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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Canoras Portuguesas dos Anos 80 - Né Ladeiras

Né Ladeiras (Maria da Nazaré Azevedo Sobral Ladeiras) nasceu no Porto, no dia 10 de Agosto de 1959, no seio de uma famíia com grandes afinidades com a música: a mãe cantava ópera, o pai tocava viola d’arco e o avô materno tocava guitarra portuguesa, braguesa, cavaquinho e instrumentos de percussão. Com 6 anos, participa no Festival dos Pequenos Cantores da Figueira da Foz.

Durante a sua adolescência, integra vários projectos musicais, entre os quais um duo acústico formado com uma amiga.

Né Ladeiras funda, em 1974, com diversos amigos, a Brigada Victor Jara. Numa primeira fase, juntavam-se para tocar, entre outras coisas, música latino-americana, tendo participado em diversas campanhas de animação cultural do MFA [Movimento de Forças Armadas] e de trabalho voluntário. O interesse do grupo pela música tradicional portuguesa só se manifesta nos últimos meses de 1976, após realizarem diversos espectáculos na Beira Baixa e aí "descobrirem" as potencialidades e qualidade da nossa tradição musical.

Em 1977, na sequência de uma actuação na FIL [Feira Internacional de Lisboa], mantêm contactos com a editora Mundo Novo (associada à editorial Caminho), para a qual gravam, durante dois dias, o álbum "Eito Fora", que é editado nesse mesmo ano. Né Ladeiras interpreta, neste disco, um dos temas mais conhecidos, "Marião" com base num tradicional de Trás-os-Montes.

No ano seguinte, Né Ladeiras participa ainda nas gravações do segundo álbum da Brigada Victor Jara intitulado "Tamborileiro". Em 1979, após se separar da Brigada, Né Ladeiras junta-se ao agrupamento Trovante, ainda antes de este alcançar o sucesso, com o qual grava o single "Toca a Reunir".

Na altura da gravidez do seu primeiro filho, Né Ladeiras fica em casa e é nessa altura que é convidada pelos Trovante que já andavam há muito tempo à procura de uma voz feminina. Fizeram alguns espectáculos e toda a preparação de "Baile do Bosque". Quase todas as músicas da maqueta apresentada às editoras eram cantadas por Né Ladeiras.

Né Ladeiras - 1982Entre 1980 e 1982, integra um dos projectos mais inovadores da música portuguesa, a Banda do Casaco, fundada em 1973 por Nuno Rodrigues e António Pinho (ex-Filarmónica Fraude). Né Ladeiras participa na gravação dos álbuns "No Jardim da Celeste" (em 1981) e "Também Eu" (em 1982) que incluíam alguns dos maiores sucessos do grupo, como sejam "Natação Obrigatória" e "Salvé Maravilha".

O primeiro trabalho a solo de Né Ladeiras, "Alhur", é editado em 1982 pela Valentim de Carvalho. O disco, um EP (ou máxi-single) composto por quatro temas da autoria de Miguel Esteves Cardoso (letras) e Né Ladeiras (músicas), regista a participação de Ricardo Camacho na produção e dos Heróis do Mar como músicos de estúdio. "Alhur" é um disco que fala de águas, desde as águas régias do pensamento às águas salgadas dos oceanos e das lágrimas.

Né Ladeiras retribui, nesse mesmo ano, a colaboração com os Heróis do Mar, participando na mistura de dança incluída no maxi-single de "Amor", que se torna um grande êxito comercial.

Colabora com Miguel Esteves Cardoso num duplo álbum intitulado "Hotel Amen" que não chega a ser gravado.

Em 1984 é editado pela Valentim de Carvalho o seu primeiro álbum, "Sonho Azul", com produção de Pedro Ayres Magalhães (membro dos Heróis do Mar e futuro mentor dos Madredeus e Resistência), que também assina as letras e partilha, com Né Ladeiras, a composição das músicas. O disco é dedicado a todas as pessoas que fizeram do cinzento um "Sonho azul" e ao filho Miguel. Dos oitos temas, os que obtém maior notoriedade são: "Sonho Azul", "Em Coimbra Serei Tua" e "Tu e Eu".

Inicia em 1985 um trabalho de pesquisa (processo característico da sua carreira a solo) sobre a actriz sueca Greta Garbo, a quem será dedicado o álbum seguinte ("Corsária").

Participa no Festival RTP da Canção de 1986 com "Dessas Juras que se Fazem", um inédito de Carlos Tê e Rui Veloso.

Em 1988 integra o projecto Ana E Suas Irmãs, idealizado por Nuno Rodrigues - seu colega na Banda do Casaco e então director da editora Transmédia. O grupo concorre ao Festival RTP da Canção de 1988 com o tema "Nono Andar", sendo apresentado como um conjunto mistério. No entanto, Né Ladeiras não participa no certame, colaborando apenas na edição em single.

"Corsária" é editado pela Transmédia em finais de 1989 com produção e arranjos de Luís Cília. As músicas são compostas por si, sendo as letras da autoria da sua amiga Alma Om. O disco não obtém uma grande divulgação, principalmente porque a editora abre falência pouco tempo após a edição do disco.

Colabora igualmente com a rádio, outra das suas paixões, em rádios de Coimbra, Antena 1 e TSF. E, posteriormente, em resultado de algum desencantamento com a música, trabalha como recepcionista de um médico.

Participa nas gravações de "Matar Saudades", tema bónus incluido na edição em CD do disco "Banda do Casaco com Ti Chitas".

Entre Janeiro de 1993 e Outubro de 1994, Né Ladeiras grava, com produção de Luís Pedro Fonseca, o seu terceiro álbum, "Traz-os-Montes", uma produção da Almalusa com edição da EMI-Valentim de Carvalho, que resulta de dois anos de pesquisa de material relacionado com a música e a cultura tradicionais transmontanas (onde veio a descobrir raízes na família), nomeadamente as recolhas efectuadas por Michel Giacometti e por Jorge e Margot Dias.

A qualidade de temas como "Çarandilheira" e "Beijai o Menino" fazem deste disco, que é a revisitação de temas tradicionais transmontanos interpretados em dialecto mirandês, a sua obra-prima e um dos melhores discos de sempre da música portuguesa.

No Natal de 1995 é editado o disco "Espanta Espíritos", disco de natal idealizado e produzido por Manuel Faria (seu colega nos tempos dos Trovante), no qual participam diversos artistas, entre os quais se destaca Né Ladeiras que interpreta o tema "Estrela do Mar" com letra de João Monge e música de João Gil.

Em 1996 participa na compilação "A Cantar com Xabarin, Vol. III e IV", proposta pelo programa da TV Galiza, com o tema "Viva a Música!" composto por Né Ladeiras e Bruno Candeias, no qual participam, nos coros, os seus filhos Eduardo e João.

Com o seu quarto álbum, "Todo Este Céu", editado em 1997, pela Sony, Né Ladeiras realiza um sonho antigo ("de há vinte e tal anos"): gravar um álbum dedicado às canções de Fausto, que se caracteriza por uma abordagem "muito próxima do lado místico do Fausto, mas também do seu lado interventivo, porque ele tem uma forma única de intervir, que em muitos casos continua actual e não se perdeu no tempo".

No álbum-compilação "A Voz e a Guitarra" faz incluir o tema "As Asas" do brasileiro Chico César e uma nova versão de "La Molinera" que conta com a participação do guitarrista Pedro Jóia.

Durante a Expo '98 partilha "Afinidades" com Chico César numa iniciativa que "desafia cantoras nacionais a conceberem um espectáculo para o qual convidam um ou uma vocalista que seja para elas uma referência." Os dois intérpretes participam igualmente no programa "Atlântico" da RTP/TV Cultura.

Colabora no disco "Sexto Sentido" que marcou o regresso da Sétima Legião. Em 2000 é editada a colectânea "Cantigas de Amigos" com produção de João Balão e Moz Carrapa.

Em Novembro de 2000, a convite de Tiago Torres da Silva, junta-se a Anamar e Pilar para os espectáculos "SM 58".

Em 2001 é editado pela Zona Música o disco "Da Minha Voz". A produção é da própria Né Ladeiras que contou com a colaboração de Chico César e de Tiago Torres da Silva.

O álbum "Anamar, Né Ladeiras, Pilar - ao vivo" é editado em Setembro de 2002. Em 2010 participa no disco dos Corvos e começa a preparar um disco novo.

DISCOGRAFIA
Alhur (Máxi, EMI, 1982)
Sonho Azul (LP, EMI, 1984)
Corsária (LP, Transmédia, 1989)
Traz-os-Montes (CD, EMI, 1994)
Todo Este Céu (CD, Sony, 1997)
Da Minha Voz (CD, Zona Música, 2001)
Anamar, Né Ladeiras, Pilar - Ao Vivo (CD, Zona Música, 2002)

Colectâneas
Espanta Espíritos (1995) - Estrela do Mar
A Cantar Xabarín III/IV (1996) - Viva La Música!
A Voz e a Guitarra (1997) - La Molinera / As Asas
Cantigas de Amigos (2000) - A Vindima / Milho Verde / A Garrafa Vazia de Manuel Maria

Biografia retirada daqui

domingo, 31 de janeiro de 2016

Cantores dos Anos 80 - Nanã Sousa Dias

Nasceu em Torres Vedras em 1957. Desde muito cedo demonstrou interesse pela música, influenciado pelo pai, tios e avô, músicos amadores. Aos 12 anos começa a aprender guitarra, que troca pela flauta transversal aos 19 anos. Pouco tempo depois começa a interessar-se pela Bossa Nova e pelo Jazz, tendo começado a tocar com alguns amigos com quem se desloca frequentemente a Lisboa e Estoril para assistir a concertos e "jam sessions", nos festivais e clubes de Jazz (Hot Clube, Louisiana, Zodíaco, etc).

Aos 22 anos, compra um saxofone tenor dos anos 40 e começa a aprender, como autodidacta,  a tocar esse instrumento.

Em 1980 começa a estudar harmonia e a compôr alguns temas. Torna-se músico profissional em 1981 passando a integrar a "Banda Atlântida" de Lena d'Água.

Sai da "Banda Atlântida" em 1983, aceitando o convite de Rui Veloso para integrar a sua banda. O primeiro disco que grava com Rui Veloso é o álbum "Guardador de Margens".

O álbum homónimo dos Bit, grupo formado por Nanã Sousa Dias, Manuel Paulo Felgueiras, Paleka, Zeca Neves e Luís Stoffel, foi editado em 1984.

Entretanto, é convidado por Luís Villas-Boas a tocar em várias edições do Festival de Jazz de Cascais, Estoril e Lisboa.

O seu primeiro disco a solo, "Ousadias", foi editado em Dezembro de 1986. No disco, produzido por Zé Carrapa e pelo próprio Nanã Sousa Dias, colaboraram os músicos Zé Nabo, Zé Carrapa, Ramon Galarza e Renato Jr.

Em 1988 foi editado o álbum "Aqui Tudo Bem".

Entretanto participa na banda sonora da série de televisão "Claxon" para a qual compôs o genérico.

Em 1994 produziu o disco "Salsetti" de Bernardo Sassetti. Nesse ano lançou ainda um álbum com "Temas de Natal".

Em 1995 lançou pela etiqueta Groove, subsidiária da Movieplay, um disco de homenagem a Tom Jobim denominado "Tom Maior".

Em 1996 a Movieplay editou o disco "Os Melhores Temas de Natal". Ao alinhamento do disco de 1994 foram acrescentadas revisões dos temas "Silver Bells" e "Christmas Songs".

"Ousadias" foi reeditado no formato CD em 1998.

DISCOGRAFIA
Ousadias (LP, Polygram, 1986)
Aqui Tudo Bem (LP, Polygram, 1988)
Temas de Natal (CD, Movieplay, 1994)
Tom Maior (CD, Groove, 1995)
Melhores Temas de Natal (Compilação, Movieplay, 1996)

COMPILAÇÕES SE
O Melhor de 2 - Mário Pacheco/Nana Sousa Dias (Compilação, Universal, 2001) 

Colectâneas
Claxon (1991) - Claxon / Doze Bares

Biografia retirada daqui

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Grupos Musicais dos Anos 80 - Mler Ife Dada

Um dos projectos mais originais da nova música portuguesa, na sua vertente Pop/Rock teve origem em Cascais, em 1984, onde se formam os Mler Ife Dada .

Inicialmente o grupo era formado por Nuno Rebelo (ex-Street Kids), Augusto França, Pedro D'Orey e Kim.

Com este line-up, a banda edita o seu primeiro trabalho discográfico, um máxi-single intitulado "Zimpó".(1) Este tema era cantado em português, sendo que os restantes ("Stretch my Face" e "Spring Swing") eram cantados em inglês.

Neste primeiro trabalho as vozes estavam a cargo de Pedro D'Orey, que abandonará o grupo pouco depois para ceder o seu lugar a Anabela Duarte, uma figura carismática, com voz fadista e que tinha pertencido a outros projectos inovadores, como os Ocaso Épico e Bye Bye Lolita Girl.

Anabela já tinha participado no tema "Apartheid Hotel" dos GNR, onde fazia um dueto com Rui Reininho.

A banda, já com a nova formação(2), grava um single que inclui "L'amour Va Bien, Merci" e "Ele e Ela... e Eu", este último uma versão do tema que Madalena Iglésias cantou no Festival RTP, nos anos 60. (3)

O jornal BLITZ considera a banda como a grande revelação dos últimos tempos da música moderna portuguesa e convida-a para abrilhantar a festa do 2.º aniversário do hebdomadário, no Rock Rendez- Vous, onde esgotam a lotação. (4)

Em 1987 editam o seu primeiro longa duração "Coisas que Fascinam", onde se condensam todos os estilos que o grupo pratica (desde o experimentalismo às coladeras cabo verdianas, no tema "Siô Djuzé", este com a colaboração de Rui Reininho). O tema "Alfama" é a aproximação ao universo fadista tão caro a Anabela Duarte. Este disco é considerado pelo jornal "Público" como um dos melhores de sempre da música feita em Portugal, distinção que só prova a criatividade do grupo. 

A vocalista da banda gravará, no ano seguinte um disco de fado intitulado "Lisbunah" que mostra a cantora em todo o seu esplendor fadista.

Em 1989, os Mler If Dada gravam o seu segundo LP "Espírito Invisível" que, embora aclamado pela crítica, não tem grande aceitação nas rádios. Apenas a faixa "Walkman Man" obtém algum sucesso.(5)

Com a fraca aceitação pelo público deste segundo trabalho, os convites para espectáculos começam a rarear e Anabela abandona o grupo, sendo substituída por Sofia Amendoeira que não tem o carisma e as virtudes de "performer" de Anabela. Com este line-up, a banda ainda edita um EP(6), mas dissolve-se definitivamente; pouco tempo depois.

Os dois LP's do grupo foram reeditados na colecção Coração Português da Polygram, com as capas originais e o próprio CD fazendo lembrar um velho disco de vinil.

Em 2003 a Universal edita a compilação "Pequena Fábula" que inclui novas versões de "Zuvi Zeva Novi" e de "L' Amour Va Bien Merci".(7)

(1) Em Junho de 1984, os Mler Ife Dada venceram o primeiro concurso de música moderna do Rock Rendez Vous e como prémio gravaram o EP "Mler Ife Dada" cujo tema principal era "Zimpó".

(2) Pedro d'Orey abandona o grupo e é substituído por Filipe Meireles. Filipe Meireles é chamado a cumprir o SMO (Serviço Militar Obrigatório) e Kim abandona o grupo (voltaria ao grupo, apenas para alguns concertos, em 1988). Entram para o grupo a cantora Anabela Duarte [«passei-me para a oposição, a convite do Nuno Rebelo que me tinha visto a cantar com os GNR na Aula Magna.» AD/APS] e os irmãos Zezé e Nini Garcia (ex-Urb).

(3) "L'Amour va bien, Merci" aparecia também na colectânea "Divergências" da Ama Romanta. «Esse single é uma pérola. Uma mina de ouro, na melhor das hipóteses... Adorei cantar, adorei o estúdio de oito pistas, adorei a capa. Adorava os músicos e diverti-me imenso a ver pelo vidro do estúdio a cara de prazer e de gozo do João Peste, enquanto eu ia inventando o meu discurso em francês transcendental, falando na devida desproporção entre emoção e sexo e cães a ladrar e política liberal e de como o chá faz mal à garganta e outras coisas importantíssimas!... Adorava ainda que fosse reeditado, mas ninguém me liga nenhuma.» AD/ APS

(4) O saxofonista José Pedro Lorena entra para a banda.

(5) «Acho que ["Espírito Invisível"] é um disco genial, talvez mais de autor – do Nuno Rebelo – porque nessa altura, realmente, as coisas já não estavam muito bem... Mas eu também comecei a experimentar coisas diferentes com a voz e as letras. Tem momentos e canções muito boas. Era, no entanto, um disco difícil, em termos de música pop, e o público, por vezes, gosta que lhe sirvam sempre o mesmo prato.» AD/APS A formação que gravou o disco incluía Bruno Pedroso (bateria) e José António Aguiar (baixo), e Rebelo passou para a guitarra.

(6)  O máxi-single "Mler Ife Dada", editado em 1990, inclui a regravação de 4 temas do LP "Espirito Invisivel" ("Choro do vento e das nuvens", "Erro de Cálculo", "Walkman Music" e "À Chuva") interpretados por Sofia Amendoeira, cantora que foi aconselhada ao grupo pela primeira professora de canto de Anabela Duarte.

(7) «(a editora) perguntou-nos se não havia alguma coisa por editar». Não havia. Mas Nuno Rebelo lembrou-se de uma versão instrumental de "L'Amour Va Bien, Merci", que tinha feito em 1995 para um bailado, e propôs a tal «versão "unplugged"» de "Zuvi Zeva Novi". «Foi só tempo de marcar estúdio e dias depois estávamos a gravar», conta.  in Culto!

DISCOGRAFIA
Coisas Que Fascinam (LP, Polygram, 1987)
Espírito Invisível (LP, Polygram, 1989)
Pequena Fábula 1984-1989 (+2003) (Compilação, Universal, 2003)

SINGLES
Zimpó (Máxi, Dansa do Som, 1985)
L'Amour Va Bien, Merci/Ele e Ela e Eu (Single, Ama Romanta, 1986)
Zuvi Zeva Dada [Zuvi Zeva Novi/Sinto Em Mim](Single, Polygram, 1987)
Coração Anti-Bomba/Outro Dia (Single, Polygram, 1988)
Coração Anti-Bomba/Dance Music (Máxi, Polygram, 1989)
Mler Ife Dada (EP, Polygram, 1990)

COMPILAÇÕES SE
O Melhor de 2 - Mler Ife Dada/Radar Kadafi (Compilação, Universal, 2001)

Colectâneas
Divergências (1986) - L'Amour Va Bien, Merci
Ama Romanta... Sempre! (1999) - L'Amour Va Bien, Merci 

COMENTÁRIOS
“Zimpó” (maxi-single/1985) - É o nascimento dos Mler Ife Dada… Por acaso foi esquecimento da minha parte, porque mais tarde vim a pensar nisso… Havia uma música na altura, da mesma altura do “Zimpó”, que se chamava “Nu ar” da qual aparece o nome Mler Ife Dada. Faz parte das palavras que aparecem na música e foi uma pena não termos incluído essa música na colectânea. Mas “Zimpó” marca o nascimento do grupo, com o Pedro D’Orey, que deu o nome ao grupo. É a altura do Concurso de Música Moderna Portuguesa, no Rock Rendez-Vous, que ganhámos e foi esse o prémio.

“L’amour va bien merci” (single/1986) – É o encontro com a Anabela, uma nova voz que chega ao grupo, e o afirmar da independência que se materializava na existência da Ama Romanta e a possibilidade que a editora oferecia a grupos fora do “mainstream” de editarem.

“Coisas que fascinam” (LP/1987) – Foi o primeiro trabalho de grande fôlego dos Mler Ife Dada e numa grande editora. Foi, no fundo, o materializar do trabalho desenvolvido nos anos anteriores e um manifesto relativamente àquilo que era o nosso posicionamento na música naquela altura.

“Coração anti-bomba” (single/1988) – Foi um disco entre discos. Foi uma altura em que, mais uma vez, os músicos mudaram. Nesta fase o grupo estava reduzido a mim, à Anabela e ao José Pedro Lourena. Tínhamos deixado de ter baterista e guitarrista e o “Coração anti-bomba” foi uma espécie de dizermos que os músicos abandonaram, mas o grupo continua a existir. Estamos aqui, existimos e a prova disso é que ainda fizemos este disco.

“Espírito invisível” (LP/1989) – É uma espécie de aprofundar das pistas que tinham sido dadas com o “Coisas que fascinam”. Neste apontávamos muitas direcções musicais, no “Espírito invisível” tentámos ir mais longe por cada um desses caminhos. Em vez de escolhermos um caminho para seguir, tentámos ir um bocadinho mais longe por cada um desses caminhos. Fomos ainda um bocadinho mais experimentais e um bocadinho mais comerciais…

“Coração anti-bomba” (máxi-single/1989) – É mais uma vez um disco extraído do álbum. É o máxi do “Dance music”, supostamente o hit do “Espírito invisível”. No Lado B recuperámos o “Coração anti-bomba”, porque achámos que na altura não tinha tido a suficiente atenção por parte da rádio e assim talvez pudesse voltar a passar.

“Mler Ife Dada” (EP/1990) – Com a Sofia Amendoeira a cantar. Mais uma vez era um disco para dizermos que estávamos vivos, o que de facto não aconteceu. No fundo, pegámos no instrumental de quatro temas do “Espírito invisível” e fomos para estúdio gravar a voz da nova vocalista, para dizermos que a Anabela saiu do grupo, mas temos um disco com a nova voz do grupo. Não aconteceu assim e pouco tempo depois o grupo acabou.

Nuno Rebelo / Primeiro de Janeiro (Se7e), 2003

«Eu não gosto de ouvir [os Mler Ife Dada] muitas vezes. É raro ouvir, porque acho que está sempre qualquer coisa mal. Na voz, então, acho que devia gravar tudo outra vez, salvo raras excepções, porque já canto de modo completamente diferente e melhor. Mas fiquei muito orgulhosa quando o reeditaram e soube que tinha praticamente esgotado. Dei à luz uma cadelinha linda e baptizei-a de Zuvi.» AD/APS

NO RASTO DE...
Nuno Rebelo integrou e dirigiu os grupos Mler ife Dada, Plopoplot Pot (vencedores do I Concurso da CM Lisboa), Polyploc e As Guitarras Portuguesas Mutantes. Desde 1988 que tem composto música para filmes, teatro, dança. Neste âmbito trabalhou com Edgar Pêra, José Nascimento, José Wallenstein, Mark Tompkins, Paulo Ribeiro, João Fiadeiro e Aldara Bizarro, entre outros. Compôs os temas oficiais da EXPO 98 e de Lisboa 94-Capital Europeia da Cultura, bem como a música e sonoplastia do espectáculo "Oceanos e Utopias", de François Confino e Philippe Genty (Pavilhão da Utopia na Expo 98). Tocou em diversos países em concertos de improvisação com músicos como Marco Franco, Shelley Hirsch, Kato Hideki, Joan Saura, Xavier Maristany, Hiroshi Kobayashi, Gregg Moore, Carlos Bica, Graham Haynes, Jean-Marc Montera, Acácio Salero, Américo Rodrigues, Albrecht Loops, Telectu, Paulo Curado, Sei Miguel. Tem participado em espectáculos de improvisação com os bailarinos Mark Tompkins, Vera Mantero, Frans Poelstra, Steve Paxton, Lisa Nelson, David Zambrano, Boris Charmatz, Julyen Hamilton, João Fiadeiro, Silvia Real, Howard Sonenklar, Cosmin Manolescu, etc.

Zezé Garcia esteve nos GNR. Actualmente trabalha em arquitectura e é professor de guitarra. Nini Garcia esteve nos Heróis do Mar e LX90.

José Pedro Lorena é engenheiro da construção naval e programador informático.

Pedro d'Orey foi para o Brasil onde fez parte dos Metrô. No regresso a Portugal trabalhou com Nuno Rebelo na banda sonora de uma peça da coreógrafa Aldara Bizarro, trabalhou com o músico Marco Franco em duas apresentações no Monumental aquando do ciclo sobre "Os Mistérios de Lisboa", fez parte dos Cães de Crómio e andou algum tempo com o projecto Amar UQ Amar UQ?. Em 2002 lançou um disco com o projecto Wordsong.

Filipe Meireles esteve nos Portugueses Suaves [Grupo de Filipe Meireles, Fernando Nabais (mais tarde no projecto Homem Invisivel), António José Martins (baixo), Rrrrroberto (bateria) e António Manuel (Teclas)] que esteve para ser contratado pela Polygram. Actualmente trabalha em artes gráficas.

Kim trabalha com microfones e instrumentos musicais. 

Bruno Pedroso tinha tocado anteriormente com os Heróis do Mar. O seu envolvimento com o Jazz começa com Pedro Mestre, Nanã Sousa Dias, Sexteto de Tomás Pimentel e outros nomes do Jazz. Fez parte dos grupos Plot Po Plot Pot e Idefix.

Biografia retirada daqui

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Grupos Musicais dos Anos 80 - Minneman & Friends

Mano Zé, Rui Veloso e Minneman formaram, na cidade do Porto, os Magara Blues Band. Isto muito antes do sucesso de Rui Veloso e da incursão de Mano Zé pelos GNR.

Wolfram Minneman (voz, piano) juntou-se a alguns amigos para gravarem, em 1982, o disco "Bluindo", que foi editado pela Rádio Triunfo.

Os amigos que acompanharam Minneman nas gravações foram Rui Veloso (guitarra, harmónica), Mano Zé (baixo) e Tino (bateria).

No lado A do disco aparecem os temas "Freight Train Blues", "Blues do Pescador", "Blues do Diabo "e St. James infirmary Blues". No lado B temos os temas "João Manguela", "Empty Bed Blues", "Blues and Trouble", "Hooting Owl Blues" e "Blues do Tribunal".

DISCOGRAFIA
Bluíndo (LP, RT, 1982)

COMENTÁRIOS
Gravei com um pianista alemão de blues [Minneman], dono de uma agência de publicidade no Porto, 
num disco onde participava Rui Veloso como guitarrista. Foi aí que conheci o Rui e me tornei amigo dele, até hoje. (Paulo Junqueiro)

NO RASTO DE ...
Wolfram Minneman é um dos sócios da agência de publicidade W&R.

A Minneman Blues Band é formada por Wolfram e Carl Minneman, Mano Zé, entre outros.

Biografia retirada daqui