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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

António Mourão

 

António Manuel Dias Pequerrucho é o verdadeiro nome de António Mourão que viu a luz do dia, na vila do Montijo, a 3 de Junho de 1936. Foi dos poucos fadistas que trouxe para o fado, além de uma voz de belo timbre e extensão, um estilo sóbrio mas original de um dramatismo que, no início, era quase soluçante mas que, a pouco e pouco, devido à maturidade adquirida, se tornou versátil, ao ponto de estar tão à vontade no fado-canção como no folclore, ou até nas músicas inspiradas, mas profundas, de Alain Oulman e muito seguro, bom intérprete da poesia de Ary dos Santos, de Fernando Pessoa ou António Aleixo. 

Estreou-se na "Parreirinha de Alfama", mas passado pouco tempo, ao aceitar um convite para integrar, como atração nacional, o elenco da revista "E Viva o Velho", em 1965, no Teatro Maria Vitória, teve a rara oportunidade de cantar um fado de Eduardo Damas e Manuel Paião, que foi dos maiores sucessos que alguma vez saiu do Parque Mayer e é hoje um dos clássicos da música portuguesa, o sempre lembrado «Ó Tempo Volta para Trás». O sucesso foi tão grande que o público se deslocava propositadamente ao teatro para escutar este número na voz do seu criador que, entretanto, se situava já no primeiro lugar de vendas de discos no País. 

Dotado de uma excelente presença em cena, António Mourão foi várias vezes convidado como atração do teatro de revista, onde deixou bem marcadas as suas intervenções que sempre se traduziram em sucessos. Detentor de vários troféus e prémios de imprensa e da crítica, António Mourão, além dos espetáculos no continente é, ainda hoje, um incansável viajante, a convite das comunidades portuguesas
repartidas pelos quatro cantos do mundo.


DISCOGRAFIA: 
1968 - E Sempre Sucesso (LP, Decca).
1969 - Os Últimos Êxitos de António Mourão (LP, Decca).
1970 - Folclore das Provincias (LP, Decca). 
1971 - Meu Amor. Meu Amor (LP, Decca). 
1972 - Folclore (LP, Decca).
1973 - Se Quiseres Ouvir Cantar (LP, Decca). 
1974 - Fado e Folclore (LP, Decca). 
1975 - Pregão de Liberdade (LP, Decca). 
1976 - Cantigas Que a Gente Gosta (LP, Decca). 
1977 - Fado e Folclore 2 (LP, Decca). 
1978 - Canta o Amor (LP, Decca); O Nosso Folclore (LP, Decca).
1980 - Canto e Recanto (LP, Decca). 
1987 - Sucessos Populares (LP, Polydor). 
1992 - Temas de Ouro da Música Portuguesa (CD, Polydor). 
1994 - O Melhor dos Melhores(CD, Movieplay). 



sábado, 9 de agosto de 2025

António Menano

1895 - Nasce, a 5 de Maio, em Fornos de Algodres, na Serra da Estrela. 

1915 

- Mar. Já matriculado em Medicina, na Universidade de Coimbra, António Menano estreia-se em público num sarau organizado pela Associação Académica de Coimbra, com a participação da Tuna Académica e do Orfeão Académico. A reorganização que o orfeão sofre sob o Dr. Elias de Aguiar leva a que Menano seja nomeado solista e ensaiador do naipe dos primeiros tenores, passando igualmente a cantor «titular» de fados e canções nos espectáculos do orfeão. 

- Jun. (10) - Atua na festa de homenagem a Camões promovida pelos alunos do Liceu José Falcão, interpretando, em vez dos tradicionais fados de Coimbra, um trecho de "Os Lusíadas" musicado pelo Dr. Elias de Aguiar. Ainda neste ano, é publicada pela Livraria Neves a primeira edição musical com fados de autoria atribuída a António Menano, "Os Três Mais Lindos Fados de Coimbra". 

1918

- Abr. (29) - Manuel da Silva Gaio, secretário da Universidade de Coimbra, publica na revista "Ilustração Portugueza" um artigo rogando aos estudantes que não cantem fados de Coimbra mas sim cantigas populares. Este período coincide com um abandono por parte de António Menano dos fados de Coimbra, em favor de canções acompanhadas ao piano. 

- Jun. Conduzido à direção do Orfeão Académico, Menano atua nas Fogueiras de S. João interpretando novamente canções populares. 

1919 

- Dez. Organiza no Teatro Avenida, em nome da Associação Académica de Coimbra, um sarau musical cujo programa não inclui um único fado ou guitarrada. Pouco depois, uma proibição oficial de realização de serenatas acabará por ter o efeito oposto, provocando uma revitalização do género. 

1923 

- Abr. Já casado mas ainda não formado, participa na digressão do Orfeão e da Tuna Académica a Espanha, atuando em Salamanca, Madrid e Valladolid. Em Madrid, atua perante os reis de Espanha, acompanhado por Paulo de Sá e pelo seu irmão Alberto Menano, com tal sucesso que se vê forçado a fazer vários encores. 

1924 

- Jun. Atua em França integrado no Orfeão Académico, passando por Paris, Toulouse, Bordéus e Bayonne, cantando fados com Agostinho Fontes e acompanhado à guitarra por Artur Paredes. 

1925 

Conclui o curso de Medicina e passa a exercer clínica em Fornos de Algodres, a sua terra natal. 

1927 

Chega a acordo com a editora fonográfica parisiense Odeon para gravar em disco os seus fados de Coimbra. Menano gravará até 1929 várias dezenas de fados e canções que, publicados em 78 rpm, lhe granjearão grande popularidade e sucesso comercial. 

1929

É convidado pela Academia de Coimbra para integrar a Embaixada Artística enviada para atuar no festival oferecido aos reis de Espanha na inauguração do Pavilhão de Portugal da Exposição Ibero-Americana de Sevilha, composta ainda por Artur Paredes, Afonso de Sousa e Guilherme Barbosa. 

1933 

Parte para Moçambique para aí exercer clínica, abandonando a carreira artística. 

1956 

- Out. (22) Durante uma passagem por Lisboa, Menano dá um recital único no Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda, que apenas começa às duas horas da manhã e ficou lendário. 

1961

Regressa definitivamente a Lisboa. 

1967

 - (24) Atua nas escadarias da Sé Velha, em Coimbra, por ocasião da Serenata Monumental da reunião do Curso Jurídico de 1907-1912, do qual fazia parte o seu irmão Francisco Menano. 

Dez. 

(16) Faz a sua última apresentação pública, interpretando duas canções na inauguração da Galeria Rodin, em Lisboa. 

1969 

António Menano morre, a 11 de Setembro, na sua casa de Lisboa. 

1985 

Com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, a EMI-Valentim de Carvalho publica um duplo álbum que reúne 24 das mais conhecidas gravações de Menano, editadas pela primeira vez em LP. O sucesso obtido por este disco leva à edição, alguns meses depois, de um segundo volume. 

1995 

Ago. - É editada em Portugal uma compilação realizada pela firma macaense Tradisom para a sua série Arquivos do Fado, compilada à revelia dos herdeiros do cantor a partir de discos de 78 rpm. 

Set. - E publicado pela EMI-Valentim de Carvalho o primeiro de três CD retrospetivos realizados a partir da coleção particular de 78 rpm do Eng.° Nuno Menano, filho do cantor, transferidos para DAT nos estúdios de Abbey Road, em Londres, e tratados com o sistema de restauro digital CEDAR Audio Restoration. O segundo volume é publicado no Natal de 1995, e o terceiro no Outono de 1996. 

DISCOGRAFIA: 

1985 - Fados de Coimbra (LP, EMI). 

1986 - Fados de Coimbra, vol. II (LP, EMI). 

1995 - Arquivos do Fado (CD, Tradisom); Fados (CD, Odeon); Fados, vol. II (CD, Odeon). 

1996 - Canções (CD, Odeon). 


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

António Macedo

 «Erguer a Voz e Cantar» e o «Casamento da Menina Manuela» são os dois grandes êxitos da carreira de António Macedo, um dos primeiros a integrar a chamada Nova Música Portuguesa ao lado de nomes como os de Manuel Freire, Fausto e Filarmónica Fraude. Nascido no Porto em 1946, António Inácio Reis de Macedo iniciou a carreira musical nos convívios dos bares das faculdades em Lisboa, nomeadamente na de Letras, onde tirava o curso de Germânicas. «Erguer a Voz e Cantar» tornou-se numa espécie de hino da juventude universitária enquanto «O Casamento da Menina Manuela» o revelou como um crítico da sociedade, ao estilo da Filarmónica Fraude («Flor de Laranjeira» e «Animais de Estimação»). 

terça-feira, 5 de agosto de 2025

António Emiliano

Nasce em Lisboa, onde continua a viver. É casado e tem dois filhos. Iniciou os seus estudos musicais aos quatro anos, com Raquel Simões. Estudou violoncelo, piano e música na Fundação Musical dos Amigos das Crianças. Prosseguiu os estudos de piano com Campos Coelho e estudou órgão com Gerhard Dohderer. 

1976 - Aos 17 anos, interrompe os estudos musicais. Fará, no entanto, uma carreira académica na área da linguística. Licencia-se em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras de Lisboa, onde faz o mestrado em Linguística Portuguesa. Posteriormente, será convidado para professor assistente e investigador do Departamento de Linguística da Universidade Nova. No início dos anos 90, prepara um doutoramento em Linguística. Numa entrevista a João Botelho da Silva, do Diário de Notícias, em 1991, diz temer «o dia em que tenha de fazer uma opção radical» entre a música e a universidade. 

1979 - Inicia a atividade de produtor e músico de estúdio que manterá durante oito anos. Dessa parte da sua atividade recordará «bons momentos» vividos em estúdio com Né Ladeiras ou José Mário Branco, e maus, como as gravações com Dino Meira, Marco Paulo e o Trio Odemira. «Aquilo era para rir ou para vomitar», disse na mesma entrevista. 

1983 - Assina a direção musical do espetáculo «Alana», de Anamar, produzido por Manuel Reis. Num campo radicalmente oposto, surge a sua primeira colaboração com Herman José, ao co-dirigir musicalmente, com Ramón Galarza, a série «O Tal Canal». 

1984 - Novo trabalho com Anamar e Manuel Reis, do Frágil, no espetáculo «Coproduction». Prossegue também a colaboração com Herman na RTP, de novo com Ramón Galarza, na série de programas «Hermanias». Ainda com Manuel Reis, realiza a sua primeira colaboração com o cantor de ópera Luís Madureira. É o espetáculo «Boite à Musique», concebido pelo recentemente desaparecido José Ribeiro da Fonte e baseado num repertório de canções francesas. O espetáculo será reposto em Viseu por Ricardo Pais, então a trabalhar na cidade beirã. É a primeira colaboração de António Emiliano e Ricardo Pais. Mais tarde, o compositor afirmou que o encenador foi decisivo para o levar a trocar a produção pela composição. No balanço de um ano já bem mais intenso do que o anterior surge a produção de «Em Pessoa», um disco de José Campos e Sousa sobre poemas do autor da «Mensagem», editado pela Rádio Triunfo. 

1985 - É o ano de viragem no percurso de António Emiliano, cuja estreia como compositor o catapulta automaticamente para o reconhecimento público. A chave da viragem é o espetáculo «Teatro de Enormidades apenas Criveis à Luz Elétrica», cuja autoria é dividida pelo encenador Ricardo Pais, a coreógrafa Olga Roriz, o cantor Luís Madureira e pelo próprio Emiliano. Concebido a partir de textos de Aquilino Ribeiro, o espetáculo é co-produzido pela Área Urbana/Viseu, de Ricardo Pais, e pelo ACARTE, tendo a estreia decorrido em Viseu, em Setembro. O espectáculo valeu a Emiliano o Prémio da Critica para a Melhor Música de Teatro. Executada pelo próprio músico em palco, a música de «Enormidades...» criava uma envolvência poderosa e revelava uma voz absolutamente original e distinta do que o panorama erudito então oferecia em Portugal. 

1986 - Estreia na música para bailado em Espaço Vazio, de Olga Roriz, na Gulbenkian e no cinema, ao compor as bandas sonoras de Repórter X (João Nascimento) e do primeiro filme de Joaquim Leitão, De "Uma Vez por Todas". Participa ainda nesse ano em «Na Vida Real», de Sérgio Godinho. 

1987 - Recebe pela segunda vez o Prémio da Crítica para a Melhor Música de Teatro, desta vez com Anatol, de Arthur Scnitzler, encenada por Ricardo Pais no início da passagem do encenador pela direção do D. Maria II. Nova colaboração com Olga Roriz, Treze Gestos para Um Corpo e com Luís Madureira e Ribeiro da Fonte, em «Le Samedi Soir à Paris», produzido para o Festival dos Capuchos. A sua carreira como produtor discográfico e músico de estúdio chega ao fim com as participações em «Aguaceiro», de Lena D'Água e «Negro Fado», de Vitorino. 

1988 - Compõe a música para o bailado Galvoreh, de Gagik Ismailan, na Gulbenkian. É, o primeiro trabalho original de António Emiliano que conhecerá posterior edição discográfica (1989, Nuno Rodrigues/Transmédia). Assina a sua terceira banda sonora para longas metragens em "A Mulher do Próximo", de Fonseca e Costa. Escreve ainda a música da curta-metragem para televisão "Voltar", de Joaquim Leitão. 

1989 - Reencontra Ricardo Pais no Teatro D. Maria para compor a música de Fausto, Fernando, Fragmentos, espetáculo realizado sobre um texto incompleto de Pessoa, com versão e dramaturgia de António Ribeiro. A música de Fausto, Fernando, Fragmentos será editada este ano em disco, de novo por Nuno Rodrigues, na Transmédia. O trabalho de Emiliano é distinguido com o Prémio Garrett especial de música, atribuído pela Secretaria de Estado da Cultura. Os dois discos do compositor são distinguidos com o Sele de Ouro para a música instrumental contemporânea. As bandas sonoras de "Repórter X" e "De Uma Vez por Todas" são também premiadas, nesse ano, com o Prémio de Música do Instituto Português de Cinema. Mantém a produção no bailado (Ad Vitam, de Paulo Ribeiro) e faz uma breve incursão na publicidade, com a campanha de rádio e televisão de "O Independente", premiada com uma menção honrosa da RTC. 

1990 - Nova banda sonora para José Fonseca e Costa, em "Os Cornos de Cronos" e novos trabalhos para curtas-metragens televisivas de Joaquim Leitão (The Island e The Ransom). Na dança, é a vez de Estranhezas, com coreografia de Paula Massano, uma encomenda do ACARTE. 

1991 - De novo o cinema e o bailado, uma vez mais Joaquim Leitão, que confia a Emiliano a banda sonora da longa-metragem "Até ao Fim". Volta a trabalhar com Olga Roriz em "Cavaleiros da Noite". Retoma também o trabalho com Ricardo Pais e António Ribeiro para uma versão de Amor de Perdição, integrado na Europália, em Bruxelas. Música sem «atonalismos, pós-serialismos e arritmias», apenas «uma música profundamente nostálgica», foi a forma como descreveu esse trabalho. 


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Thundercats


 

Thundercats


 

Thundercats

 


Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80

 


Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80

 


Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80

 


Ídolos dos Anos 80

 


domingo, 3 de agosto de 2025

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80

 


António Calvário

António Calvário da Paz nasce, em Lourenço Marques (Moçambique), a 17 de Outubro de 1938. Aos 7 anos, começa a ter aulas de piano, sonhando já com a possibilidade de vir a estudar no Conservatório. Em 1946 muda-se, com a família, algarvia, para Faro. É aí que, aos 14 anos, é escolhido para cantar numa festa do liceu: a sua primeira atuação como cantor. Pouco tempo depois vai estudar para Lisboa, para o Colégio Académico. Uma prima da sua avó, Corina Freire, uma das maiores vozes do teatro de revista, é, então, a sua professora de canto. Em 1957, com 18 anos, concorre, ao lado de outros trinta cantores, a uma vaga na Emissora Nacional. É aprovado e passa a atuar, com regularidade, nos «Serões para Trabalhadores», nas «Vozes de Portugal» e nos «Passatempos Pac». 

Com a canção «Regresso» vence, em 1959, o II Festival de Canção Portuguesa que se realiza no Coliseu do Porto. É o seu primeiro triunfo num certame onde participam, também, nomes como Simone, Madalena Iglésias, Alice Amaro e Guilherme Kjolner. O sucesso obtido por esta vitória leva a Valentim de Carvalho a assinar com António Calvário, que assim grava o seu primeiro EP: Regresso. Seguem-se Sabor a Sal e Perdão para Nós Dois. Durante uma atuação, em 1960, no restaurante típico português Fado, em Madrid, conhece Lucia Bosé, que muito o elogia. Em 1962 é eleito, pela primeira vez, Rei da Rádio, título que reconquista em 1964, 65, 66 e 72. Toma-se num ídolo da canção, arrastando multidões de jovens admiradoras que chegam a rasgar-lhe camisas e casacos nalgumas invasões de palco. Ao mesmo tempo, por contraponto, há quem o descreva como o rei dos pirosos. As opiniões dividem-se... 

Nesse mesmo ano recebe o Prémio Popularidade, da revista com o mesmo nome, de rádio, e TV, e o Óscar da Imprensa. No auge da popularidade chega a cobrar 20 contos por atuação, uma fortuna para a época. Semanalmente, recebe centenas de cartas, umas com elogios, declarações de amor ou pedidos de fotografias autografadas, outras com insultos, pragas e mesmo orações com bruxarias... 

Ao longo da década de 60 faz digressões pelos Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Venezuela, Holanda e Alemanha Federal. Na revista Chapéu Alto, no Teatro ABC, estreia-se, em 1963, no teatro. Ao longo dos anos seguintes conhecerá igualmente o êxito nas peças "Lábios Pintados", "Zero, Zero Zé", "Ordem para Pagar", "Esta Lisboa Que Eu Amo", "Mãos à Obra" e "Duas Pernas, Um Milhão". Em 1964 vence com «Oração», que a Valentim de Carvalho edita num EP, o I Grande Prémio da Canção da RTP, e representa Portugal na sua primeira participação no Festival da Canção, na Dinamarca, onde se desloca acompanhado apenas por um representante da RTP. A canção obtém zero pontos. 

Durante a sua atuação, um grupo de manifestantes invade o palco com cartazes onde se lia «Abaixo Franco e Salazar». A policia dinamarquesa intervém, mas as câmaras desviam-se da ação, mostrando outras imagens. António Calvário, que em 1964 apresentara também a canção «Para Cantar Portugal» no I Grande Prémio da Canção, voltará a concorrer em 1965 (com «Você não Vê», «Bom Dia» e «Por Causa do Mar»), em 1966 (com «Encontro para Amanhã») e em 1968 (com «O Nosso Mundo»). 

Representou, ainda, por três vezes, Portugal no Festival de Aranda do Douro. A sua estreia no cinema acontece também em 1964, ao lado de Madalena Iglésias, em "Uma Hora de Amor", de Augusto Fraga, que lhe valerá o Prémio Popularidade Cinema desse ano. Participará, depois, nos filmes "Rapazes de Táxis", de Constantino Esteves, em 1965, "Sarilhos de Fraldas", de novo com Madalena Iglésias, naquele que foi o seu maior sucesso na Sétima Arte, numa realização de Constantino Esteves, em 1966, e "O Amor Desceu em Pára-quedas", de Constantino Esteves, em 1968. 

Em 1969, decide produzir "O Diabo Era o Outro", filme de Constantino Esteves, com Milu, Nicolau Breyner, Hermínia Silva, Fernanda Borsatti, Armando Cortêz e Julieta Castelo. Nessa época, a produção de um filme rondava, habitualmente, os 900 contos, quantia que era comportada pelos 1200 contos que António Calvário tinha no banco. O filme, todavia, acabou por custar 3200 contos, num lento processo que levou perto de um ano a ser concluído. Endividado em 2000 contos, António Calvário pagou tudo, ao último tostão, atuando em todo o lado onde pudesse ganhar dinheiro, tendo inclusivamente cantado em circos como atração. «Meteram-me numa alhada, mas não se ficaram a rir de mim», afirmaria mais tarde em entrevista a "A Capital", em 1984. 

Em 1970 faz uma digressão por Portugal, Angola e Moçambique, com o filme "O Diabo Era o Outro", cujos direitos adquire. Inesperado, o sucesso obtido pelo single «Mocidade, Mocidade», editado em 1979 pela Rossil, devolve António Calvário às rádios e aos escaparates das discotecas. O single atinge o galardão de Disco de Ouro. Em 1984 comemora os 25 anos de atividade artística com um concerto no Teatro São Luís, em Lisboa, onde marcam presença Simone de Oliveira, Tony de Matos e a antiga professora de canto Corina Freire. A RTP não comparece. A EMI-VC edita o LP "O Melhor de António Calvário", regravado. Em 1988, num novo acordo editorial com a CBS, edita o single «Adeus Isabel/Santa Luzia», duas versões de canções internacionais, arranjadas por Ana Faria. Ligado à companhia itinerante Revista À Vista, corre o País, de povoação em povoação. No Verão de 1996, a EMI edita o CD Oração, na série Caravela, com uma compilação de canções, entre as quais «Oração», «O Meu Chapéu», «Mocidade, Mocidade», «Alma de Boémio», «Pop Fado», «Helio Dolly», «Sabor a Sal» e «Meu Coração da Madeira». 

DISCOGRAFIA: 

1960 - Sem Ti (A Voz do Dono); O Papá e a Mamã (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende.

1961 - Carnaval do Estoril (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende; Oração de Amor (A Voz do Dono); O Meu Chapéu (A Voz do Dono). 

1962 - António Calvário Canta Desse Amor (A Voz do Dono); Perdão para Nós Dois (A Voz do Dono).

1963 - O Dia Mais Longo (A Voz do Dono); Fado Hilário (A Voz do Dono); Avé Maria dos Namorados (A Voz do Dono); António Calvário com Los Guairehos (A Voz do Dono); Boas Festas (A Voz do Dono). 

1964 - O Meu Senhor (A Voz do Dono); Oração (A Voz do Dono); Madalena Iglésias e António Calvário em trechos do filme Uma Hora de Amor (A Voz do Dono); Sabor a Sal (A Voz do Dono); Natal de Belém (A Voz do Dono). 

1965 - Fados (A Voz do Dono); Meu Coração da Madeira (A Voz do Dono); Rapazes de Táxis (A Voz do Dono); Ce Monde (A Voz do Dono). 

1966 - Encontro para Amanhã (A Voz do Dono); Marchas do Estoril (A Voz do Dono); Pop Fado (A Voz do Dono); Cantar na Estrada (A Voz do Dono); Canções de Natal (A Voz do Dono); O Fado Nasceu na Rua (Belter).

1968 - Canções de Mv Fair Ladv (Decca,), com Simone. 

1979 - Mocidade, Mocidade (Rossil). 

Álbuns: 

1967 - Canções de Natal (Coimbra). 

1973 - Regresso (A Voz do Dono). 

1984 - Saudade (EMI). 

1994 - O Melhor de António Calvário (EMI). 

1996 - Oração (Caravela--EMI). 

1997 - Eu Canto Avé Maria (Strauss). 


sexta-feira, 1 de agosto de 2025

António Brojo

António Pinho de Brojo nasceu a 28 de Novembro de 1927, em Coimbra. Fez o liceu nesta cidade e licenciou-se na Escola Superior de Farmácia. Em 1950 concluiu, na Universidade do Porto, a licenciatura em Ciências Farmacêuticas, regressando a Coimbra para passar a exercer as funções de assistente na Faculdade de Farmácia, entretanto criada. De 1954 a 1958 preparou a tese de doutoramento na Universidade de Basileia, onde foi assistente, doutorando-se na Universidade do Porto em 1961. É professor catedrático da Faculdade de Farmácia de Coimbra. Foi vice-reitor da Universidade e é, atualmente (1996), presidente do Conselho Social da Universidade. António Brojo foi, também, o primeiro presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, tendo sido candidato a deputado, pelo PS, às eleições legislativas de 1983. 

Iniciou-se na guitarra quando andava no liceu, em 1941, e teve como professores os guitarristas João Bagão, José Maria Amaral e Carvalho Homem, os quais acompanhou a partir de 1945. Foi contemporâneo dos cantores Augusto Camacho Vieira, Anarolino Fernandes, Alcides Santos, Alexandre Herculano e dos violas Aurélio Reis, Mário de Castro e Tavares de Melo, com os quais se iniciou o programa radiofónico «Serenata de Coimbra», emitido pelo Emissor Regional de Coimbra da ex-Emissora Nacional. A sua passagem pelo Porto ficou também assinalada pela sua colaboração com o orfeão universitário desta cidade e com guitarristas e cantores como Cunha Gomes, Viriato Santos, Aureliano Veloso (pai de Rui Veloso), Álvaro Andrade e Napoleão Amorim. 

Em 1951, de novo em Coimbra, constitui com Florêncio de Carvalho, José Afonso, Luiz Goes, Fernando Rolim, mais tarde, Machado Soares, e ainda com António Portugal, um grupo histórico que regista, em 1953, oito discos de 78 rotações por minuto, incluídos no primeiro volume da coletânea Fados e Guitarradas de Coimbra, editada pela Movieplay em 1996, e que constituem as primeiras gravações de todos os grandes nomes atrás citados, exceto Machado Soares, que gravou, pela primeira vez, em 1956. 

Em 1961 e depois de diversas viagens a África, Brasil e Goa, entre outras --- António Brojo desloca-se a Angola e Moçambique, integrado como professor num curso de férias. Em Lourenço Marques, no Rádio Clube de Moçambique, grava um EP, posteriormente editado pela etiqueta Alvorada, com Almeida Santos, Roxo Leão, Gabriel de Castro e Caseiro da Rocha. Desse disco foram selecionados para a coletânea duas variações em que é solista, «Balada de Coimbra» e «Variações em Lá Menor» e o fado «Lá Longe», cantado por Almeida Santos, então a advogar em Moçambique. 

Segue-se um período de sensível redução da sua atividade musical, entre 1967 e 1977, ano em que volta aos estúdios para gravar dois LP com José Mesquita. Com o regresso de António Portugal a Coimbra, depois de terminada a sua atividade de deputado na Assembleia da República, reconstitui-se o histórico grupo dos anos 50, agora naturalmente com novos cantores, como António Bernardino, Alfredo Correia, Luís Marinho (deputado europeu pelo PS - 1996) e José Mesquita, professor catedrático da Faculdade de Ciências. 

Os últimos anos, sempre integrado no grupo de que também faziam parte António Portugal, Aurélio Reis e Luís Filipe (nas violas), constituíram para o professor Brojo um período de intensa atividade musical, em Portugal e no estrangeiro, em programas de televisão e em gravações de discos. Em Junho de 1994, António Brojo viajou com António Portugal, António Bernardino e outros, até ao Oriente (Tailândia, Malásia). Foi a última digressão que realizou com o seu companheiro de sempre, António Portugal, falecido poucos dias depois do regresso a Portugal, a 26 de Junho de 1994. Os dois guitarristas preparavam - e tinham quase concluída - a gravação de dois LP de guitarradas, em que ambos são solistas. O disco acabaria por ser editado em 1994, pela EMI, precisamente com o título Variações Inacabadas. 

O professor António Brojo, com mais de 50 anos de guitarra, é talvez o maior «fundista» da maratona musical de Coimbra: ninguém, como ele, acompanhou tantas gerações de fadistas e guitarristas. Mas dos seus dedos, da sua sensibilidade, do seu gozo e do seu talento peculiar de tocar guitarra, virão ainda novas surpresas. António Brojo, já reformado da sua cátedra de Farmácia, continua e vai continuar ativo na sua outra cátedra, a da guitarra de Coimbra.