É um dos actores mais versáteis da história do cinema. Encarna todo e qualquer tipo de papeis sempre com a mesma genialidade. Encarnou desde personagens históricas a homens excentricos, sempre convencendo tudo e todos do seu enorme talento. É provavelmente o actor mais sub-estimado da sua geração. Um pecado que ainda vai a tempo de ser remediado...
Gary Oldman traz em si toda a chama dos actores britânicos aliado a uma versatilidade tipicamente norte-americana. É o homem dos sete oficios. Já foi vilão, heroi, politico, compositor, musico e feiticeiro. Mas sempre com o mesmo toque de génio.
Nascido a 21 de Março de 1958 em Londres, Leonard Gay Oldman é o fiho tipico de Londres. Os pais eram gente humilde e Oldman só entrou mesmo numa fase avançada da sua aprendizagem como actor graças a uma bolsa de mérito. Foi então que no Rose Bruford Drama College começou a dar azo a todo o seu talento. Em 1979 recebeu um prémio de alto mérito pelos progressos desenvolvidos. Passou para o Greenwich Young People's Theatre onde começou a representar de forma continua. Daí até saltar para os teatros do East End foi um instante. Em 1985 venceu o Prémio Revelação e Prémio Melhor Actor do teatro londrino pela peça The Pope´s Wedding. Estava a hora de provar o seu valor no cinema.
E para primeiro papel nada como a mitica personagem da cena musical Sid Vicious no filme Sid and Nacy. Estavamos em 1986 e esta seria a primeira personagem histórica que iria encarnar de forma tão convincente que já não imaginamos a mesma personagem interpretada por outro actor.
Depois foi Joe Orton, o conturbado dramaturgo gay britânico em Pick Up Your Ears, ao lado de Alfred Molina, em 1987. Seguiram-se excelentes desempenhos em Track 29, Criminal Law, Chattachochee e Rosencratz and Guilderstern are Dead, filmes de 89 e 90. Era uma fase boa para Oldman que se começava a afirmar entre os demais. Antes de saltar para a fama como Lee Harvey Oswald, no mitico filme de Oliver Stone, esteve em estado de graça em State of Grace - notável performance ao lado de Sean Penn e Ed Harris - e ainda em Heading Home.
Mas foi de facto JFK que o catapultou para a fama. A viver o suposto assassino de presidente Kennedy, Oldman é uma das peças fortes do filme sem nunca ser demasiado extravagante. A sua omnipresença reforça ainda mais a sua poderosa interpretação. E a fama ali tão perto.
E depois de ser Oswald não há nada como viver Dráculo. Foi isso que Oldman pensou quando aceitou o convite de Francis Ford Copolla para ser a estrela do seu mais recente filme, The Bram Stoker´s Dracula. Um papel intenso, como habitual, e cheio de profundidade dramática, ou seja, tipico de um filho dos palcos.
Em 1993 Oldman fez apenas Romeo is Bleeding, filme sobre o sub-mundo da policia e as suas relaçoes com a mafia.
O ano seguinte provou no entanto ser o melhor da sua carreira.
Primeiro foi Stansfield, a nemesis de Jean Reno no sucesso de Luc Besson, The Professional. E nesse mesmo ano conseguiu o seu maior desempenho de sempre - e um dos mais portentosos da década - ao viver o compositor Ludwig von Beethoven no inesquecivel Imortal Beloved. Um desempenho marcante mas que acabou por passar ao lado dos grandes prémios. Por essa altura já se percebia que Oldman era, a par de Johnny Depp, o actor mais sub-valorizado da sua geração.
O ano seguinte seria marcado por dois filmes apenas, Murder in the First e The Scarlett Letter, onde contracenou com Demi Moore num drama de época, onde valores morais e um amor impossivel se cruzam de forma impiedosa.
Basquiat iria dar a Oldman mais uma hipótese de brilhar, desta vez como elemento secundário, enquanto que em 1997 seria um Oldman hilariante aquele que Luc Besson escalou para entrar no seu sucesso The Fith Element.
Por essa altura a faceta de vilão de Oldman estava em alta o que se confirmou no filme Air Force One, ainda de 1997, no tele-filme Jesus, onde foi Pilatos, e ainda no notável The Contender, filme que para muitos poderia ter sido o da coroação tão ansiada. O que obviamente não veio a acontecer.
Hannibal marcava a estreia de Oldman no novo século. Era já uma fase baixa da carreira do notável actor, sucessivamente desaproveitado pelos grandes estudios. E depois de dois anos de trabalhos pouco reconhecidos, chegou a hipótese de Oldman se estrear num grande blockbuster. Foi em Harry Potter and the Wizard of Azkaban. Oldman só surge em cena nos últimos vinte minutos mas a forma como o faz desiquilibra logo as contas a seu favor. E prova a todos que ainda está no seu melhor.
Para os próximos tempos espera-se o regresso ao seu papel de Sirius Black em Harry Potter and the Goblet of Fire e Harry Potter and the Order of Fenix e ainda a ansiada performance em Batman Begins, onde viverá um jovem tenente Gordon.