganhou nova vida. Primeiro foi o Globo de Ouro em televisão pelo seu desempenho em Histerical Blindness. E depois foi o recuperar da colaboração com Quentin Tarantino em Kill Bill. Ajudando a compor a essência da sua personagem, The Bride, Uma Thurman ganhou especial destaque neste filme dividido em dois que dividiu também opiniões, mas que valeu em dois anos consecutivos a nomeação de Uma ao Globo de Ouro como melhor actriz dramática. Nenhuma resultou em vitória ou em nomeações aos óscares, mas Kill Bill tornou-se num marco da filmografia recente.
Para os próximos anos, Uma Thurman vai estar envolvida em vários projectos que vão desde Be Cool, já estreado, a Prime - a estrear este ano - até The Producers, adaptação do musical da Broadway ao cinema e cuja estreia está agendada para o final de 2005.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Jeff Bridges


Encarnou a personagem mais "cool" da história do cinema. Aliás, há em cada uma das suas vidas cinematográficas uma onde bom humor e um espirito alegre que se torna contagiante para todos que o vêm trabalhar. Ele é hoje o simbolo perfeito de uma forma diferente de encarar a arte de representar...

Foi uma das maiores promessas da geração de 65 e durante alguns anos houve quem temesse que não passasse disso mesmo. Uma promessa. Mas os últimos vinte anos têm ajudado a mostrar um actor mais maturo e fresco, sem medo de enfrentar desafios, por muito dificeis que eles possam parecer. Por isso é que já está na altura de coroar Jeff Bridges.

Filho da California, nascido a 4 de Dezembro de 1949 em Los Angeles, sempre teve a representação nas veias. O pai era Lloyd Bridges, conhecido actor de westerns. O irmão, com quem contracenaria no inesquecivel The Fabulous Baker Broys, é Beau Bridges. E por isso é natural que Jeffrey Leon Bridges acabasse eventualmente por ser também ele actor.
Aos dois anos já surgia em filmes, fazendo pequenos papeis de criança. Foi aos 20 anos, em 1969, que se começou a destacar na televisão no filme Silent Night, Lonely Night. O filme Hells of Anger começava a mostrar um Bridges como jovem rebelde sem causa, imagem que ficaria eternizada no seu notável desempenho em The Last Picture Show, filme de Peter Bogdanovich de 1971. Para além de ter sido um dos grandes filmes do ano, a verdade é que Bridges começou a consolidar a sua carreira com uma precoce nomeação ao óscar de melhor actor secundário.


Seguiram-se uma serie de papeis que seguiam a imagem criada por Bridges no filme de Bogdanovich em filmes como Fast Picture, Bad Company, The Last American Hero e Thunderbolt and Lightfoot, filme pelo qual foi nomeado pela segunda vez ao óscar, depois de ter roubado todas as cenas a Clint Eastwood.
O problema começou então. Os seus papeis estavam gastos e as novas abordagens não iriam resultar. King Kong, Somebody Killed Her Husband e Heavan´s Gate foram fracassos a todos os niveis, e agora com 30 anos, a carreira de Bridges teimava em não sair do sitio.
Este foi um cenário que se tornou recorrente até 1984. Dez anos perdidos que Bridges não deve querer lembrar tão cedo.
Mas com Starman, filme de 84, estava de volta o melhor Bridges. Um desempenho absolutamente notavel como um extra-terrestre que chega a terra e adquire forma humana, valeu-lhe a primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor. E permitiu-lhe voltar a pensar numa carreira ao mais alto nivel. O mais dificil tinha ficado para trás.


Seguiram-se então nos anos seguintes uma serie de excelentes desempenhos em filmes muito aceitaveis. Primeiro foi Jagged Edge, depois 8 Million Ways To Die e, acima de tudo, Tucker : The Man and His Dream, filme poético de Francis Ford Copolla, que lhe proporcionou o seu melhor papel de sempre, apesar de ter sido ignorado pela Academia. No ano seguinte chegou a parceria com o irmão Beau, e com a diva Michelle Pfeifer em The Fabulous Baker Boys, um dos filmes mais interessantes do ano.
A carreira de Bridges continuava em alta no inicio da nova década. Primeiro revisitou o universo de Bogdanovich em Texasville e depois entrou, lado a lado com Robbie Williams, no filme de Terry Gilliam, The Fisher King.
1992 viria a mostrar mais um grande Bridges em American Heart e no ano seguinte viria aquele que é o seu papel favorito, Fearless. E quando muitos pensavam que o ritmo iria abrandar, ainda deu tempo para Wild Bill em 1995, uma abordagem realista e crua à vida do famoso Buffalo Bill.


Depois de dois anos em baixa, o grande regresso chegava em 1998 com Big Lebowski. O filme dos irmãos Coen é um dos mais fabulosos da década e o desempenho de Bridges como "The Dude" é sublime. No entanto, como habitualmente, a Academia preferiu ignorar esta pequena obra de arte. E Bridges continuava sem vencer prémios.
No ano seguinte, 1999, haveria Arlington Road, espectacular thriller com Tim Robbins, e em 2000 chegaria a sua 4º nomeação ao óscar, desta vez a terceira como melhor actor secundário, pelo filme The Contender onde viveu o Presidente dos Estados Unidos. Mais uma vez o prémio foi para outro.
K-Pax iria marcar o ano de 2001 para Bridges, num excelente contra papel a Kevin Spacey, no primeiro filme pós-óscar, e se em 2002 não haveria Bridges, este voltava no ano seguinte em força em Seabiscuit. Papel notável mas nem sequer considerado pela Academia, apesar das sete nomeações do filme.
Para 2004 ficou mais um "enorme" desempenho em The Door in the Floor e no próximo ano poderemos ver este grande actor em The Moguls e Tideland.


Um dos actores menos valorizados mas ao mesmo tempo, um dos mais completos da industria cinematografica norte-americana, Jeff Bridges é hoje um dos grandes injustiçados da história do cinema. Com 55 anos muitos acreditam que a sua hora chegará em breve, mas a verdade é que depois de trinta anos a brilhar ao mais alto nivel, esperava-se já um sinal de reconhecimento por parte dos seus pares. No entanto Bridges está na boa. Tranquilo, preparado para quando o momento chegar. E se não chegar? Paciência dira ele com aquele sorriso do tamanho do mundo.

domingo, 20 de novembro de 2022

Sean Penn

É uma das vozes mais criticas de Hollywood. Aponta todos os aspectos negativos por onde passa, desde o coração da industria cinematográfica às politicas do executivo federal. Hoje é visto finalmente como um dos grandes da sua geração. Mas para lá chegar teve de lutar muito.

A 17 de Agosto de 1960 nasceu na solarenga Califórnia Sean Justin Penn, hoje conhecido como um dos três maiores actores da geração de 85, lado a lado com Tom Hanks e Denzel Washington.
Os pais estavam no mundo do espectáculo e por isso foi fácil perceber o porquê dele, e do seu jovem irmão Chris, terem sido sempre empurrados para esse mundo. O pai, Leo Penn era realizador e tinha sido um dos nomes riscados na Caça às Bruxas dos anos 50.A mãe Eileen Ryan uma actriz de estúdio. Mesmo assim só aos 21 anos é que chegou o primeiro papel para o jovem Sean. O filme foi Taps e foi o inicio da carreira deste jovem e explosivo actor. Seguiu-se um divertido papel no filme de culto Fast Times at Rigdemond High.
Em 1984 foi considerado uma das 10 maiores promessas do cinema norte-americano. Já na altura lhe detectavam as suas principais caracteristicas. Sofredor, autor de um notável controlo de timing, praticante eximio do inner acting e explosivo como poucos.


Seguiram-se notáveis performances em Racing With the Moon, The Falcon and the Snowman, At Close Range, We´re No Angels e Casualties of War. Aos poucos tinha-se tornando numa das grandes referências para os actores mais jovens da década de 80. Por essa altura era mais conhecido por ser casado com Madonna, de quem se divorciaria no final de 1989. A nova década começari a brilhar nos seus primeiros papeis de destaque. State of Grace foi um dos mais interessantes filmes do inicio da década e permitiu-lhe conhecer a sua actual mulher Robin Wright-Penn. Nesse mesmo ano, 1991, estreou-se na realização em Indian Runner. Carlito´s Way voltava a mostra a sua melhor face em 1993 e conseguiu a sua primeira nomeação ao óscar em 1995 com o seu notável papel em Dead Man Walking.
Voltaria aos seus melhores papeis dois anos depois em The Game e no final dos anos 90 mostrou-se em grande estilo em The Thin Red Line e Sweet and Lowdown, filme de Woody Allen.


No entanto os maiores momentos da sua carreira chegariam nos últimos cinco anos.
Primeiro em Before Night Falls em 2000 e no ano a seguir em I Am Sam. Um dos papeis mais comoventes dos últimos anos valeu-lhe a nomeação ao óscar. Apesar de muitos considerarem que seria um justo vencedor, acabaria derrotado. Mas o seu melhor momento estava aí. Dirigiu o fraco The Pledge mas no ano passado entrou em dois dos maiores filmes do ano. Primeiro em 21 Grams, onde é explosivo e espantoso como nunca o viram, e depois em Mystic River. Aqui conseguiu o seu melhor desempenho de sempre, o melhor do ano e um dos mais interessantes dos últimos anos. Apesar de muitos não acreditarem, a consagração chegou com o seu primeiro óscar. Um óscar emotivo para um rebelde eterno como é Sean Penn.
E quantoso muitos pensavam que ele iria voltar a papeis menos conseguidos, eis que ele apresenta um rol de intensas interpretações. Primeiro em The Assassination of Richard Nixon, já este ano, e em The Interpreter e All the King´s Men nos próximos dois anos. É caso para dizer que o melhor Penn pode mesmo ainda não ter aparecido.