António Calvário da Paz nasce, em Lourenço Marques (Moçambique), a 17 de Outubro de 1938. Aos 7 anos, começa a ter aulas de piano, sonhando já com a possibilidade de vir a estudar no Conservatório. Em 1946 muda-se, com a família, algarvia, para Faro. É aí que, aos 14 anos, é escolhido para cantar numa festa do liceu: a sua primeira atuação como cantor. Pouco tempo depois vai estudar para Lisboa, para o Colégio Académico. Uma prima da sua avó, Corina Freire, uma das maiores vozes do teatro de revista, é, então, a sua professora de canto. Em 1957, com 18 anos, concorre, ao lado de outros trinta cantores, a uma vaga na Emissora Nacional. É aprovado e passa a atuar, com regularidade, nos «Serões para Trabalhadores», nas «Vozes de Portugal» e nos «Passatempos Pac».
Com a canção «Regresso» vence, em 1959, o II Festival de Canção Portuguesa que se realiza no Coliseu do Porto. É o seu primeiro triunfo num certame onde participam, também, nomes como Simone, Madalena Iglésias, Alice Amaro e Guilherme Kjolner. O sucesso obtido por esta vitória leva a Valentim de Carvalho a assinar com António Calvário, que assim grava o seu primeiro EP: Regresso. Seguem-se Sabor a Sal e Perdão para Nós Dois. Durante uma atuação, em 1960, no restaurante típico português Fado, em Madrid, conhece Lucia Bosé, que muito o elogia. Em 1962 é eleito, pela primeira vez, Rei da Rádio, título que reconquista em 1964, 65, 66 e 72. Toma-se num ídolo da canção, arrastando multidões de jovens admiradoras que chegam a rasgar-lhe camisas e casacos nalgumas invasões de palco. Ao mesmo tempo, por contraponto, há quem o descreva como o rei dos pirosos. As opiniões dividem-se...
Nesse mesmo ano recebe o Prémio Popularidade, da revista com o mesmo nome, de rádio, e TV, e o Óscar da Imprensa. No auge da popularidade chega a cobrar 20 contos por atuação, uma fortuna para a época. Semanalmente, recebe centenas de cartas, umas com elogios, declarações de amor ou pedidos de fotografias autografadas, outras com insultos, pragas e mesmo orações com bruxarias...
Ao longo da década de 60 faz digressões pelos Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Venezuela, Holanda e Alemanha Federal. Na revista Chapéu Alto, no Teatro ABC, estreia-se, em 1963, no teatro. Ao longo dos anos seguintes conhecerá igualmente o êxito nas peças "Lábios Pintados", "Zero, Zero Zé", "Ordem para Pagar", "Esta Lisboa Que Eu Amo", "Mãos à Obra" e "Duas Pernas, Um Milhão". Em 1964 vence com «Oração», que a Valentim de Carvalho edita num EP, o I Grande Prémio da Canção da RTP, e representa Portugal na sua primeira participação no Festival da Canção, na Dinamarca, onde se desloca acompanhado apenas por um representante da RTP. A canção obtém zero pontos.
Durante a sua atuação, um grupo de manifestantes invade o palco com cartazes onde se lia «Abaixo Franco e Salazar». A policia dinamarquesa intervém, mas as câmaras desviam-se da ação, mostrando outras imagens. António Calvário, que em 1964 apresentara também a canção «Para Cantar Portugal» no I Grande Prémio da Canção, voltará a concorrer em 1965 (com «Você não Vê», «Bom Dia» e «Por Causa do Mar»), em 1966 (com «Encontro para Amanhã») e em 1968 (com «O Nosso Mundo»).
Representou, ainda, por três vezes, Portugal no Festival de Aranda do Douro. A sua estreia no cinema acontece também em 1964, ao lado de Madalena Iglésias, em "Uma Hora de Amor", de Augusto Fraga, que lhe valerá o Prémio Popularidade Cinema desse ano. Participará, depois, nos filmes "Rapazes de Táxis", de Constantino Esteves, em 1965, "Sarilhos de Fraldas", de novo com Madalena Iglésias, naquele que foi o seu maior sucesso na Sétima Arte, numa realização de Constantino Esteves, em 1966, e "O Amor Desceu em Pára-quedas", de Constantino Esteves, em 1968.
Em 1969, decide produzir "O Diabo Era o Outro", filme de Constantino Esteves, com Milu, Nicolau Breyner, Hermínia Silva, Fernanda Borsatti, Armando Cortêz e Julieta Castelo. Nessa época, a produção de um filme rondava, habitualmente, os 900 contos, quantia que era comportada pelos 1200 contos que António Calvário tinha no banco. O filme, todavia, acabou por custar 3200 contos, num lento processo que levou perto de um ano a ser concluído. Endividado em 2000 contos, António Calvário pagou tudo, ao último tostão, atuando em todo o lado onde pudesse ganhar dinheiro, tendo inclusivamente cantado em circos como atração. «Meteram-me numa alhada, mas não se ficaram a rir de mim», afirmaria mais tarde em entrevista a "A Capital", em 1984.
Em 1970 faz uma digressão por Portugal, Angola e Moçambique, com o filme "O Diabo Era o Outro", cujos direitos adquire. Inesperado, o sucesso obtido pelo single «Mocidade, Mocidade», editado em 1979 pela Rossil, devolve António Calvário às rádios e aos escaparates das discotecas. O single atinge o galardão de Disco de Ouro. Em 1984 comemora os 25 anos de atividade artística com um concerto no Teatro São Luís, em Lisboa, onde marcam presença Simone de Oliveira, Tony de Matos e a antiga professora de canto Corina Freire. A RTP não comparece. A EMI-VC edita o LP "O Melhor de António Calvário", regravado. Em 1988, num novo acordo editorial com a CBS, edita o single «Adeus Isabel/Santa Luzia», duas versões de canções internacionais, arranjadas por Ana Faria. Ligado à companhia itinerante Revista À Vista, corre o País, de povoação em povoação. No Verão de 1996, a EMI edita o CD Oração, na série Caravela, com uma compilação de canções, entre as quais «Oração», «O Meu Chapéu», «Mocidade, Mocidade», «Alma de Boémio», «Pop Fado», «Helio Dolly», «Sabor a Sal» e «Meu Coração da Madeira».
DISCOGRAFIA:
1960 - Sem Ti (A Voz do Dono); O Papá e a Mamã (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende.
1961 - Carnaval do Estoril (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende; Oração de Amor (A Voz do Dono); O Meu Chapéu (A Voz do Dono).
1962 - António Calvário Canta Desse Amor (A Voz do Dono); Perdão para Nós Dois (A Voz do Dono).
1963 - O Dia Mais Longo (A Voz do Dono); Fado Hilário (A Voz do Dono); Avé Maria dos Namorados (A Voz do Dono); António Calvário com Los Guairehos (A Voz do Dono); Boas Festas (A Voz do Dono).
1964 - O Meu Senhor (A Voz do Dono); Oração (A Voz do Dono); Madalena Iglésias e António Calvário em trechos do filme Uma Hora de Amor (A Voz do Dono); Sabor a Sal (A Voz do Dono); Natal de Belém (A Voz do Dono).
1965 - Fados (A Voz do Dono); Meu Coração da Madeira (A Voz do Dono); Rapazes de Táxis (A Voz do Dono); Ce Monde (A Voz do Dono).
1966 - Encontro para Amanhã (A Voz do Dono); Marchas do Estoril (A Voz do Dono); Pop Fado (A Voz do Dono); Cantar na Estrada (A Voz do Dono); Canções de Natal (A Voz do Dono); O Fado Nasceu na Rua (Belter).
1968 - Canções de Mv Fair Ladv (Decca,), com Simone.
1979 - Mocidade, Mocidade (Rossil).
Álbuns:
1967 - Canções de Natal (Coimbra).
1973 - Regresso (A Voz do Dono).
1984 - Saudade (EMI).
1994 - O Melhor de António Calvário (EMI).
1996 - Oração (Caravela--EMI).
1997 - Eu Canto Avé Maria (Strauss).


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