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domingo, 25 de dezembro de 2022

Peter O'Toole


No meio do inesquecivel deserto da Arábia, os seus olhos azuis eram um irradiar de energia como há muito o cinema não vi. Tomara a todos os actores poderem dizer que se estrearam como Peter O´Toole, que consegue o seu melhor papel de sempre naquele que foi também o seu primeiro filme.
Irlandes de temperamento agitado, tinha tido umas breves participações em três filmes na altura em que foi escolhido para ser T.E. Lawrence. Não era nem a primeira, nem a segunda escolha, mas a sua presença fizeram de Lawrence of Arabia um dos maiores filmes da história. Apesar de todos os prémios que o filme ganhou, O´Toole falhou em conquistar o óscar, uma maldição que o iria perseguir para a vida em sete diferentes tentativas.
Depois de três anos a viver á sombra do sucesso, mas um assombroso desempenho em Becket, onde contracena com Richard Burton, o seu maior rival, vivendo o rei Henrique II de Inglaterra. Será novamente como Henrique II, mas numa versão mais rude e brutal que O´Toole volta a alcançar a perfeição com que iniciara a carreira, em The Lion in Winter. Pelo meio tinham ficado Lord Jim, esse estrondoso e brilhante falhanço, What´s New Pussycat? e o inesquecivel anjo Gabriel de The Bible. Em 1969 consegue a sua quarta nomeação na mesma década ao protagonizar Goodbye Mister Chips!, filme que até já tinha dado um óscar a Robert Donat trinta anos antes.
The Ruling Class em 1972 é a sua quinta nomeação e o seu mais fascinante trabalho da década de 70. Seguem-se The Man From La Mancha, onde é um improvável Don Quixote, Caligula e The Stunt Man, penultima nomeação e um dos seus mais interessantes trabalhos. Em 1982 última nomeação, desta feita por My Favourite Year, mais um trabalho notável, e em 1987 encontramo-lo no multi-premiado The Last Emperor. No final dos anos 80 O´Toole desaparece. É recuperado por Wolfgan Peterson em Troy, no ano passado, e desde aí parece ter retomado a actividade regular de actor. O óscar honorário de 2002 serviu para fazer as pazes com a Academia, mas tal como o seu rival e amigo Burton, ele é um dos grandes injustiçados da história do cinema.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Morgan Freeman


São quarente anos de carreira a brilhar de forma intensa mas sempre extremamente humilde. Considerado durante inumeros anos como o melhor actor negro em Hollywood, viu o jovem Denzel Washington recolher as estatuetas. Para ele ficou uma legião imensa de fãs e a esperança de que um dia a recompensa irá chegar.

Nasceu a 1 de Junho de 1937 em Memphis, Tennessee. Tipico filho do sul, cresceu no grande bairro negro da capital de um dos mais populosos estados do sul. Depois da escola chegou a altura de ir trabalhar. A escolha recaiu na Força Aerea norte-americana onde foi mecânico. Na altura sonhava em ser um dos ases do exército mas depressa se convenceu que teria mais futuro na representação. E assim foi. Depois de entrar em peças de teatro locais, deu o grande salto para a televisão na serie infantil The Electric Company. Durante quinze anos Morgan Freeamn seria mais conhecido pelo seu trabalho nos palcos e na televisão do que propriamente no universo cinematográfico. Em 1981 assumiu-se definitivamente como uma das maiores estrelas negras ao viver Malcom X em The Death of a Profet. Seguiram-se outros papeis cheios de vida como Harry and Son e Marie. Em 1987 chegava a primeira nomeação ao óscar pelo seu papel de chulo em Street Smart. Hollywood estava espantada com o seu talento e começaram a chover papeis. Com 50 anos era um inicio de carreira tardio mas que viria a revelar os seus frutos.


O final da década de 80 mostrou um Freeman em grande forma. Depois de vários papeis de sucesso chegava em 1989 a sua primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor pelo notável desempenho de chauffer em Driving Miss Daisy. Poderia ter sido o primeiro negro a erguer a estatueta em vinte e cinco anos mas a vitória acabou por ir parar às mãos de Daniel Day-Lewis. Mas esse tinha sido um grande ano para o actor. Johnny Handsome e especialmente Glory - que marcou igualmente a ascensão de Denzel Washington e o seu primeiro óscar - mostraram que era já um actor de eleição.
The Bonfire of Vanaties e um interessante Robin Hood : The Prince of the Thieves marcaram a viragem de década mas seria no aclamado Unforgiven que Freeman voltaria a destacar-se dos demais.
Em 1994 chegava a sua terceira e última nomeação ao óscar, pelo seu assombroso desempenho como Red em The Shawshank Redemption. Derrotado por Tom Hanks, o veterano Freeman começava a caminhar para o restrito grupo dos injustiçados.


O ano seguinte abriu com mais um excelente desempenho em S7ven, seguindo-se Outbrake e Moll Flanders, dois filmes extremamente interessantes. Em 1997 voltava à ribalta com Amistad, o épico falhado de Steven Spielberg, e faria de presidente dos Estados Unidos (o primeiro negro a faze-lo) em Deep Impact. Cada vez mais respeitado, a verdade é que nos últimos anos foram papeis mais leves aqueles que deram notoriedade a Freeman. De Nurse Betty a Bruce Almighty (de novo o primeiro negro a fazer de Deus) passando por Levity, Dreamcatcher, The Sum of All Fears e Along Came a Spider.
Para este ano há uma leve esperança de voltar a ver Freeman num daqueles papeis oscarizáveis em The Million Dollar Baby de Clint Eastwood. Caso contrário há já dez projectos confirmados para os próximos dois anos, de Batman Begins a Edison passando por A Long Walk to Freedom onde viverá a mitica personagem de Nelson Mandela.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Elizabeth Taylor

A mais bem sucedida menina-prodigio de Hollywood. Começou a fazer filmes quando tinha apenas 11 anos, no mitico filme Lassie Come Home. A partir daí foi-se estabelecendo como uma das mais talentosas, carismáticas e sensuais actrizes de sempre. Manteve sempre o seu estilo próprio, mesmo na era onde as loiras voluptuosas dominavam. Teve uma vida cheia de precalços mas destacou-se sempre pela fidelidade aos seus amigos, desde Rock Hudson a Montgomery Clift, passando também por Michael Jackson, que ajudou até ás últimas consequências. É um dos últimos mitos vivos da idade de ouro de Hollywood.
Poucos imaginavam que a simpática rapariga dos filmes da cadela Lassie crescesse tão depressa. National Velvet, onde contracenava com Mickey Rooney, fez dela uma estrela aos 13 anos de idade. Seguiram-se novas aventuras com Lassie mas entretanto os estúdios MGM não sabiam o que fazer com ela. Aos 14 anos já tinha um corpo de mulher muitissimo bem definido e os papeis em filmes infantis começaram a parecer impróprios. A inicio ainda tentaram disfarçar a voluptuosidade da jovem com camisolas largas, mas apenas com 16 Elizabeth Taylor começa a interpretar papeis de adulta. Em 1950 tem o seu primeiro grande sucesso nesta segunda fase da sua carreira no filme Father of the Bride, com Spencer Tracy. No ano seguinte divide o ecrãn com o seu grande amigo Montgomery Clift em A Place in the Sun. A sua sensualidade é avassaladora e Hollywood cai imediatamente aos seus pés. Tinha apenas 19 anos.
A primeira metade dos anos 50 é pouco prolifera em grandes papeis, mas em 1956 a actriz entra em The Giant, ao lado dos amigos Dean e Hudson, voltando a afirmar-se como a actriz de uma geração. No ano seguinte é nomeada ao óscar pela primeira vez no épico sulista Raintree Country. Começa aí a brilhante sucessão de papeis de Taylor que terminará apenas em 1968. Nos anos seguintes entra em Cat on a Hot Thin Roof, Suddenly Last Summer e Butterfield 8. Pelo terceiro filme vencerá o seu primeiro óscar, à quarta nomeação. No entanto esse foi um prémio de simpatia. O seu terceiro marido, Michael Tood, tinha morrido semanas antes num desastre de aviação e a própria Taylor estava ás portas da morte. O óscar para uma moribunda acabou por ser apenas o primeiro de uma carreira que ainda tinha muito para dar.
Três anos depois a actriz é a estrela de Cleopatra. O filme foi um fracasso mas esteve cheio de histórias no elenco. Taylor exigiu que fosse Burton a interpretar Marco António e na rodagem do filme apaixonaram-se e casaram-se de seguida, tornando-se no mais badalado casal do mundo. Ainda nas rodagens do filme Taylor volta a estar ás portas da morte, tendo mesmo sido declarado morta por alguns jornais. Nesse mesmo ano faria ainda V.I.P.´s o segundo de doze filmes que fará com Burton. Entre esses o mais espantoso é seguramente Who´s Affraid Virginia Wolf?, o seu melhor desempenho coroado com o segundo óscar em oito anos. Elizabeth Taylor, ja mãe e ainda doente, era com 36 anos a maior estrela de Hollywood, superando mesmo o apagado Brando, e as rising stars Newman, O´Toole e o próprio Burton.
No entanto os seus insistentes problemas de saúde, a relação tempestuosa com Burton que levou a dois divórcios e um segundo casamento em três anos, acompanhados pela forte dependência do alcool, terminaram com a carreira da actriz ainda aos 40 anos. Hoje, Taylor mostra ter desejo de um comeback, mas a sua frágil doença dificilmente o permitirá. Ficam no entanto algumas das melhores cenas da história do cinema, protagonizadas por esta verdadeira deusa de Hollywood. Se Hollywood fosse o Olimpo, Elizabeth Taylor seria Afrodite.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Jack Lemmon


Provavelmente um dos maiores actores de comédia de sempre (apesar de não ser um cómico como o eram Chaplin, Keaton, Groucho, Lewis ou Sellers), mas também capaz de desempenhos dramáticos assombrosos, Jack Lemmon é um icone de uma forma de fazer cinema que já não existe. 

Sempre capaz de brincar com os seus próprios defeitos - um pouco desengonçado, picuinhas, sem grande sentido de humor, resmungão - fez com Billy Wilder e Walter Matthau uma das melhores triplas de todos os tempos. Começou a sua carreira em 1949 mas foi em 1955 no polémico Mr Roberts - o tal filme que acabou com a amizade de Ford e Fonda - que Jack Lemmon se destaca, vencendo de forma surpreendente um óscar. Era apenas o seu décimo filme. 

Durante quatro anos anda perdido em papeis com que não se identifica até que em 1959 conhece Billy Wilder. O realizador junta-o a Tony Curtis e Marilyn Monroe e juntos criam a maior comédia da história do cinema, o inesquecivel Some Like it Hot. O filme consagra Lemmon como um actor popular e bem recebido pelos criticos mas o "furacão" Ben-Hur rouba-lhe o segundo óscar. 

No ano seguinte a dupla Wilder-Lemmon volta a ser bem sucedida, com uma serie de óscares por The Apartment. Em 1962 Lemmon experiementa pela primeira vez com sucesso o registo dramático em Day of Wine and Roses, que lhe valem uma quarta nomeação e o aplauso da critica. Em 1963 mais um filme com Shirley MacLaine e Billy Wilder, o irresistivel Irma la Douce. Em 1965 a sua carreira sofre uma reviravolta. Conhece Walter Matthau e juntamente com ele criam uma das maiores duplas de sempre da história do cinema, com Billy Wilder por trás da camara. 

O primeiro filme em conjunto, The Fortune Cookie, dá o óscar a Mathau e cria uma empatia que nunca mais desaparecerá. The Odd Couple, baseado numa peça de Neil Simon consagra as personagens de Felix Unger e Oscar Madisson que irão recuperar por diversas vezes ao longo da carreira. Ainda com Matthau e Wilder faz The Front Page em 1974 e Buddy Buddy em 1981. Por essa altura Jack Lemmon já é um consagrado actor dramático. 

Conquistara o seu óscar como actor principal em 1973 no drama Save the Tiger, e voltaria a ser nomeado por três vezes por The China Syndrome, Tribute e Missing. Nos anos 90 volta aos filmes com Walter Matthau em Grumpy Old Men e Grumpier Old Men. Antes já tinha passado por JFK e Glengarry Glen Rose. Em 1998 faz o seu último filme com Walter Matthau, The Odd Couple II, recuperando as personagens que o tinham imortalizado. Dois anos depois morre Matthau deixando Lemmon destroçado. 

O seu cancro só lhe permitirá viver mais um ano. Com a sua morte, o mundo perdeu uma das pessoas que mais o fez rir durante meio século.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Jack Nicholson

É um dos mais premiados actores de sempre. Detem o record de vitórias dos Globos de Ouro, prémios da critica de Nova Iorque, Los Angeles, San Francisco e é o actor com mais óscares na história. Ou seja, o seu gigantesco talento, provado por mais de uma dezena de obras-primas, foi amplamente recompensado fazendo dele o mais bem sucedido actor da sua geração.
Começa a sua carreira nos filmes de terror, onde é aproveitada a sua figura bem diferente da que estavamos habituar a ver nas grandes estrelas. O seu passado sombrio - foi educado pela avó julgando-a sua mãe, com a mãe fazendo-se passar por irmã - conferia-lhe uma aura inesquecivel. Em 1969 junta-se a Peter Fonda e Dennis Hopper na louca viagem de Easy Rider, e é nomeado pela primeira vez ao óscar. Em 1970 é nomeado pela segunda vez pelo seu notável papel em Five Easy Pieces. Em 1973 a sua carreira arranca de uma forma notável. Primeiro por The Last Detail, depois em Chinatown e por fim em One Flew Over the Cuckoo´s Nest, chega o óscar que já perseguia insistentemente. Altamente alternativo, provocador e cabotino, fez uma parceria histórica com Brando em Missouri Breaks, e em 1980 é um dos vilões mais assustadores do cinema em Shinning. É Eugene O´Neill em Reds, e continua como secundário de luxo em Tearms of Endearment, onde ganha o segundo óscar. Volta de novo á sua melhor forma na segunda metade dos anos 80 em The Witches of Eastwick, Prizzis Honor, Ironweed e Batman. Em A Few Good Man protagoniza uma das cenas icónicas dos anos 90 ao lado do jovem Tom Cruise. Depois de uns anos 90 de menor produtividade, chega magnifico em As Good As It Gets açambarcando o seu terceiro óscar, tornando-se nesse ano o actor mais premiado da história. Volta a brilhar para o jovem Alexander Payne em About Schmidt, mas em Something´s Gotta Give mostra continuar igual a si mesmo. The Departed é uma incógnita mas saber que o sempre alucinado Nicholson anda por aí, deixa-nos dormir melhor. Para bem do cinema!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Uma Thurman

Fez-se com Tarantino e disso não há dúvidas. É ele que lhe consegue retirar todo o seu potencial como actriz dramática. Mas a sua carreira tem vivido de outros papeis interessantes, que fazem dela uma das actrizes mais respeitadas da actualidade...

Nasceu a 29 de Abril de 1979 em Boston, filha de uma modelo sueca e um professor de orientação budista. Cresceu num ambiente extremamente orientalizado, com visitas regulares do Dalai Lama a sua casa. Desde sempre sonhou em ser actriz e aos 15 anos abandonou a escola onde estava para prosseguir o seu sonho em Nova Iorque.
O seu primeiro papel no cinema chegaria em 1988, depois de ter feito alguns trabalhos como modelo. Depois de pequenos desempenhos em Johnny Be Good, Kiss Daddy Goodnight e The Adventures of Baron Munchausen chegou o seu primeiro desempenho de destaque. Foi no filme de Stephen Frears, Dangerous Liaisons onde vivia a jovem inocente, que mais tarde se tornará praticamente numa ninfomaniaca, Cecille de Volanges. Com 18 anos Thurman mostrava querer ser actriz a sério, dando um notável desempenho. As cenas de nus, não habituais em actrizes tão jovens então, ajudaram a fazer dela um sex-symbol. Dois anos depois, ao viver a mulher de Henry Miller em Henry and June, a jovem Uma Thurman voltava a quebrar todas as barreiras e afirmava-se como uma jovem starlett em Hollywood.


O inicio dos anos 90 não lhe correu tão bem como esperava. O seu breve casamento com Gary Oldman verificou ser um fracasso e os filmes em que participou a partir de Henry and June não convenciam nem a critica nem o público. Seria Quentin Tarantino quem voltaria a pegar em Uma Thurman para fazer dela uma estrela. O filme, como todos sabem, era Pulp Fiction e o seu desempenho como Mia Wallace foi de tal forma espantoso que lhe valeu a nomeação ao óscar de melhor actriz secundária, óscar que viria a perder no entanto.
Mesmo assim parecia que a sua carreira estava de novo lançada. Seguiram-se prestações em blockbusters como Batman and Robin, a tentativa falhada de Joel Schumacher em dar vida ao Homem-Morcego, e em The Avengers, a adaptação de uma popular serie britânica dos anos 60 que acabaria por se revelar um fracasso total.
Em 1997, Uma conheceria Ethan Hawke nas filmagens de Gattaca, um thriller de sci-fi. O casal apaixonou-se e casou de imediato, estando agora num processo conturbado de divórcio. O filme foi aplaudido por uma pequena franja de espectadores e foi preciso Woody Allen - em Sweet and Lowdown - e Richard Linklater - em Tape - para voltarem a colocar Uma no mapa.


Com o início do novo milénio a carreira de Uma ganhou nova vida. Primeiro foi o Globo de Ouro em televisão pelo seu desempenho em Histerical Blindness. E depois foi o recuperar da colaboração com Quentin Tarantino em Kill Bill. Ajudando a compor a essência da sua personagem, The Bride, Uma Thurman ganhou especial destaque neste filme dividido em dois que dividiu também opiniões, mas que valeu em dois anos consecutivos a nomeação de Uma ao Globo de Ouro como melhor actriz dramática. Nenhuma resultou em vitória ou em nomeações aos óscares, mas Kill Bill tornou-se num marco da filmografia recente.
Para os próximos anos, Uma Thurman vai estar envolvida em vários projectos que vão desde Be Cool, já estreado, a Prime - a estrear este ano - até The Producers, adaptação do musical da Broadway ao cinema e cuja estreia está agendada para o final de 2005.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Jeff Bridges


Encarnou a personagem mais "cool" da história do cinema. Aliás, há em cada uma das suas vidas cinematográficas uma onde bom humor e um espirito alegre que se torna contagiante para todos que o vêm trabalhar. Ele é hoje o simbolo perfeito de uma forma diferente de encarar a arte de representar...

Foi uma das maiores promessas da geração de 65 e durante alguns anos houve quem temesse que não passasse disso mesmo. Uma promessa. Mas os últimos vinte anos têm ajudado a mostrar um actor mais maturo e fresco, sem medo de enfrentar desafios, por muito dificeis que eles possam parecer. Por isso é que já está na altura de coroar Jeff Bridges.

Filho da California, nascido a 4 de Dezembro de 1949 em Los Angeles, sempre teve a representação nas veias. O pai era Lloyd Bridges, conhecido actor de westerns. O irmão, com quem contracenaria no inesquecivel The Fabulous Baker Broys, é Beau Bridges. E por isso é natural que Jeffrey Leon Bridges acabasse eventualmente por ser também ele actor.
Aos dois anos já surgia em filmes, fazendo pequenos papeis de criança. Foi aos 20 anos, em 1969, que se começou a destacar na televisão no filme Silent Night, Lonely Night. O filme Hells of Anger começava a mostrar um Bridges como jovem rebelde sem causa, imagem que ficaria eternizada no seu notável desempenho em The Last Picture Show, filme de Peter Bogdanovich de 1971. Para além de ter sido um dos grandes filmes do ano, a verdade é que Bridges começou a consolidar a sua carreira com uma precoce nomeação ao óscar de melhor actor secundário.


Seguiram-se uma serie de papeis que seguiam a imagem criada por Bridges no filme de Bogdanovich em filmes como Fast Picture, Bad Company, The Last American Hero e Thunderbolt and Lightfoot, filme pelo qual foi nomeado pela segunda vez ao óscar, depois de ter roubado todas as cenas a Clint Eastwood.
O problema começou então. Os seus papeis estavam gastos e as novas abordagens não iriam resultar. King Kong, Somebody Killed Her Husband e Heavan´s Gate foram fracassos a todos os niveis, e agora com 30 anos, a carreira de Bridges teimava em não sair do sitio.
Este foi um cenário que se tornou recorrente até 1984. Dez anos perdidos que Bridges não deve querer lembrar tão cedo.
Mas com Starman, filme de 84, estava de volta o melhor Bridges. Um desempenho absolutamente notavel como um extra-terrestre que chega a terra e adquire forma humana, valeu-lhe a primeira nomeação ao óscar de Melhor Actor. E permitiu-lhe voltar a pensar numa carreira ao mais alto nivel. O mais dificil tinha ficado para trás.


Seguiram-se então nos anos seguintes uma serie de excelentes desempenhos em filmes muito aceitaveis. Primeiro foi Jagged Edge, depois 8 Million Ways To Die e, acima de tudo, Tucker : The Man and His Dream, filme poético de Francis Ford Copolla, que lhe proporcionou o seu melhor papel de sempre, apesar de ter sido ignorado pela Academia. No ano seguinte chegou a parceria com o irmão Beau, e com a diva Michelle Pfeifer em The Fabulous Baker Boys, um dos filmes mais interessantes do ano.
A carreira de Bridges continuava em alta no inicio da nova década. Primeiro revisitou o universo de Bogdanovich em Texasville e depois entrou, lado a lado com Robbie Williams, no filme de Terry Gilliam, The Fisher King.
1992 viria a mostrar mais um grande Bridges em American Heart e no ano seguinte viria aquele que é o seu papel favorito, Fearless. E quando muitos pensavam que o ritmo iria abrandar, ainda deu tempo para Wild Bill em 1995, uma abordagem realista e crua à vida do famoso Buffalo Bill.


Depois de dois anos em baixa, o grande regresso chegava em 1998 com Big Lebowski. O filme dos irmãos Coen é um dos mais fabulosos da década e o desempenho de Bridges como "The Dude" é sublime. No entanto, como habitualmente, a Academia preferiu ignorar esta pequena obra de arte. E Bridges continuava sem vencer prémios.
No ano seguinte, 1999, haveria Arlington Road, espectacular thriller com Tim Robbins, e em 2000 chegaria a sua 4º nomeação ao óscar, desta vez a terceira como melhor actor secundário, pelo filme The Contender onde viveu o Presidente dos Estados Unidos. Mais uma vez o prémio foi para outro.
K-Pax iria marcar o ano de 2001 para Bridges, num excelente contra papel a Kevin Spacey, no primeiro filme pós-óscar, e se em 2002 não haveria Bridges, este voltava no ano seguinte em força em Seabiscuit. Papel notável mas nem sequer considerado pela Academia, apesar das sete nomeações do filme.
Para 2004 ficou mais um "enorme" desempenho em The Door in the Floor e no próximo ano poderemos ver este grande actor em The Moguls e Tideland.


Um dos actores menos valorizados mas ao mesmo tempo, um dos mais completos da industria cinematografica norte-americana, Jeff Bridges é hoje um dos grandes injustiçados da história do cinema. Com 55 anos muitos acreditam que a sua hora chegará em breve, mas a verdade é que depois de trinta anos a brilhar ao mais alto nivel, esperava-se já um sinal de reconhecimento por parte dos seus pares. No entanto Bridges está na boa. Tranquilo, preparado para quando o momento chegar. E se não chegar? Paciência dira ele com aquele sorriso do tamanho do mundo.

domingo, 20 de novembro de 2022

Sean Penn

É uma das vozes mais criticas de Hollywood. Aponta todos os aspectos negativos por onde passa, desde o coração da industria cinematográfica às politicas do executivo federal. Hoje é visto finalmente como um dos grandes da sua geração. Mas para lá chegar teve de lutar muito.

A 17 de Agosto de 1960 nasceu na solarenga Califórnia Sean Justin Penn, hoje conhecido como um dos três maiores actores da geração de 85, lado a lado com Tom Hanks e Denzel Washington.
Os pais estavam no mundo do espectáculo e por isso foi fácil perceber o porquê dele, e do seu jovem irmão Chris, terem sido sempre empurrados para esse mundo. O pai, Leo Penn era realizador e tinha sido um dos nomes riscados na Caça às Bruxas dos anos 50.A mãe Eileen Ryan uma actriz de estúdio. Mesmo assim só aos 21 anos é que chegou o primeiro papel para o jovem Sean. O filme foi Taps e foi o inicio da carreira deste jovem e explosivo actor. Seguiu-se um divertido papel no filme de culto Fast Times at Rigdemond High.
Em 1984 foi considerado uma das 10 maiores promessas do cinema norte-americano. Já na altura lhe detectavam as suas principais caracteristicas. Sofredor, autor de um notável controlo de timing, praticante eximio do inner acting e explosivo como poucos.


Seguiram-se notáveis performances em Racing With the Moon, The Falcon and the Snowman, At Close Range, We´re No Angels e Casualties of War. Aos poucos tinha-se tornando numa das grandes referências para os actores mais jovens da década de 80. Por essa altura era mais conhecido por ser casado com Madonna, de quem se divorciaria no final de 1989. A nova década começari a brilhar nos seus primeiros papeis de destaque. State of Grace foi um dos mais interessantes filmes do inicio da década e permitiu-lhe conhecer a sua actual mulher Robin Wright-Penn. Nesse mesmo ano, 1991, estreou-se na realização em Indian Runner. Carlito´s Way voltava a mostra a sua melhor face em 1993 e conseguiu a sua primeira nomeação ao óscar em 1995 com o seu notável papel em Dead Man Walking.
Voltaria aos seus melhores papeis dois anos depois em The Game e no final dos anos 90 mostrou-se em grande estilo em The Thin Red Line e Sweet and Lowdown, filme de Woody Allen.


No entanto os maiores momentos da sua carreira chegariam nos últimos cinco anos.
Primeiro em Before Night Falls em 2000 e no ano a seguir em I Am Sam. Um dos papeis mais comoventes dos últimos anos valeu-lhe a nomeação ao óscar. Apesar de muitos considerarem que seria um justo vencedor, acabaria derrotado. Mas o seu melhor momento estava aí. Dirigiu o fraco The Pledge mas no ano passado entrou em dois dos maiores filmes do ano. Primeiro em 21 Grams, onde é explosivo e espantoso como nunca o viram, e depois em Mystic River. Aqui conseguiu o seu melhor desempenho de sempre, o melhor do ano e um dos mais interessantes dos últimos anos. Apesar de muitos não acreditarem, a consagração chegou com o seu primeiro óscar. Um óscar emotivo para um rebelde eterno como é Sean Penn.
E quantoso muitos pensavam que ele iria voltar a papeis menos conseguidos, eis que ele apresenta um rol de intensas interpretações. Primeiro em The Assassination of Richard Nixon, já este ano, e em The Interpreter e All the King´s Men nos próximos dois anos. É caso para dizer que o melhor Penn pode mesmo ainda não ter aparecido.



terça-feira, 15 de novembro de 2022

Natasha Henstridge

Uma actriz de uma beleza incomparável. Uma sex-symbol de um país onde a paz e a harmonia são a nota dominante. Um valor por explorar verdadeiramente pelas produtoras de Hollywood...

Pela sua beleza e porte não é dificil perceber que a carreira de Natasha Henstridge começou nas passerelles.
A agora actriz nasceu a 15 de Agosto de 1974 no Canada. Depois de uma infância perfeitamente normal, saiu de casa aos 14 anos para tentar a sua sorte como modelo em Paris. Teve grande sucesso após um curto periodo de experimentação por várias casas e acabou por se consagrar como uma das mais conceituadas modelos da passerelle parisiense. Aos 15 anos já era capa da Comsopolitan e aos 16 já fazia diversos anuncios publicitários. Parecia estar destinada ao sucesso como modelo, mas o glamour do cinema falou mais alto.
O seu primeiro papel no cinema chegaria com 21 anos no filme de ficção cientifica Species. A sua beleza terá sido a principal razão porque foi escolhida para o papel, mas a sua performance não foi tão má como muitos julgaram possivel. E foi o inicio de uma carreira de uma década.


Maximum Risk marcou a sua segunda passagem por Hollywood onde os papeis que lhe surgiam encaixavam bem no esteriótipo de loira com medidas generosas. Se Henstridge queria ser uma actriz a serio, este certamente não era o caminho. Como não foi fazer a sequela de Species, considerada uma das piores de sempre no genero. O filme viva do corpo nu da actriz, algo que nunca é lisongeiro para qualquer filme, mesmo que a actriz seja Henstridge. Sendo assim, em 1998 a sua carreira estava na mó de baixo. Bella Dona marcou a sua estreia no cinema brasileiro mas o filme acabou por ser um fracasso. Seguir-se-iam papeis em filmes como Dog Park e A Better Way to Dye. E quando todos pensavam que a sua carreira estava condenada a desaparecer, eis que surge The Whole Nine Yards, uma divertidissima comédia com Bruce Willis no principal papel que recuperou o nome de Henstridge junto do público e dos produtores de Hollywood. Um volte face que poderia ter sido aproveitado. Mas que acabou por não ser.



Depois de ter sido votada a mulher mais bela do mundo e de ter feito vários ensaios para inumeras revistas, Henstridge deixou-se cair de novo em pequenas produções. Bounce, Second Skin e Riders não fizeram muito pela sua carreira. Tal como a sequela, também ela uma desilusão, de The Whole Nine Yards, agora com o titulo de The Whole Ten Yards. E para complicar o cenário há ainda Species III, o filme em que o corpo, mais do que o talento, volta a ser cabeça de cartaz. Para quem augura uma carreira de sucesso a Henstridge, o que é perfeitamente concebivel, um cenário marcado por este genero de produções não é bem o mais adequado. Mas quem sabe? Talvez se escreva direito por linhas tortas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

António Banderas



Aprendeu com o mestre Almodovar a não ter medo de dar tudo por todo. Depois de um estágio longo ao serviço do carismático realizador espanhol decidiu experimentar o cinema na versão de Hollywood. E ninguém poderá dizer que não se saiu bem. Afinal ele éa inda, aos quarenta e quatro anos, a personificação perfeita do latin lover...

Nasceu em Malaga, no sul da vizinha Espanha, a 10 de Agosto de 1960 com o nome de José Antonio Domínguez Bandera. Os pais eram gente simples e o seu sonho era o de qualquer miudo espanhol: ser jogador de futebol. Só que aos 14 anos o pequeno Antonio partiu um pé e hipotecou uma carreira no mundo do desporto. Foi então que surgiu a representação. Depois de vários anos a trabalhar em peças escolares e pequenas companhias locais, aos vinte anos António rumou a Madrid onde entrou no mundo do teatro espanhol e, ao mesmo tempo, começou a surgir em series e novelas televisivas. Na Espanha do pós-franquismo o jovem Antonio começava a ganhar protagonismo. Depois conheceu Pedro Almodovar, um jovem realizador excêntrico que iria mudar o cinema espanhol, e nada foi o mesmo.


Laberinto de pasiones, de 1982, foi a sua estreia no cinema e logo pela mão daquele que se viria a revelar o maior realizador espanhol de todos os tempos. Banderas interpretava um gay que era ao mesmo tempo um terrorista islâmico. Era o primeiro de muitos papeis delirantes que o actor interpretava para Almodovar, que neste sua primeira fase era também o realizador mais barroco da Europa. Durante os dez anos seguintes Banderas trabalhou com Almodovar e com vários emergentes realizadores espanhois. Filmes como El Senõr Galiendez ou Caso Cerrado foram reforçando o seu papel no meio cinematográfico espanhol. Mas seriam os seus filmes almodovarianos - Matador, La Ley del Deseo, Mujeres al bordio de un ataque de nervios e Atame! - que o tornariam um icone do cinema espanhol dos anos 80.


Em 1992 o salto para Hollywood no filme Mambo Kings. Como continuaria a acontecer com regularidade, o seu forte sotaque andaluz levou a que os seus papeis tivessem sempre uma origem latina. Em Mambo Kings foi um dançarino cubano de grande talento. Já em The House of Spirits, filmado em Portugal, trabalhou ao lado de alguns dos grandes actores de Hollywood como Meryl Streep, Jeremy Irons e Glenn Close. No mesmo ano seria o amante de Tom Hanks em Philadelphia, filme pelo qual foi bastante aplaudido pela critica. A sua carreira nos Estados Unidos ia de vento em popa.
O seu papel principal chegaria com Of Love and Shadows, um melodrama de 1994 com Jennifer Connely que acabou por não ter grande aceitação por parte da critica. Nesse mesmo ano seria Armand, o lider dos vampiros parisienses em Interview With the Vampire, onde contracenou com Brad Pitt e Kirsten Dunst.


A sua estreia como actor principal lançaria-o para novos voos. E em 1995 foi a afirmação definitiva de António Banderas como a estrela latina de Hollywood.
Desperado seria o papel que o lançaria para a fama. Neste filme de Robert Rodriguez - continuação de El Mariachi - e com Salma Hayek e Joaquim de Almeida, Banderas é um tocador de viola que vive de outro grande talento: a arte de matar tudo o que se mexe. O filme tinha cenas de acção verdadeiramente espectaculares e um humor truculento que impressionou tudo e todos. Ainda nesse ano e ao lado de Juliane Moore e Silvester Stallone (num filme escrito pelos irmãos Wachowski, que mais tarde criariam The Matrix) Banderas surge em Assassins mantendo bem viva a chama de eximio atirador que ganhara no filme de Rodriguez. O ano acabaria com o thriller-erótico Never Talk To Strangers onde Banderas seduz Rebeca de Mornay.


No final de 1995 tinha estreado Two Much. O filme era uma comedia romantica sem grande argumento mas acabou por ser um filme marcante na carreira de Banderas. O actor conheceu Melanie Grifith, a filha de Tippi Hedren, e ambos apaixonaram-se de imediato. Um ano depois o casal dava o nó (Banderas já tinha estado casado entre 1987 e 1996 com uma actriz espanhola) e começava uma das mais famosas e duradouras relações de Hollywood.
E depois de um ano de extrema violência, eis que chegou o ano dos papeis dramáticos. Em 1996 o actor espanhol é o Che ao lado de Madonna no musical Evita. Banderas conseguiria por este filme uma nomeação ao Globo de Ouro de melhor actor (que perderia para Tom Cruise), a prova de que o seu trabalho estava mesmo a ser apreciado em Hollywood.


Em 1998 surgiu The Mask of Zorro. O filme foi um êxito tremendo e António Banderas voltou a mostrar porque era o perfeito sex-symbol latino nos Estados Unidos. Ao lado do veterano Anthony Hopkins e da estreante Chaterina Zeta-Jones, o espanhol é eloquente como o sucessor do mitico heroi californiano. E no ano seguinte mais um grande exito, desta vez em The 13th Warrior onde encarna um guerreiro árabe que tem de lutar ao lado de uma tribo viking contra um inimigo nunca visto. Um belissimo filme de acção e mais um desempenho a juntar ao livro de notas. Banderas estava em alta e nem o delirante The White Kid River abalou o seu protagonismo. Até porque Play it With the Bone, o filme onde partilhou o ring de box com Woody Harrelson foi um sucesso de box-office.
Nesse ano de 1999 Banderas estreava-se na realização. Crazy Alabama (que contava no elenco com toda a familia, desde a mulher até aos seus jovens enteados). Apesar de não ter sido dos melhores filmes do ano foi curiosa a forma descontraida com que o actor experimentou o outro lado da camara.


The Body, onde viveu um padre católico que vive na dúvida sobre se a morte de Cristo foi real ou não, e Spy Kids, onde trabalhou de novo com Robert Rodriguez, marcaram o seu regresso ao cinema depois de ano e meio de ausência. Banderas decidira experimentar o teatro norte-americano na Broadway e saiu-se tão bem como tinha sucedido na sua Espanha natal. O final desse ano ficaria marcado por Original Sin, o thriller erótico em que partilhou o ecrãn - e a cama - com a emergente Angelina Jolie.


Em 2002 regresso à saga Spy Kids, mas, mais do que isso, dois dos filmes mais aplaudidos do ano contaram com a sua presença.
Em Frida, Banderas volta a trabalhar com Salma Hayek (filme que lhe valeu a sua nomeação ao óscar) e em Femme Fatale, ao serviço de Brian de Palma, Antonio Banderas dá um desempenho extraordinário ao lado da bela Rebeca Romjin-Stamos. O ano não acabaria sem um pequeno flop, Balistic, que no entanto passaria despercebido. 
E em 2003, para além de completar a trilogia Spy Kids, num papel muito fora do normal na sua carreira, houve a oportunidade de viver a personagem Pancho Villa num telefilme de sucesso And Starring as Pancho Villa Himself. Mas o grande destaque do ano acabou por ser o seu regresso à personagem El Marachi em Once Upon a Time in Mexico. Mais uma vez um filme de acção cheio de garra por parte de Robert Rodriguez que recolocou Banderas no mapa das grandes personagens de acção. Ele que acabaria por ser revelar uma das maiores estrelas de um grande exito de 2004, Shrek 2. A sua personagem, o Gato das Botas, trouxe outra vida ao filme e a sua voz marcadamente latina conquistou os espectadores de todas as idades. 


Neste momento Banderas está a gravar o esperado The Legend of Zorro, a continuação do seu grande sucesso de 1998. Para além disso há sempre a Broadway, onde o actor gosta de actuar com regularidade, e a sua paixão pela realização. Banderas é hoje um actor extremamente popular e com grande talento. Aos 44 anos está no pique da sua forma e não nos admirariamos se nos próximos anos ele volte a dar um salto qualitativo imenso, fazendo desta uma biografia quase obsoleta.

sábado, 5 de novembro de 2022

Sean Connery

É um mito e ninguém o pode negar. É um grande actor mas já passou para a posteridade como um dos homens mais sexy e charmosos de todos os tempos. Consegue com o seu carisma iluminar uma caverna tenebrosa. Faz o mesmo com os filmes em que entra. Deus pode não ter criado todos os homens à sua imagem e semelhança. Mas se há alguém assim, ele é sem dúvida nenhuma, Sir Sean Connery.


O seu sotaque não engana ninguém. Hoje ele é o maior mito da Escócia. Um embaixador do Império Britânico. Um exemplo a seguir por todos. Celebrizou-se como James Bond mas há muito que conseguiu criar uma identidade afastada da mitica personagem que encarnou pela primeia vez em 1962. Hoje ele é um dos maiores nomes da industria cinematográfica. E um dos actores com mais adeptos em todo o mundo. Incluindo aqui.

Nascido a 25 de Agosto de 1930 em Edinburgh, ele personifica o verdadeiro operário de classe média baixa que encontra sucesso no cinema. A sua infância foi passada entre as ruas da capital escocesa e alguns trabalhos casuais. Depois de ter perdido a virgindade com 11 anos para uma prostituta - um mito que se tornaria cada vez maior com o passar dos anos - aos 16 foi para a Marinha britânica. Quando saiu aceitou posar nu para estudantes de arte para ganhar a vida, e aos 18 anos começou a preparar o fisico para atacar o titulo de Mister Universo. Conseguiu-o em 1950. Depois passou para o cinema de forma gradual. A estreia chegaria apenas em 1954 no filme Lilac on the Spring. Durante os oito anos seguintes faria 20 filmes, dos quais MacBeth, Tarzan e Another Time, Another Place são os mais marcantes. Mas foi ao vê-lo em Darby O´Geel and the Litlee People que o produtor Joseph Brocolli se convenceu que ele era o homem certo para viver Bond, James Bond no seu primeiro filme. Ian Fleming, que tinha escrito o papel a pensar em Cary Grant, queria David Niven. Connery ficou com o papel e Dr. No foi um exito retumbante dando inicio a uma serie que já vai em 21 filmes, dos quais ele protagonizou seis dos mais emblemáticos episódios.
Em 1963 voltou a ser Bond em From Russia With Love e no ano seguinte trabalhou ao lado de Sir Alfred Hitchcock em Marnie. Voltaria nesse mesmo ano a viver 007 no seu mais emblemático filme Goldfinger. Em 1965 faria o seu 4º Bond, Thunderball. Em 1967 faria You Only Live Once, outro filme do agente secreto. Mas por essa altura, ele que estava associado eternamente à personagem, decidiu abandonar o projecto. Foi preciso uma fortuna, e o fracasso que foi o filme com George Lazenby, para o persuadir a voltar em 1971 ao papel. Com 41 anos viveu Bond oficialmente pela última vez em Diamonds Are Forever.


Entretanto Connery procurava criar uma carreira afastada da personagem que o celebrizava. Depois de Marnie fez A Fine Madness, Shalako, Zardoz, Murder on the Orient Express e The Man Who Would be King, mas os filmes não tinham exito a qualquer nivel. Surpreendentemente voltou a viver Bond, de forma não oficial, em Never Say Never Again. Estavamos em 1983 e Connery tinha já 53 anos. Mas convenceu e deixou saudades. A década de 80 viria a revelar-se o oposto dos anos 70. Já maduro e experimentado, conheceu os seus maiores sucessos nos anos seguintes. The Name of the Rose valeu-lhe a primeira nomeação ao óscar, num desempenho marcante, um dos melhores de toda a década. Óscar que chegaria no ano seguinte, mas de secundário, pelo seu retrato de policia honesto em The Untouchables. A consagração de um actor que já então era acarinhado por tudo e todos. Higlhander, Family Business, The Hunting of the Red October, The Russia House e o terceiro episódio de Indiana Jones confirmaram-se como um dos nomes mais celebres do mundo do cinema. A sua imagem de marca era uma longa barba branca e uma careca sedutora - Connery perdera todo o cabelo aos 21 e tivera de usar peruca ao viver Bond - acompanhadas de uma das vozes mais emblemáticas da história do cinema.


Começou a trocar os papeis de protagonista por papeis secundários de grande interesse, desde A Good Man in Africa a First Knight, passando por Robin Hood: Prince of Thieves, The Rock e The Avengers. Deu a voz a um dragão em Dragonheart e ensinou Catherina Zeta-Jones a roubar com classe em Entrapment. Foi ainda o professor de Rob Wallace em Finding Forrester e no ano passado entrou no falhado projecto The League of the Extraordinary Gentleman.
Recusou o papel de Gandalf na trilogia de Lord of the Rings or não querer filmar 18 meses na Nova Zelandia e doou muitos dos seus salários a instituições de caridade. É o maior patrono da Escócia apesar de em 1999 ter sido armado cavaleiro do Império. E acima de tudo é um dos maiores mitos vivos do cinema. Um daqueles mitos que ninguém conseguirá apagar.



terça-feira, 1 de novembro de 2022

Sophie Marceau

Uma das grandes actrizes dos últimos anos, ela é um dos porta-estandarte da mais talentosa e bela geração de estrelas do cinema francês. Uma carreira já bastante longa mas que promete continuar por muitos anos ainda...

Sophie Marceau faz filmes há vinte e cinco anos mas poucos são os que o sabem. A verdade é que a 17 de Novembro de 1966, quando nasceu, poucos pensariam num futuro como estrela da sétima arte para a jovem Sophie Maupu, que mais tarde mudaria o último nome para Marceau.
De origem humilde, foi aos 14 anos que a jovem deu os primeiros passos no cinema. Foi escolhida no casting para La Boum, filme de Claude Pinoteau sobre jovens adolescentes e as suas relações. O filme foi um dos maiores sucessos do ano e dois anos depois ela voltava ao seu papel inicial na sequela, algo pouco comum em França à época.
Durante a década de 80, e logo após ter sido eleita a actriz revelação do ano em Cannes com La Boum II, Marceau tornou-se numa das mais populares e bem pagas actrizes francesas, juntando-se a outra estrela da sua geração, Emmanuelle Beart.
Ao longo da década fez papeis extremamente populares e apreciados pela critica como L´Amour Braque ou Chouans!.


O inicio dos anos 90 foi feito com o pé direito em papeis muito bem conseguidos como La Note Bleue, Fanfan e La Fille de D´Artagnan.
O grande salto na sua carreira seria dado em 1995 quando entrou ao lado de Mel Gibson no filme Bravearth. Dirigido pelo australiano, o filme foi um sucesso retumbante arrecando vários óscares e dando uma maior projecção à actriz fora de França. No entanto Hollywood nunca foi muito o seu palco de eleição. Em 1997, Marceau voltaria a estar em destaque em Anna Karenina, filme adaptado da obra imortal de Tolstoi. Mais uma vez o pública e a critica renderam-se ao seu trabalho, tal como aconteceria anos mais tarde com A Midsummer Night's Dream.
Seria no entanto a sua presença como vilã em The World is Not Enough, mais uma aventura de James Bond, que voltaria a traze-la para as bocas do mundo. Uma mudança na sua carreira, até então pautada por trabalhos mais independentes e dramáticos.

Desde aí que a sua carreira tem conhecido alguns desenvolvimentos interessantes. Fez La Fidelité para o seu marido de então, o realizador Andrzej Zulawski, filme onde se despiu de todos os preconceitos apenas por ser um trabalho com o marido. Seguiram-se desempemhos em Alex and Emma e Belphégor - Le fantôme du Louvre. Nos últimos três anos o nascimento do seu segundo filho tem levado a que faça filmes com menos regularidade. Mesmo assim anualmente há um trabalho de Marceau nas salas de cinema. Este ano foi Anthony Zimmer.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Richard Burton


Partilha com Peter O´Toole o trono de uma geração, mas a verdade é que a sua fleuma galesa, a sua voz inconfundivel e o seu leque de performances fazem dele o porta-estandarte desse magnifico grupo de actores que incluia ainda Michael Caine ou Albert Finney.
Burton começa a sua carreira em 1949 e a sua ascensão será praticamente imediata. Em 1952 é soberbo no final My Cousin Rachel. É nomeado para melhor actor secundário. Tal como O´Toole serão sete as nomeações sem qualquer vitória. No ano seguinte a nova estrela britânica chega á categoria principal pelo seu desempenho no aclamado The Robe. Continuando na época clássica, é um convincente Alexandre em Alexander the Great de Robert Rossen em 1956. No ano seguinte está numa das obras-primas de Nic Ray, Bitter Victory, onde é de uma intensidade dramática absolutamente notável. Chefia a geração dos young angry rebels em Look Back in Anger e depois de fazer Shakespeare e de ajudar a invadir a Normandia no épico The Longest Day, é escolhido para ser Marco António naquele que seria o mais ambicioso projecto de sempre. O seu desempenho é de altissimo nivel mas Cleopatra será um fracasso. Nem a relação amorosa que Burton começa com Elizabeth Taylor nas rodagens do filme, e que se tornará numa das relações mais conturbadas e famosas da história, salva o filme. A sua reputação continua imaculada e divide o ecrãn com Peter O´Toole em Becket, partilhando igualmente mais uma nomeação aos óscares. Seguem-se The Night of the Iguana, poderoso drama, e em 1965 o seu mais contido e aplaudido desempenho em The Spy Who Came From the Cold. Ao lado de Elizabeth Taylor brilha como poucos na obra de estreia de Mike Nichols, o inesquecivel Who´s Affraid Virginia Wolf. Mais uma vez o oscar vai para outro e Burton continua a trabalhar com Taylor, desta vez em The Taming of the Shrew. Acaba a década em alta no filme Anne of the Thousand Days e em 1974 divorcia-se de Liz Taylor após uma serie de conflitos matrimoniais. No entanto o casal volta a juntar-se no ano seguinte, para se separar finalmente em 1976. Estes foram os anos menos proliferos para Burton, que em 1977 regressa de novo em estilo no filme Equus. Em 1984 entra na adaptação homónima de George Orwell, ao lado de John Hurt, mas a sua saúde, minada pelo alcool e tabaco, não lhe permite voltar a filmar. Morre nesse mesmo ano deixando um imenso vazio que mais nenhum actor soube preencher.

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Katharine Hepburn

Chamaram-lhe "veneno de bilheteiras". Durante décadas foi altamente subvalorizada. Mas soube sempre dar a volta por cima conseguindo alguns dos seus mais brilhantes desempenhos quando muitos pensavam que já nem sequer representava. Dos anos 30 à década de 80 não houve actriz tão espantosa como Katharine Hepburn. Quatro óscares provam-no facilmente! Afinal, se algum dia houve uma actriz "monstruosa", foi ela.
Dividiu-se sempre entre o cinema e o teatro. Em cinquenta anos fez cinquenta filmes, conquistou quatro óscares, 12 nomeações, múltiplos prémios e a admiração de todos, uns mais tardiamente que outros. Teve o seu primeiro grande papel em Morning Glory, o seu terceiro filme, pelo qual venceu de imediato o óscar. Little Women, Sylvia Scarlett, Mary of Scotland e Bringing Up Baby confirmaram-na como uma das grandes actrizes dos anos 30. No entanto as suas polémicas relações - Howard Hughes, John Ford, Spencer Tracy - o seu cariz altamente feminista e liberal, não lhe eram favoráveis em Hollywood. Não atraia o público comum e muitos dos seus melhores papeis nos anos 40 e 50 vieram em filmes fracassados nas bilheteiras. Foi o que aconteceu com Woman of the Year ou Adam´s Rib. Em Philadelphia Story supera-se e em The African Queen, ao lado de Bogart, consegue a sua quinta nomeação aos óscares. Os anos cinquenta ficam marcados ainda por três papeis: em Summertime, The Rainmaker e, acima de tudo, Suddenly Last Summer. Confirmando-se definitivamente como a maior actriz do mundo nos anos 60, Hepburn conseguiu um inesperado comeback. Primeiro em Long Day´s Journey Into Night, em 1962, e em 1967 no filme Guess Who´s Coming to Dinner. Quando ninguém pensava, Hepburn vence um segundo óscar. É no entanto em 1968 que consegue a maior performance de toda a sua carreira no filme The Lion in Winter. Vence o óscar em ex-aqueo com Barbra Streisand e afirma-se como a mais bem sucedida actriz de sempre. E quando ninguém o esperava, depois de uns anos 70 mais virados para a televisão, conquista o seu 4º e último óscar no filme On a Golden Pond. Hepburn estará anos sem fazer um filme, aparecendo em Love Affair de Warren Beatty num registo de despedida. Morre com a bela idade de 96 anos em 2003, perdendo o mundo a maior actriz que alguma vez conheceu.

sábado, 15 de outubro de 2022

Viggo Mortensen

Considera-se mais um artista do que um actor. É um nome de culto na cena underground nova-iorquina pelos seus trabalhos manuais. Hoje é tambem venerado um pouco por todo mundo graças ao seu soberbo desempenho na mitica trilogia Lord of the Rings. Mais um caso de um papel que faz um actor?

Existe a possibilidade de ser o novo Mark Hammil. Mas não parece muito preocupado com essa possibilidade. Para ele o cinema apenas mais uma das muitas coisas que gosta de fazer.
Viggo Mortensen nasceu a 20 de Outubro de 1958 no coração de Nova Iorque, em plena Manhattan.
De ascendencia dinamarquesa, Viggo viajou muito quando era jovem, especialmente pelo norte da Europa e a América latina. Começou a estudar representação quando voltou aos Estados Unidos, e depois de ter sido aplaudido em diversas peças de teatro e filmes locais, decidiu tentar a sua sorte em Los Angeles. Começaria aí, em 1984, uma carreira com mais de trinta filmes, muitos deles aplaudidos pela critica.
Foi em Witness, o aclamado filme de Peter Weir, que Viggo se estreou. Nessa altura já era um poeta aclamado e um homem do mundo.


Depois de anos a fazer pequenos papeis, surgiu em destaque no filme The Indian Runner. Seguiram-se outros papeis aclamados pela critica como Ruby Cairo, Carlito´s Way, Crimson Tyde e Portrait of a Lady. Estreou-se em filmes de acção ao lado de Demi Moore em G.I Jane e no mesmo ano fez dois remakes de Hitchock: Psycho e A Perfect Murder.
Foi então que a sua carreira deu uma volta de 180º graus. A principio estava pouco seduzido pelo papel de Aragorn na adaptação de Lord of the Rings para o cinema. O filho persuadiu-o a aceitar e foi assim que o actor embarcou para a Nova Zelandia onde durante tres anos protagonizou um dos maiores herois do univero de JRR Tolkien. O resto já todos sabem. Fama, reconhecimento e um lugar no coração de muitos cinéfilos.
Em 2003 faria Hidalgo, mas os fãs continuaram a ver nele e que sempre irão ver, o Rei de Gondor.


Para além dos seus talentos cinematográficos, Viggo mostrou ter imenso talento em outras áreas. Editou três albuns de jazz, escreveu vários livros de poesia e é também um pintor e fotógrafo consagrado em Nova Iorque. Para muitos ele é muito mais do que um actor. Para o espectador comum ele será sempre Aragorn.



segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Denzel Washington




Tornou-se o primeiro actor negro em quase quarenta anos a vencer um óscar de melhor actor. E é o único negro a ter dois óscares em casa. Uma carreira de grande sucesso para um actor de talento imenso. É um dos simbolos da geração de 85 e hoje é, sem margem para dúvidas, um dos três melhores actores do mundo. Ele é um exemplo a seguir para uma comunidade que continua a procurar o seu lugar no sol de Hollywood...


Como o próprio disse na "sua" noite, em Março de 2001, tinha vivido toda a vida atrás do fantasma de Sidney Poitier, o maior simbolo para a comunidade negra norte-americana. Mas hoje ninguém tem duvidas que é ele, Denzel Washington, vencedor de dois óscares (o primeiro por Glory e o segundo por Training Day), o porta-estandarte de toda uma raça.

Denzel nasceu a 28 de Dezembro de 1954 em Mont Vernon no estado de Nova Iorque. Era o filho do meio de uma familia de profundas crenças religiosas. A mãe era esteticista e o pai um pastor da Igreja de Pentecostes, o que influenciou muito a formação moral do jovem. Depois de ter completado o liceu, decidiu inscrever-se no curso de jornalismo na Fordham University. Só que foi aí que o "bichinho" da representação tomou conta dele. Partiu para a Califórnia e inscreveu-se no American Conservatory Theater onde só ficou um ano. Depois de ter tido as primeiras lições, achou que seria a experiencia do dia a dia que seria fundamental na sua aprendizagem. E foi então que começou a procurar trabalho como actor, tarefa nunca fácil para um jovem negro num país onde a igualdade entre as raças ainda está mais no papel do que na prática. Em 1977 conseguiu o seu primeiro papel na televisão. 


A primeira metade dos anos 80 foram passados na televisão. Em 1982 entrou na popular serie St. Elsewhere e só em 1987 conseguiria o seu primeiro papel de destaque no cinema. O filme era Cry Freedom, e ao viver o mitico Steve Biko, o jovem Denzel mostrou logo ter potencial para grandes voos. Algo que dois anos depois foi facilmente provado em Glory. Ao interpretar um rebelde soldado negro na dificil Guerra Civil norte-americana, Denzel dominou por completo o filme. Acabou galardoado com o óscar de melhor actor secundário. Era a primeira vez em 25 anos que um actor negro era premiado pela Academia e muitos viam nisso um sinal positivo para o futuro de Washington. Afinal ele era já um eleito.
No entanto o inicio dos anos 90 não se revelaram tão proliferos como se esperava. Denzel participou em produções menores e só em 1992 voltou a dar o verdadeiro ar da sua graça no filme de Spike Lee, Malcom X. Mais uma vez Denzel Washington foi fantástico a viver o revolucionário muçulmano dos anos 60 e não surpeendeu ninguem que colecionasse, aos 39 anos, a sua segunda nomeação ao óscar.


1993 acabaria por se revelar um excelente ano para o actor. Entrou na adaptação de Kenneth Branagh da obra de William Shakespeare, Much Ado About Nothing, e ao lado de Julia Roberts brilhou em The Pelican Brief. No entanto a sua melhor performance foi no sucesso do ano Philadelphia, onde actuou com grande frieza como advogado de Tom Hanks. Hanks, que ganharia o primeiro óscar neste filme, diria mais tarde que nas rodagens de Philadelphia tinha aprendido mais cinema do que nos anos que tinha de carreira, isto a ver Denzel representar.
No entanto até 1996, ano de Courage under Fire, custou a Denzel voltar aos seus grandes momentos. Mesmo tendo entrado em Crimson Tide, filme de Tony Scott onde contracenava com Gene Hackman.
De facto os anos 90 acabaram por ser de sensações mistas para o actor. A sucessos como Philadelphia e Malcom X contrapunham-se falhanços em toda a linha. E seria assim até ao final dos anos 90, altura em que o actor voltou aos papeis de qualidade. Em 1999, o filme Bone Colector abria as portas para um periodo verdadeiramente dourado na sua carreira.


Nesse mesmo ano, e depois do sucesso de The Bone Colector, chegou a sua terceira nomeação ao óscar por The Hurricane. O filme onde Washington encarnava a personagem veridica de Rubin Carter viveu das explosões de garra de Denzel que acabaria por perder o óscar para Kevin Spacey, quando muitos pensavam que seria o ano da sua consagração. Não foi mas revelou-se uma importante data para o actor marcar o seu regresso. Em 2000 mais um grande desempenho em Remember the Titans, um dos filmes mais interessantes do ano. Mas a glória chegava em 2000 no mitico Training Day. Muitos pensavam que Russel Crowe iria repetir o triunfo do ano transacto mas ninguém conseguiu resistir à notável performance como capitão Alonzo Harris no filme de Antoine Fuqua. Provavelmente uma das melhores representações de sempre de um actor, a vitória na cerimónia da Academia não surpreendeu ninguem. E Denzel tornava-se no primeiro actor negro a vencer dois óscares, numa noite onde, curiosamente, Sidney Poitier também era homenageado.


A partir desta data memorável a carreira de Denzel Washington arrancou para a consagração total. John Q e Antwone Fisher - este realizado por si - foram dois sucessos de bilheteira e reforçaram ainda a imagem de sucesso que o actor transparecia. Já este ano, Denzel Washington brilhou em tres filmes distintos. Primeiro no filme extremamente "cool" que foi Out of Time. Mais tarde seria um carrasco implacável em Man on Fire e por fim revivaria o papel original de Frank Sinatra em The Manchurian Candidate, mas com muito mais intensidade dramática note-se.


Denzel Washington é, a par de Tom Hanks e Sean Penn um dos três melhores actores do momento. A sua garra, as suas explosões num overacting soberbo e a sua imensa sensualidade marcam todas as suas performances. É o "pai" de toda uma nova geração de talentosos actores negros como Will Smith e Jamie Foxx e poucos acreditam que não volte a ser premiado. É que, como a sua carreira vai, é um sentimento geral de que o melhor de Denzel Washington poderá estar para vir. Não que existam Training Day´s todos os anos, mas porque ele é de facto uma força da natureza.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Nicholas Cage


Poucos o sabem, mas Nicholas Cage é um Copolla. Uma das mais importantes familia da história do cinema nos últimos trinta anos, a verdade é que os Copolla sempre foram para Nicholas um fardo demasiado grande de carregar. Daí um novo sobrenome, uma nova identidade. Só os traços de talento permaneceram.

Californiano de gema, Nicholas Kim Copolla nasceu a 7 de Janeiro de 1964. Filho de um professor de literatura e uma dançarina, foi a herança do nome do tio Francis que lhe viria a moldar a sua paixão pelo cinema. Ao ver os filmes do tio, o jovem Nicholas sentia uma vontade imensa em saltar para o ecran. Com 17 anos abandonou a escola em Beverly Hills e começou a procurar papeis em filmes, sem se preocupar com uma formação na área da representação. Fast Times at Ridgmon High foi o seu primeiro filme, em 1982. Na altura Nicholas era Copolla e não Cage. Tinha 17 anos e queria ser uma estrela.
Foi ao lado do tio, no aclamado Rumble Fish, que começaria a destacar-se. Nesse mesmo ano, 1983, entraria ainda em Valley Girl e afirmava-se como um dos actores promessa do inicio da década. Racing With the the Moon, Cotton Club e Birdy foram três sucessos de 1984. Por essa altura o peso do nome Copolla começava a pesar nas criticas. Por isso, inspirado em Luke Cage, heroi negro de banda desenhada, mudou o nome para Nicholas Cage.


Por essa altura era já um dos nomes mais influentes da jovem representaão norte-americana. Seguir-se-iam sucessos como Pegy Sue Got Married, Raising Arizona, Moonstruck e Never on a Tuesday.
Wild at Heart marcava a sua estreia em grande nos anos 90. Curiosamente o inicio da década não seria tão bem sucedido como o final da anterior, exceptuando Honeymoon in Vegas e It Could Happen to You. Literalmente contra a corrente, chegou o óscar em 1995 pelo seu desempenho em Leaving Las Vegas. Uma vitória surpresa, de facto, e que marcou a viragem na sua carreira.
A partir de 1996 começou a dedicar-se ao cinema de acção, primeiro em The Rock, depois em Con Air e por fim em Face Off, uma trilogia que o tornaram num dos grandes nomes do genero.



City of Angels mostrou um Cage mais melancólico, enquanto que Snake Eyes e Gone in Sixty Seconds recuperavam a aura de action-man. Por essa altura os primos Sofia Copolla e Jason Schwarzman estavam em alta. Já não era o único Copolla em destaque. Foi também por esta altura que conseguiu um dos seus melhores desempenhos em The Family Men, ao que se seguiu o onírico Captains Corelli Mandolin. Uma nova nomeação aos óscares chegaria com Adaptation, mas os filmes de acção dominaram estes últimos anos da carreira de Cage, quer em Matchstick Men, quer em National Treasure.
Para o ano estão já previstas três estreias apeteceveis. Primeiro The Weather Man, e depois Ghost Warrior e Lord of War.


sábado, 1 de outubro de 2022

Milla Jovovich

É uma das mulheres mais belas do mundo, disso ninguém parece ter dúvidas. Talvez a representante perfeita da beleza do leste da Europa. Com uma carreira dividida entre os dois lados do Atlântico, poucos são aqueles que lhe conseguem ficar indiferentes...

Milla Jovovich é única. Nasceu em Kiev, capital da Ucrânia quando esta ainda era parte da União Soviética, a 17 de Dezembro de 1975. Com uma beleza muito precoce, foi aos 9 anos que começou a sua carreira como modelo. Estavamos em 1984. Com doze anos estreou-se no cinema. Já vivia fora da União Soviética e o filme tinha contornos eróticos, antecipando a sua estreia como actriz principal.
O que viria a acontecer em 1991. A URSS tinha acabado e Milla vivia agora em França. Foi escolhida à primeira para suceder a Brooke Shields no papel principal de uma jovem abandonada com o irmão numa lagoa deserta. A sua beleza ainda de adolescente era contagiante e por iso The Return to the Blue Lagoon foi um sucesso. Os seus belos olhos e cabelos tornaram-na imediatamente numa lolita europeia. Tinha apenas 16 anos.


Depois deste seu primeiro sucesso, Milla Jovovich dedicou-se à sua carreira como modelo em França. Tornou-se assim numa das caras - e corpos - mais requisitados do momento, deixando pouco espaço para uma carreira cinematográfica levada ao seu expoente máximo. Talvez isso seja justificativo de seis anos ausente de grandes papeis, se deixar-mos de lado pontuais aparições em filmes como Chaplin ou Dazzed and Confused.
Seria em 1996, já com 21 anos de idade, que Milla voltaria a encantar tudo e todos. O filme era o hilariante 5th Element, onde um elenco de luxo com Bruce Willis à cabeça, davam as voltas para salvar o planeta Terra da destruição total. O seu divertido e sensual papel valeram-lhe múltiplos aplausos. E o filme serviria também para começar uma relação, que acabaria em casamento, com o realizador francês Luc Besson.


Uma parceira que seria retomada em 1999. Pelo meio tinha ficado He Got Game e a capa de centenas de revistas que continuavam a insistir na ideia de que Milla Jovovich era das mais belas mulheres do mundo. Talvez por isso Besson a tenha visto como a Jeanne D´Arc perfeita. O filme The Messanger : The Story of Jeanne D´Arc não foi o sucesso pretendido, talvez por ter revolucionado a vida da heroina francesa, mas a sua encarnação da guerreira foi absolutamente notável. Para além de bela, Milla provava ser talentosa. Seguir-se-iam pequenos papeis em filmes como The Million Dollar Hotel, a experiência cinematográfica de Bono e Win Wenders, The Claim e Dummy.


Mas se hoje Milla Jovovich tornou-se extremamente popular junto de um público mais novo, isso deve-se essencialmente ao seu trabalho em Resident Evil, filme de acção inspirado num dos mais populares videojogos dos anos 90. Em ambos os filmes - o primeiro de 2002, o segundo de 2004 - Milla faz as cenas de duplos e encanta com todo o seu charme e estilo. Com tudo isto ficou pouco espaço para desenvolver um estilo de representação mais dramático, algo que não parece que vá acontecer nos próximos tempos tende em conta que a actriz pretende seguir com esta sua vertente mais de action-woman durante alguns anos. Resta saber se algum dia a verdadeira actriz que está dentro de Milla Jovovich, realmente verá a luz do dia.