domingo, 4 de setembro de 2022
Abel Gance
Cineasta, poeta e dramaturgo francês nascido em Paris, lançador da tela panorâmica e do som estereofónico, tornando-se um dos mais ilustres cineastas do período situado entre as duas guerras mundiais. Começou no cinema como ator em Molière, de Leonce Perret (1909), foi roteirista de Paganini e fundou uma produtora, para a qual dirigiu La Digue (1911), Le Nègre blanc (1912) e La Folie du docteur Tube (1915). O sucesso veio com Mater Dolorosa (1917) e La Dixième Symphonie (1918). Sua obra-prima e um dos clássicos do cinema foi Napoléon (1926), que levou quatro anos para ser rodado. Parou de dirigir filmes (1963) e morreu em Paris. Em sua longa filmografia citam-se La Digue (1911), Le Nègre blanc-le Masque d'horreur (1912), Un Drame au château d'Acre (1914), La Folie du Docteur Tube (1915), Le Fou de la falaise (1916), Le Droit à la vie (1917), La Dixième Symphonie (1918), La Roue (1923), Napoléon (1927), Marines et Cristaux (1928), La Fin du monde (1930), Mater Dolorosa (1932), Le Maître des forges (1933), Poliche (1934), Le Roman D'Un Jeune Homme Pauvre (1935), Lucrezia Borgia (1935), The Queen And The Cardinal (1935), Un Grand amour de Beethoven (1936), Le Voleur De Femmes (1936), Louise - Paradis perdu (1938), J'Accuse (1939), Louise (1939), Four Flights To Love (1940), La Venus Aveugle (1941), Le Capitaine Fracasse (1942), La Captaine Fracasse (1943), La Tour de Nesle (1954), La Tour De Nesles (1955), Magirama (1956), Austerlitz (1959) e Cyrano Et D'Artagnan (1963).
Biografia retirada de NetSaber
Leni Riefenstahl
Actriz, bailarina, fotógrafa e realizadora de cinema alemã, foi a mais controversa realizadora do século XX, por ter sido escolhida por Hitler para filmar os Jogos Olímpicos de 1936, com o título "Olympia", uma obra-prima onde usou vários tipos de máquinas. Foi duramente criticada, em 1945, no fim da Guerra e esteve presa por isso, mas a sua longevidade deu-lhe oportunidade de mostrar o seu inegável talento.
Os seus filmes a preto e branco são hoje já memoráveis. Extremamente bonita começou como bailarina e entrou em filmes nos anos 30, passando pouco depois a realizadora cinematográfica. Na segunda metade da década de 70 dedicou-se a produzir livros sobre uma tribo africana, bem como a filmar, com perto de oitenta anos, as profundezas dos oceanos.
Deixou uma obra assinalável e muito se tem escrito sobre ela. Se filmou a propaganda nazi, também é certo que nunca foi do partido e asseverou que nunca tinha tido um romance com o ditador. Alguém disse que "o seu talento foi a sua tragédia", por ser escolhida pelo ditador para realizadora oficial da propaganda do regime nazi. Acabou os seus dias bem com a sua consciência. Deixou o seu nome escrito na 7ª Arte.
Informação retirada daqui
Biografia de Fritz Lang
Realizador de origem austríaca, naturalizado americano.
Nasceu em Viena de Áustria, em 5 de Dezembro de 1890, e morreu em Beverly Hills, California, nos Estados Unidos da América, em 2 de Agosto de 1976.
Fontes:
Enciclopédia Britânica
Biografia retirada daqui
Nasceu em Viena de Áustria, em 5 de Dezembro de 1890, e morreu em Beverly Hills, California, nos Estados Unidos da América, em 2 de Agosto de 1976.
Filho de um arquitecto, Lang estudou muito brevemente arquitectura na Universidade Técnica de Viena, e depois de ter viajado um pouco por todo o Mundo de 1910 a 1914, estabeleceu-se em Paris, por algum tempo, sobrevivendo como pintor.
Participou na Primeira Guerra Mundial, enquanto oficial do exército austro-húngaro, tendo sido gravemente ferido em Junho de 1916. Durante a convalescença começou a escrever guiões para filmes, sobretudo de suspense e de horror, que o fizeram ir para Berlim após o fim do conflito para trabalhar com o produtor alemão Erich Pommer. Parte do guião do Gabinete do Dr, Caligari (1919), de Robert Wiene foi escrito por Fritz Lang.
Fritz Lang é um dos expoentes do Expressionismo, um estilo que tentava descrever emoções subjectivas e as reacções que os objectos e os acontecimentos provocam, e não a realidade objectiva, e que se caracterizou na Alemanha por ter um estilo duro, arrojado e visualmente muito intenso. O primeiro filme de sucesso que realizou foi Der müde Tod (1921), mas a série de filmes que realizou em 1919-1920 com o título Die Spinnen, já o tinham tornado conhecido enquanto realizador. O filme seguinte, Dr. Mabuse, der Spieler (1922) estuda um criminoso de génio; Die Nibelungen (1924), baseado no romance medieval alemão redescoberto em 1755 e celebrizado por Wagner, conta a história de uma vingança auto-destrutiva; Metropolis (1926) possivelmente o mais importante filme de ficção científica alguma vez realizado, é uma visão expressionista do futuro, baseado no livro da sua mulher Thea von Harbou, com quem se casou em 1922, e que tinha conhecido quando ambos escreveram o guião de Der müde Todt (1921); e M (1931), o seu filme alemão mais famoso, e o seu primeiro filme sonoro, mostra um assassino de crianças que confessa o seu comportamento criminosos compulsivo.
O filme Das Testament des Dr. Mabuse (1932), onde um louco descreve a filosofia nazi, foi proibido em Março de 1933 pelo chefe da propaganda nazi Joseph Goebbels, dois meses depois do partido nacional-socialista ter tomado o poder, mas o que não o impediu de convidar Lang a supervisionar a indústria cinematográfica alemã, e a realizar filmes de propaganda. Lang abandonou Berlim nesse mesmo dia, indo viver para Paris, onde realizou um filme com Charles Boyer, tendo-se mais tarde estabelecido nos Estados Unidos, de que se tornou cidadão em 1935. Entretanto a mulher pediu o divórcio e aderiu ao Nazismo.
O seu primeiro filme americano, Fury (1936), estudo de uma multidão que realiza um linchamento, é considerado o seu melhor da fase americana. Outros se lhe seguiram de 1937, em que realizou You Only Live Once até 1956 data do seu último filme Beyond a Reasonable Doubt.
Em 1956 Lang, farto de produtores metediços e controladores, abandonou a América indo viver para a Alemanha. Em 1959 realizou, em alemão, dois filmes na Índia, e em 1960 realizou na Alemanha o seu último filme Die Tausend Augen des Dr. Mabuse. Em 1964, quase cego, presidiu ao Festival de Cannes.
Enciclopédia Britânica
Biografia retirada daqui
Biografia de Luchino Visconti
Realizador de cinema italiano do século XX.
Nasceu em Milão em 2 de Novembro de 1906;
morreu em Roma em 17 de Março de 1976.
Luchino Visconti di Morone nasceu em 2 de Novembro de 1906 em Milão, «quando a cortina subiu no Scala», como ele próprio dizia. Filho de Giuseppe Visconti, duque de Modrone, e de Carla Erba, herdeira de uma ffortuna feita na indústria química, sendo um dos sete filhos do casamento, que durou até 1924, tendo tido uma infância bastante privilegiada.
Durante sua juventude contactou com importantes intelectuais e artistas, como o maestro Toscanini, o compositor Puccini e o escritor D'Annunzio. Como é natural, interressou-se desde cedo pela música e pelo teatro, mas também pelos cavalos, que se tornaram uma paixão. Tendo feito o seu serviço militar em 1926 na arma de cavalaria, passou a criar cavalos puro-sangue destinados às corridas de cavalos, logo que foi desmobilizado, de 1928 a 1936, não pensando em muito mais do que isso. Quando este interesse começou a esmorecer, e depois de ter realizado uma viagem à Alemanha, foi viver para Paris tornando-se amigo de Coco Chanel. A costureira apresentou-o ao realizador Jean Renoir com quem trabalhou brevemente no filme Une Partie de campagne, realizado em 1936, experiência que fez com que se interessasse seriamente pelo cinema. Nesta época, em que a Frente Popular governou em França, Visconti, que tinha sido um apoiante do fascismo, aderiu ao comunismo.
Em 1937, Visconti passou por Hollywood antes de regressar a Roma. Já Itália participou no filme de Renoir La Tosca, que terminou com o auxilio do assistente do realizador francês, devido ao regresso deste a França com o começo da Segunda Guerra Mundial. A partir de 1940 ligou-se ao grupo do jornal Cinema. Para financiar o seu primeiro filme vendeu algumas jóias da família. Ossessione de 1942, uma adaptação não autorizada do livro de James M. Cain O carteiro toca sempre duas vezes, teve dificuldades com a censura fascista, mas o resultado foi um enorme sucesso em Itála. No fim da Segunda Guerra Mundial Visconti permitiu que seu palácio fosse utilizado como centro de comando secreto por membros da resistência comunista, e participou em acções armadas contra os ocupantes alemães. Estas actividades fizeram com que fosse preso pela Gestapo em 1944, durante um curto período de tempo. Vingou-se do tempo passado na prisão quando filmou a execução do chefe da policia política italiana Pietro Caruso, para o documentário realizado em 1945 - Giorni di gloria.
O partido comunista italiano encarregou-o de produzir uma série de três filmes sobre pescadores, mineiros, e camponeses da Sicília, mas só o La Terra Trema - Episodio del mare foi realizado, em 1948. Este filme, juntamente com Rocco e i suoi fratelli, de 1960, que documentam as dificuldades das classes trabalhadoras, foram censorados pelos sucessivos governos de direita que dirigiram a Itália no pós-guerra. Mas, a partir dos anos sessenta, os filmes de Visconti tornaram-se mais pessoais. Talvez os seus trabalhos mais importantes sejam Il Gattopardo [O Leopardo], de 1963, e a Morte a Venezia [Morte em Veneza], de 1971. A adaptação exuberante do romance de Giuseppe di Lampedusa, saído em 1958, que retrata o declínio da aristocracia siciliana durante o Risorgimento, era um assunto que lhe estava próximo devido à história da sua família.
Não sendo o mais fácil dos diretores (a actriz Clara Calamai afirmou que era «um senhor medieval com chicote»), Visconti granjeou mesmo assim o respeito dos seus actores. Apesar de ser conhecida a maneira como tratou Burt Lancaster durante a rodagem do Leopardo, este actor afirmou que Visconti era «o melhor director com quem trabalhei até agora ... um sonho para um actor".
Luchino Visconti encenou diversas peças de teatro, incluindo obras de Jean Cocteau e Tennessee Williams. Era tão famoso como director de ópera como o era como realizador de cinema, sendo reconhecido o seu trabalho com Maria Callas, que afirmou que fora Visconti que a ensinara a representar.
Abertamente bisexual, como o seu pai, os filmes de Visconti têm poucas personagens explicitamente homosexuais, embora haja frequentemente nos seus filmes um erotismo encapotado de teor homosexual. Favoreceu sempre actores principais atraentes, tais como Alain Delon, e a sua obsessão no fim da vida foi pelo actor austríaco Helmut Berger que dirigiu no filme La caduta degli dei [A queda dos deuses] (1969), Ludwig (1972) e Grupo di famiglia in un interno (1974).
O seu hábito de fumar (até 120 cigarros por dia) provocou-lhe um ataque de coração, que lhe debilitou bastante a saúde, mas recuperou o suficiente para fazer L'Innocente antes de morrer em Roma em 1976. O funeral de Luchino Visconti teve a presença do presidente italiano Giovanni Leone e do actor Burt Lancaster. Houve quem ridicularizasse o estilo de vida de Visconti - opulento é o mínimo que se pode dizer -, já que era reconhecidamente marxista. Salvador Dali afirmou sarcásticamente que o realizador «era um comunista que só gostava do luxo». Visconti explicou a um repórter americano em 1961, que «eu acredito na vida, isso é o essencial ... e acredito numa sociedade organizada. E penso que tem hipóteses».
Fonte:Enciclopédia Portuguesa e Brasileira de Cultura;Encyclopedia Britannica
quinta-feira, 1 de setembro de 2022
Minnie Driver
Uma das mais interessantes actrizes da sua geração, especializou-se à muito em suaves e emotivos desempenhos secundários. Mas muitos acreditam que o seu valor é tal que o protagonismo pode estar já ao virar da esquina...
Minnie Driver nasceu em Londres, a 31 de Janeiro de 1970. Teve uma infância absolutamente normal e depois de ter representado em várias peças escolares, percebeu que tinha vocação para ser actriz. Por isso começou a estudar artes dramáticas antes de completar 18 anos. Aos 20 anos conseguia o seu primeiro papel diante das camaras. Foi em God on the Rocks, um telefilme britânico. No entanto só três anos depois o seu nome voltaria a surgir num elenco. A razão? Os estudos que decidiu continuar de forma paralela á sua carreira de actriz. E assim foi de novo na televisão, desta feita numa mini-serie, que Minnie Driver voltou a representar. Nesse ano faria ainda um telefilme de relativo sucesso, Royal Celebration, e nos dois anos seguintes continuaria a trabalhar exclusivamente na televisão, ora em telefilmes ora em series televisivas.
A chegada em definitivo ao cinema ocorreu em 1996 com um papel em Big Night, filme de Stanley Tucci e Campbell Scott. Nesse mesmo ano entraria em Sleepers, ao lado de um elenco recheado de nomes sonantes, para explodir verdadeiramente em 1997 numa serie de papeis que ajudariam a sua carreira a saltar para uma nova etapa. O primeiro foi em Grosse Pointe Blank, ao lado de Jon Cusack. Seguiu-se ainda Baggage. Mas seria o filme de Gus van Sant, Good Will Hunting que a catapultaria para a fama. O seu desempenho extremamente sólido e emotivo ao lado de Matt Damon valeram-lhe o aplauso da critica e do público. A partir de agora, Minnie Driver era um nome levado a sério.
Aproveitando a onda, o final dos anos 90 revelou-se bastante positivo para a sua carreira. Papeis em filmes como Hard Rain, The Governess - o seu primeiro papel como protagonista - e An Ideal Husband confirmaram o seu proclamado talento.
Em 2000 chegou um dos seus melhores papeis, ao lado de David Duchovny no filme Return to Me. Um sólido desempenho que fazia antever uma década de sucesso. O que não chegou a acontecer. Os papeis não chegavam, os projectos não tinham o sucesso esperado. A pouco e pouco o seu nome foi-se com o vento tão rapidamente como tinha chegado. Mas a eclética actriz não tinha ainda desistido. Depois de participações menores em filmes como Elle Enchanted ou Hope Springs chegou a hipótese de desempenhar aquele que viria a ser o melhor desempenho da sua carreira. Em Phantom of the Opera ela é Carlotta, a diva perfeita num desempenho secundário verdadeiramente arrebatador, um dos melhores papeis secundários de 2004.
Com o seu sucesso em Phantom of the Opera, esperam-se agora melhores dias para a sua agitada carreira. Dias que correspondam ás melodiosas notas que toca ocasionalmente na sua guitarra num qualquer clube de jazz por esse mundo fora.
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Meryl Streep
É a grande actriz dos últimos trinta anos. Nenhuma das que se lhe seguiram conseguiram alguma vez transmitir a sua sensibilidade dianta da camara, e, ao mesmo tempo, a sua força interior, que fazem dela um dos maiores "monstros" vivos da representação.
Meryl Streep começou a carreira em grande com o filme Julia. No ano seguinte já era nomeada aos óscares pelo seu desempenho em The Deer Hunter de Michael Cimino. Woody Allen repara nela e junta-a à sua troupe para fazer Manhatan mas é o seu desempenho em Kramer vs Kramer que a estabelece como mais uma estrela para a constelação de Hollywood. Vence o óscar de melhor actriz secundária e o seu filme seguinte, The French Lieutenent´s Woman, conquista a primeira nomeação para actriz principal. Em 1982 conquista o segundo óscar pelo filme Sophia´s Choice. Quatro nomeações e dois óscares em seis anos deixavam já antever que a jovem Streep não iria ficar por aí. E de facto a década de 80 é de ouro para a actriz. Depois do óscar vem Silkwood, o inesquecivel Out of Africa, Ironweed e A Cry In the Dark. Quatro papeis fabulosos, quatro nomeações, quatro sucessos da critica. Streep era já unanimemente considerada a melhor actriz em actividade.
Postcards From the Edge começa da melhor forma a década de 90 para Streep e ao lado de Clint Eastwood em The Bridges of Madison County volta a superar-se. O final dos anos 90 são espantosos para a actriz graças aos desempenhos em Marvin´s Room, One True Thing e Music From the Heart. Em 2002 entra em dois sucessos, The Hours e Adaptation, e pelo último consegue a sua 13º nomeação aos oscares, um recorde. Marca presença na popular serie Angels in America e dá vida ao filme The Manchurian Candidate. Este ano vamos poder vê-la em Prime mas a sua carreira está longe de abrandar. Para os próximos dois anos são já 10 os projectos em que Streep fará parte. Uma actriz verdadeiramente excepcional, e de incomparável talento nos dias que correm.
sábado, 20 de agosto de 2022
Humphrey Bogart
Quando Jean-Luc Godard coloca Jean-Paul Belmondo a imitir Bogart em A Bout de Soufle, o mito ganhava dimensões inimagináveis. Durante anos Bogart tinha sido actor de filmes considerados de segunda linha. Mas os cinéfilos, primeiro na Europa e só mais tarde nos Estados Unidos, viam nele algo que nunca viram, nem voltariam a ver: um actor explosivo, dono de um cinismo sem fim, mas com um coração gigantesco, capaz de encaixar o soco mais duro e manter-se de pé. Sem ser alto ou forte, Bogart foi o maior de todos os duros. Nunca nenhum outro actor conseguiu roubar uma cena da mesma forma que "Bogie" fazia.
Humphrey Bogart era filho de gente muito ilustre e estava destinado a ser um menino rico de Wall Street, não fosse a sua imensa paixão pelo cinema desviá-lo do consultório médico do pai para a Broadway. Foi aí que começou a representar, divindo os palcos com o cinema, onde nos anos 30 começou a aventurar-se progressivamente. Depois de uns papeis menores a Fox dispensa-o do contrato e Bogart volta á Broadway onde se junta a Leslie Howard na peça The Petrified Forrest. A Warner compra os direitos da peça e quer adaptá-la ao cinema com Robinson no papel de Bogart mas Leslie Howard exige a presença do actor. Bogart fica com o papel e é explosivo como o vilão Duke Mantee. O seu nome estava feito.
Durante cinco anos vai ser presença assidua em três dezenas de filmes de gangster, sempre em papeis secundários. É em 1941 que tem o seu primeiro grande papel principal em High Sierra de Raoul Walsh. O filme é um sucesso, tal como The Maltese Falcon, e a Warner - depois de várias recusas - acaba por escolher Bogart para o papel de Rick Blaine em Casablanca. O seu desempenho é histórico e Bogart é nomeado ao óscar - que perde para Ronald Colman - afirmando-se definitivamente como um actor de respeito. Segue-se To Have and Have Not de Howard Hawks onde contracena pela primeira com uma jovem modelo de 18 anos, Lauren Bacall. A quimica entre ambos é explosiva e os actores casam no final das rodagens. Em 1946 vive pela primeira vez a mitica personagem de Chandler, Philiph Marlowe em The Big Sleep, também com Bacall no elenco. Dois anos depois Key Largo - de novo com Bacall - coloca-o frente a frente com Edward G. Robinson. Mas agora a estrela é ele, e o filme é dele também! Por essa altura tinha marcado presença em The Treasure of Sierra Madre, mais uma parceria com o amigo e realizador John Huston, mas nessa altura o seu nome esteve perto de entrar na lista negra após a marcha que promove com Bacall em Washington para protestar contra a "Caça ás Bruxas" que iria levar a que vários argumentistas de Hollywood fossem colocados na lista-negra.
Em 1950 assina o seu melhor papel de sempre em In a Lonely Place, onde é explosivo como nunca o tinha sido, mas o óscar só chega no ano seguinte em mais um brilhante papel para Huston no filme The African Queen. A sua saúde já não é a melhor - Bogart era altamente dependente do alcool - mas ainda deu para entrar em Sabrina, de Billy Wilder, e The Caine Mutiny, que lhe valeria a terceira e última nomeação ao óscar. Fez três filmes nos seus últimos anos de vida (The Left Hand of God, Desperate Hours e The Harder They Fall), morrendo com um terrivel cancro que o manteve o último ano na cama, onde recebeu a visita da nata de Hollywood. Vieram prestar homenagem ao amigo, mas também à lenda, a um dos nomes mais inesqueciveis, não só da história do cinema, mas da história do próprio Homem.
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
Al Pacino
Consegue explodir de raiva em poucos segundos, de uma forma que nem o "Método" ensinava. Duro entre os duros, nunca perdendo o seu charme muito próprio, Al Pacino é uma referência eterna para quem vive o cinema.
Começou a carreira em 1969, numa serie de pequenos papeis, e é a escolha surpresa para ser Michael Corleone em The Godfather. O seu assombroso desempenho vale uma nomeação e o aplauso generalizado da critica. No ano seguinte está no aclamado Serpico e em 1974 volta ao universo da familia Corleone, superando-se mais uma vez. Segue-se Dog Day Afternoon naquele que é o seu periodo de maior produtividade. Em 1979 é a estrela de And Justice For All, sexta nomeação em dez anos de carreira. Em 1983 está no remake que Brian de Palma faz ao clássico de Howard Hawks, o filme Scarface, onde volta a assumir-se como um dos mais completos actores da história, misturando cenas de grande violència com momentos de profunda sensibilidade.
Os anos 80 são infelizes e Revolution, uma grande aposta, é um gigantesco fracasso. Em Dick Tracy trabalha com Hoffman e Beatty e volta a ser nomeado, desta feita para melhor actor secundário.
Nesse mesmo ano volta a viver pela última vez a personagem de Michael Corleone em The Godfather III, algo que estava relutante em fazer, sendo persuadido pelo amigo Copolla, que, cheio de dividas, precisava de um sucesso para manter viva a sua produtora.
O inicio dos anos 90 são o periodo do comeback de Pacino. Depois de deixar Michael Corleone, é fabuloso em Frankie and Johnny ao lado de Michelle Pfeiffer. Já com cinquenta e dois anos, 1992 é o ano da sua consagração. É duplamente nomeado aos óscares, pelo seu papel secundário em Glengarry Glenn Rose, e pelo papel principal em Scent of a Woman. É nesse filme, onde brilha como há muito não se lhe via, que Pacino vence finalmente o óscar que os rivais Nicholson e Hoffman já tinham a dobrar. Mostrando que ainda está em forma, no ano seguinte protagoniza Carlito´s Way, e divide o ecrán com Robert de Niro em Heat. Em 1997 está em Devil´s Advocate e Donnie Brasco, continuando a explorar o seu lado infernal, e 1999 volta a mostrar um soberbo Pacino, quer em Any Givem Sunday, quer em The Insider. Em 2002 volta com Insomnia e Simone e no ano seguinte é o instrutor de Colin Farrell em The Recruit. Passa por Angels in America e regressa ao cinema para ser um inesquecivel Shylock em The Merchant of Venice.
Al Pacino continua a ter projectos para o futuro. Teve mais falhanços que os seus "rivais"; mas a verdade é que tem um estilo único e que, quando desaparecer, dificilmente encontrará um digno sucessor.
quarta-feira, 10 de agosto de 2022
Brad Pitt
Desde bem cedo que se converteu num dos grandes sex-symbols dos nossos dias. Mas ao longo dos últimos quinze anos soube também conseguir mostrar que vale bastante como actor. Resta saber como o seu futuro se vai desenrolar. Será ele que decidirá se Brad Pitt encontrará o seu lugar na história do cinema...
Nasceu a 13 de Dezembro de 1963 bem no centro dos Estados Unidos no estado de Oklahoma. Os pais baptizaram-no William Bradley Pitt e quando ainda era pequeno levaram-no para Springfield no Missouri. Brad Pitt cresceu assim num ambiente tradicionalista do sul dos "states". Era um brilhante aluno na escola, algo pouco comum com muitos dos actores da sua geração. Era craque em desporto, mas também em teatro, equipas de debate e ajudava também a dirigir o jornal da escola. E foi em jornalismo que se viria a inscrever na Universidade do Missouri. Apesar de ser bom aluno faltaram-lhe dois créditos para terminar o curso. A razão? Pitt tinha sido convencido a partir para a Califórnia onde alguém certamente estaria mais atento aos seus talentos de representação. E assim foi ele para Hollywood procurar a sua oportunidade. No entanto demorou até ser finalmente notado. Para sobreviver Brad fazia um pouco de tudo, desde guiar limousines até vestir-se de galinha para publicitiar um restaurante no centro de Los Angeles. Mal sabia ele que acabaria eventualmente por ser tornar num dos icones da Hollywood dos anos 90.
Depois de curtos papeis na televisão estreou-se em 1989 no horror film Cutting Class. Não comprometeu e depois de um ano inteiro apenas a trabalhar para a televisão acabou por ser escolhido por Ridley Scott para entrar ao lado de Geena Davies e Susan Sarandon no road-movie Thelma and Louise. As suas cenas arrebatadoras com Davies convenceram a critica, que o nomeou uma das 10 maiores promessas do ano, e o público que viu imediatamente nele todos os traços de sex-bomb masculino.
Ainda em 1991 Pitt seria Johnny Suede e entraria também no thriller Across the Tracks. No ano seguinte os pontos mais altos acabariam por ser Cool World e A River Runs Trough It. 1993 seria o ano de Kalifornia, onde voltou a dar uma interessante interpretação e em 1994 chegaria o seu primeiro papel principal de destaque em Interview With the Vampire onde viveria Louis de Pointe du Lac, um vampiro com escrupulos. A sua carreia começava a descolar e o ano seguinte acabaria por se revelar o seu ano dourado.
Depois de ter recusado participar em Apollo´s 13 para poder juntar-se a Bruce Willis em Twelve Monkeys, o jovem Brad Pitt, que tinha acabado de ser nomeado como o homem mais sexy à face do plante pela People Magazine, convenceu tudo e todos com a sua notável performance. O prémio seria a sua nomeação, única até hoje, para o óscar, na categoria de melhor actor secundário. E apesar de não ter ganho, Pitt seria um dos actores do ano graças igualmente ao seu excelente desempenho no fabuloso S7ven, filme de David Fincher onde partilhava o ecrãn com Morgan Freeman, Kevin Spacey e a bela Gwyneth Paltrow com quem começaria uma relação que acabaria em 1997, apesar de por essa altura os dois actores estarem já noivos e serem a grande sensação de Hollywood.
Um ano tão bom indicava a muitos que a partir de agora era sempre a subir mas em 1996 Brad Pitt apenas entrou em Sleepers, filme aplaudido pela critica mas que falhou em ser o sucesso que se esperava. No ano seguinte, no entanto, Pitt voltaria aos seus grandes momentos. Primeiro em The Devil´s One, um excelente filme de acção onde, ao viver um rebelde terrorista do IRA, Pitt contracena com Harrison Ford. E depois em Seven Years in Tibet, filme marcante mas que falhou em ser o sucesso que se esperava. Por causa do seu desempenho Pitt ficou proibido, até hoje, de entrar na China. Mesmo assim o filme revelava um actor já bastante maduro, pronto a encarar de frente os obstáculos que se seguiriam.
A prova de fogo de Pitt para muitos chegou em 1998 ao lado de Anthony Hopkins. O filme era Meet Joe Black e a maioria dos amantes do cinema, que depositavam em Pitt grandes esperanças para ser um dos lideres da sua geração - o que viria a não acontecer - queriam ver como o actor se safava ao lado de uma estrela como Hopkins. O filme foi um sucesso e o jovem passou no teste com distinçao encarnando uma morte gélida e extremamente sedutora. E no ano seguinte, de novo ao lado de David Fincher, chegou Fight Club, filem que se tornaria rapidamente um titulo de culto e que granjeou a Pitt inumeros fãs, especialmente pelo seu desempenho explosivo. Também em Snatch, filme hilariante de Guy Ritchie, deu um show de interpretação e mostrou que era um actor já feito. Faltavam agora papeis de destaque em produções feitas para ganhar e não apenas para fazer dinheiro. Só que elas tardavam em aparecer. O facto de ter sido o primeiro homem a ser eleito duas vezes o homem mais sexy à face do planeta pela revista People reforçava a ideia dos estudios de que Pitt era mais um menino bonito do que propriamente um actor de qualidade. E assim o actor entrou no novo século em filmes menores.
Primeiro seria The Mexican, onde contracenava com a recem-oscarizada Julia Roberts. O filme foi um fracasso em toda a linha e condenou a ambição de Pitt em atingir voos mais altos. Seguiu-se Spy Game, filme de acção com Robert Redford que também falhou em assumir-se como uma referência no genero acabando Brad por ter de se render ao cinema de Soderbergh. Primeiro em Ocean´s Eleven e depois em Full Frontal, foi um Brad Pitt relaxado e numa onda cool que surgiu diante dos espectadores. O actor tinha acabado de casar com a também actriz Jennifer Anniston e tinha-se fartado de procurar papeis. Agora, achava ele, deveriam ser os papeis a bater-lhe à porta. A amizade com o grupo de Soderbergh, que inclui George Clooney e Julia Roberts, acabou por facilitar a sua participação no primeiro filme realizado por Clooney, Confessions of a Dangerous Mind e no próximo Ocean´s Twelve, cuja estreia está agendada para Dezembro.
Foi mais ou menos por essa altura que lhe chegou às mãos o papel que ele esperava à tanto tempo. A Warner Bros queria produzir um verdadeiro épico histórico e pensou imediatamente em Pitt para viver o papel mitico de Aquiles. O actor nem pensou duas vezes e entrou na super-produção de Wolfgan Peterson. Depois de um treino intensivo - intercalado apenas pelo filme Sinband and the Seven Seas em que deu a voz ao personagem principal - tinha chegado a hora de brilhar finalmente. Só que em Troy a estrela acabou por ser Eric Bana e Brad Pitt sofreu com a forma como o realizador alemão abordou o filme. Um fracasso junto da critica, pouco aplaudido junto do público, e mais uma oportunidade perdida para Brad Pitt brilhar. Oportunidade que vai tentar recuperar certamente nos próximos anos, primeiro com Mr and Mrs Smith e depois com a adaptação de The Time Traveler's Wife juntamente com Jennifer Anniston com a qual faz um dos casais mais poderosos de Hollywood.
Brad Pitt é ainda hoje visto mais como um sex-symbol do que como um actor. Apesar de muitos terem pensado nele como o porta estandarte da sua geração, a verdade é que até hoje o actor tem falhado em afirmar todo o seu talento, um pouco como o amigo Tom Cruise. Talvez o que falte sejam projectos de maior envergadura ou um pouco de sorte. Mas com 41 anos está na altura de Pitt definir um rumo para a sua carreira. Os seus próximos anos serão portanto extremamente interessantes de seguir.
segunda-feira, 8 de agosto de 2022
Alfred Hitchcock
O mestre do suspense é um nome incontornável na história do cinema. Nos EUA sempre o viram como mais um excêntrico inglês, mas foi na Europa que o seu valor como um dos mais notáveis cineastas de todos os tempos, foi consagrado. Alfred Hitchcock fez-nos ver o que era de facto o medo!
Estava o século XIX a dar os últimos suspiros quando pela primeira vez respirou aquele que viria a ser o maior génio do cinema britânico. Alfred Hitchcock nasceu em Leytonstone, um bairro na cidade de Londres.
Teve uma educação segundos os principios vitorianos da época e sempre esteve destinado a seguir uma profissão popular, como o seu pai que era merceeiro.
No entanto, nos anos 20 Alfred descobriu o cinema e nunca mais o largou.
Nesse ano foi contratado como desenhador de titulos, uma profissão que desempenhou durante dois anos. Em 1923 o realizador do estúdio ficou gravemente doente e o director mandou Hitchcock acabar as filmagens. O filme era Always Tell Your Wife e o seu desempenho como realizador impressionou de tal forma os responsáveis que a partir desse momento Alfred Hitchcock se tornou oficialmente realizador do estúdio. Só que no mês seguinte o estúdio abriu falência e o jovem de 24 anos teve de ir trabalhar como assistente de direcção para Michael Balcon.
Foi preciso esperar até 1925 para que na Gainsborough Pictures lhe dessem finalmente a oportunidade de realizar um filme. The Pleasure Garden foi o título que o acabaria por lançar para a ribalta do cinema britânico.
Em 1927 chega o seu primeiro grande sucesso, The Lodger. O filme seria também o primeiro de uma série infindável em que o próprio realizador fazia um pequeno "cameo" no início. Tornar-se-ia uma das suas imagens de marca.
Outra seria revelada a François Truffaut numa entrevista concedida nos anos 60. O realizador chamou-lhes "MacGuffins", ou seja o engodo para a narrativa. Todos os filmes do realizador se passaram a distinguir dos demais filmes de suspense exactamente devido aos MacGuffins.
Com Blackmail em 1929, The Man Who Knew To Much em 1934, The 39 Steps em 1935 e Sabotage em 1936, Hitchcock tornou-se no mais reputado realizador inglês. Não surpreendeu ninguém que em 1940 tentasse uma aventura em Hollywood. A principio todos os estudios o rejeitaram dizendo que seria incapaz de fazer um filme à maneira de Hollywood. Até que David Selznick lhe ofereceu um contrato para realizar Titanic. O filme não se fez e em vez disso Hitchcock realizou Rebeca. O seu primeiro filme americano seria coroado de sucesso e seria mesmo o vencedor do óscar de Melhor Filme. O que era para ser uma aventura, acabou por se tornar um mito.
Apesar de Rebeca ter sido o grande vencedor da noite dos óscares, o realizador nunca ganhou nenhum. Algo imperdoável para muitos, incluindo para o próprio que, quando em 1980 recebeu um óscar honorário, sarcasticamente agradeceu com um simples "thank you".
Mas a verdade foi que é a partir de Rebeca que o mito do mestre do suspense inicia.
Em 1941, Suspicion é de novo um sucesso o mesmo se passando com o notável Shadow of a Doubt no ano seguinte. Em 1945 Spellbound voltou a ser um exito imenso tal como Notorious em 1946. Mesmo os seus filmes menos célebres se tornavam clássicos, como o próprio chegou a dizer.
Em 1948 com o filme Rope, inicia uma relação de grande cumplicidade com James Stewart que se vai estender durante a década de 50 em mais três filmes: o remake de The Man Who Knew To Much (1956) , Rear Window (1954) e a sua obra-prima, Vertigo (1958).
Também Cary Grant cedo se tornou um dos seus actores fetiches. Depois de entrar em Suspicion e Notorious, foi a estrela de To Catch a Thief (1955) e North By Northwest (1959) .
Mas quem conhece Hitchock sabe que nos seus filmes o papel principal cabe às mulheres. Mulheres sempre misteriosas com algo a esconder mas profundamente sensuais. Normalmente loiras, foram várias as que fizeram parte da vida e filmografia do realizador. Desde Madaleine Carrol a Tipi Hedren, passando pelas inevitáveis Ingrid Bergman, Grace Kelly, Kim Novak ou Janet Leigh. As mulheres eram a sua perdição e a dos seus personagens principais, mas eram também um objecto com que o realizador jogava habilmente. Como chegou a dizer, para ele o interessante nas mulheres era que se podiam "comportar como senhoras, mas depois serem umas verdadeiras putas quando a porta se fechava". O próprio Hitchcock chegou a dizer que actrizes como Marilyn Monroe ou Brigitt Bardot não lhe interessavam porque tinham o "sexo na cara".
Ao entrar na década de 60, chegaram as suas últimas grandes obras. Em 1960 o mitico Psico, em 1963 The Birds, Marnie em 1964 e Torn Curtain em 1966.
No entanto, depois destes poucos foram os projectos que o realizador acabou por levar até ao fim. A doença começava-o a atingir gravemente e, cada vez mais debilitado, o realizador acabou por sucumbir finalmente em 1980.
Mesmo na hora da morte o seu humor caústico esteve presente na inscrição que queria colocar na lápide "É isto que acontece a meninos que se portam mal"!.
A perda de Alfred Hitchcock foi uma das maiores perdas que o cinema já teve de suportar. Nunca nenhum realizador conseguiu fazer o público sofrer tanto, e de uma forma quase masoquista, porque é raro encontramos um filme dele que não tenha sido coroado de sucesso, quer económico quer cinematográfico.
O mestre do suspense deixou-nos, mas o seu fantasma ecoará para sempre nas salas de cinema, onde soube ser criar uma atmosfera única!
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