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domingo, 3 de agosto de 2025

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80


 

Ídolos dos Anos 80

 


António Calvário

António Calvário da Paz nasce, em Lourenço Marques (Moçambique), a 17 de Outubro de 1938. Aos 7 anos, começa a ter aulas de piano, sonhando já com a possibilidade de vir a estudar no Conservatório. Em 1946 muda-se, com a família, algarvia, para Faro. É aí que, aos 14 anos, é escolhido para cantar numa festa do liceu: a sua primeira atuação como cantor. Pouco tempo depois vai estudar para Lisboa, para o Colégio Académico. Uma prima da sua avó, Corina Freire, uma das maiores vozes do teatro de revista, é, então, a sua professora de canto. Em 1957, com 18 anos, concorre, ao lado de outros trinta cantores, a uma vaga na Emissora Nacional. É aprovado e passa a atuar, com regularidade, nos «Serões para Trabalhadores», nas «Vozes de Portugal» e nos «Passatempos Pac». 

Com a canção «Regresso» vence, em 1959, o II Festival de Canção Portuguesa que se realiza no Coliseu do Porto. É o seu primeiro triunfo num certame onde participam, também, nomes como Simone, Madalena Iglésias, Alice Amaro e Guilherme Kjolner. O sucesso obtido por esta vitória leva a Valentim de Carvalho a assinar com António Calvário, que assim grava o seu primeiro EP: Regresso. Seguem-se Sabor a Sal e Perdão para Nós Dois. Durante uma atuação, em 1960, no restaurante típico português Fado, em Madrid, conhece Lucia Bosé, que muito o elogia. Em 1962 é eleito, pela primeira vez, Rei da Rádio, título que reconquista em 1964, 65, 66 e 72. Toma-se num ídolo da canção, arrastando multidões de jovens admiradoras que chegam a rasgar-lhe camisas e casacos nalgumas invasões de palco. Ao mesmo tempo, por contraponto, há quem o descreva como o rei dos pirosos. As opiniões dividem-se... 

Nesse mesmo ano recebe o Prémio Popularidade, da revista com o mesmo nome, de rádio, e TV, e o Óscar da Imprensa. No auge da popularidade chega a cobrar 20 contos por atuação, uma fortuna para a época. Semanalmente, recebe centenas de cartas, umas com elogios, declarações de amor ou pedidos de fotografias autografadas, outras com insultos, pragas e mesmo orações com bruxarias... 

Ao longo da década de 60 faz digressões pelos Estados Unidos, Canadá, México, Brasil, Venezuela, Holanda e Alemanha Federal. Na revista Chapéu Alto, no Teatro ABC, estreia-se, em 1963, no teatro. Ao longo dos anos seguintes conhecerá igualmente o êxito nas peças "Lábios Pintados", "Zero, Zero Zé", "Ordem para Pagar", "Esta Lisboa Que Eu Amo", "Mãos à Obra" e "Duas Pernas, Um Milhão". Em 1964 vence com «Oração», que a Valentim de Carvalho edita num EP, o I Grande Prémio da Canção da RTP, e representa Portugal na sua primeira participação no Festival da Canção, na Dinamarca, onde se desloca acompanhado apenas por um representante da RTP. A canção obtém zero pontos. 

Durante a sua atuação, um grupo de manifestantes invade o palco com cartazes onde se lia «Abaixo Franco e Salazar». A policia dinamarquesa intervém, mas as câmaras desviam-se da ação, mostrando outras imagens. António Calvário, que em 1964 apresentara também a canção «Para Cantar Portugal» no I Grande Prémio da Canção, voltará a concorrer em 1965 (com «Você não Vê», «Bom Dia» e «Por Causa do Mar»), em 1966 (com «Encontro para Amanhã») e em 1968 (com «O Nosso Mundo»). 

Representou, ainda, por três vezes, Portugal no Festival de Aranda do Douro. A sua estreia no cinema acontece também em 1964, ao lado de Madalena Iglésias, em "Uma Hora de Amor", de Augusto Fraga, que lhe valerá o Prémio Popularidade Cinema desse ano. Participará, depois, nos filmes "Rapazes de Táxis", de Constantino Esteves, em 1965, "Sarilhos de Fraldas", de novo com Madalena Iglésias, naquele que foi o seu maior sucesso na Sétima Arte, numa realização de Constantino Esteves, em 1966, e "O Amor Desceu em Pára-quedas", de Constantino Esteves, em 1968. 

Em 1969, decide produzir "O Diabo Era o Outro", filme de Constantino Esteves, com Milu, Nicolau Breyner, Hermínia Silva, Fernanda Borsatti, Armando Cortêz e Julieta Castelo. Nessa época, a produção de um filme rondava, habitualmente, os 900 contos, quantia que era comportada pelos 1200 contos que António Calvário tinha no banco. O filme, todavia, acabou por custar 3200 contos, num lento processo que levou perto de um ano a ser concluído. Endividado em 2000 contos, António Calvário pagou tudo, ao último tostão, atuando em todo o lado onde pudesse ganhar dinheiro, tendo inclusivamente cantado em circos como atração. «Meteram-me numa alhada, mas não se ficaram a rir de mim», afirmaria mais tarde em entrevista a "A Capital", em 1984. 

Em 1970 faz uma digressão por Portugal, Angola e Moçambique, com o filme "O Diabo Era o Outro", cujos direitos adquire. Inesperado, o sucesso obtido pelo single «Mocidade, Mocidade», editado em 1979 pela Rossil, devolve António Calvário às rádios e aos escaparates das discotecas. O single atinge o galardão de Disco de Ouro. Em 1984 comemora os 25 anos de atividade artística com um concerto no Teatro São Luís, em Lisboa, onde marcam presença Simone de Oliveira, Tony de Matos e a antiga professora de canto Corina Freire. A RTP não comparece. A EMI-VC edita o LP "O Melhor de António Calvário", regravado. Em 1988, num novo acordo editorial com a CBS, edita o single «Adeus Isabel/Santa Luzia», duas versões de canções internacionais, arranjadas por Ana Faria. Ligado à companhia itinerante Revista À Vista, corre o País, de povoação em povoação. No Verão de 1996, a EMI edita o CD Oração, na série Caravela, com uma compilação de canções, entre as quais «Oração», «O Meu Chapéu», «Mocidade, Mocidade», «Alma de Boémio», «Pop Fado», «Helio Dolly», «Sabor a Sal» e «Meu Coração da Madeira». 

DISCOGRAFIA: 

1960 - Sem Ti (A Voz do Dono); O Papá e a Mamã (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende.

1961 - Carnaval do Estoril (A Voz do Dono), com Maria de Lourdes Resende; Oração de Amor (A Voz do Dono); O Meu Chapéu (A Voz do Dono). 

1962 - António Calvário Canta Desse Amor (A Voz do Dono); Perdão para Nós Dois (A Voz do Dono).

1963 - O Dia Mais Longo (A Voz do Dono); Fado Hilário (A Voz do Dono); Avé Maria dos Namorados (A Voz do Dono); António Calvário com Los Guairehos (A Voz do Dono); Boas Festas (A Voz do Dono). 

1964 - O Meu Senhor (A Voz do Dono); Oração (A Voz do Dono); Madalena Iglésias e António Calvário em trechos do filme Uma Hora de Amor (A Voz do Dono); Sabor a Sal (A Voz do Dono); Natal de Belém (A Voz do Dono). 

1965 - Fados (A Voz do Dono); Meu Coração da Madeira (A Voz do Dono); Rapazes de Táxis (A Voz do Dono); Ce Monde (A Voz do Dono). 

1966 - Encontro para Amanhã (A Voz do Dono); Marchas do Estoril (A Voz do Dono); Pop Fado (A Voz do Dono); Cantar na Estrada (A Voz do Dono); Canções de Natal (A Voz do Dono); O Fado Nasceu na Rua (Belter).

1968 - Canções de Mv Fair Ladv (Decca,), com Simone. 

1979 - Mocidade, Mocidade (Rossil). 

Álbuns: 

1967 - Canções de Natal (Coimbra). 

1973 - Regresso (A Voz do Dono). 

1984 - Saudade (EMI). 

1994 - O Melhor de António Calvário (EMI). 

1996 - Oração (Caravela--EMI). 

1997 - Eu Canto Avé Maria (Strauss). 


sexta-feira, 1 de agosto de 2025

António Brojo

António Pinho de Brojo nasceu a 28 de Novembro de 1927, em Coimbra. Fez o liceu nesta cidade e licenciou-se na Escola Superior de Farmácia. Em 1950 concluiu, na Universidade do Porto, a licenciatura em Ciências Farmacêuticas, regressando a Coimbra para passar a exercer as funções de assistente na Faculdade de Farmácia, entretanto criada. De 1954 a 1958 preparou a tese de doutoramento na Universidade de Basileia, onde foi assistente, doutorando-se na Universidade do Porto em 1961. É professor catedrático da Faculdade de Farmácia de Coimbra. Foi vice-reitor da Universidade e é, atualmente (1996), presidente do Conselho Social da Universidade. António Brojo foi, também, o primeiro presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, tendo sido candidato a deputado, pelo PS, às eleições legislativas de 1983. 

Iniciou-se na guitarra quando andava no liceu, em 1941, e teve como professores os guitarristas João Bagão, José Maria Amaral e Carvalho Homem, os quais acompanhou a partir de 1945. Foi contemporâneo dos cantores Augusto Camacho Vieira, Anarolino Fernandes, Alcides Santos, Alexandre Herculano e dos violas Aurélio Reis, Mário de Castro e Tavares de Melo, com os quais se iniciou o programa radiofónico «Serenata de Coimbra», emitido pelo Emissor Regional de Coimbra da ex-Emissora Nacional. A sua passagem pelo Porto ficou também assinalada pela sua colaboração com o orfeão universitário desta cidade e com guitarristas e cantores como Cunha Gomes, Viriato Santos, Aureliano Veloso (pai de Rui Veloso), Álvaro Andrade e Napoleão Amorim. 

Em 1951, de novo em Coimbra, constitui com Florêncio de Carvalho, José Afonso, Luiz Goes, Fernando Rolim, mais tarde, Machado Soares, e ainda com António Portugal, um grupo histórico que regista, em 1953, oito discos de 78 rotações por minuto, incluídos no primeiro volume da coletânea Fados e Guitarradas de Coimbra, editada pela Movieplay em 1996, e que constituem as primeiras gravações de todos os grandes nomes atrás citados, exceto Machado Soares, que gravou, pela primeira vez, em 1956. 

Em 1961 e depois de diversas viagens a África, Brasil e Goa, entre outras --- António Brojo desloca-se a Angola e Moçambique, integrado como professor num curso de férias. Em Lourenço Marques, no Rádio Clube de Moçambique, grava um EP, posteriormente editado pela etiqueta Alvorada, com Almeida Santos, Roxo Leão, Gabriel de Castro e Caseiro da Rocha. Desse disco foram selecionados para a coletânea duas variações em que é solista, «Balada de Coimbra» e «Variações em Lá Menor» e o fado «Lá Longe», cantado por Almeida Santos, então a advogar em Moçambique. 

Segue-se um período de sensível redução da sua atividade musical, entre 1967 e 1977, ano em que volta aos estúdios para gravar dois LP com José Mesquita. Com o regresso de António Portugal a Coimbra, depois de terminada a sua atividade de deputado na Assembleia da República, reconstitui-se o histórico grupo dos anos 50, agora naturalmente com novos cantores, como António Bernardino, Alfredo Correia, Luís Marinho (deputado europeu pelo PS - 1996) e José Mesquita, professor catedrático da Faculdade de Ciências. 

Os últimos anos, sempre integrado no grupo de que também faziam parte António Portugal, Aurélio Reis e Luís Filipe (nas violas), constituíram para o professor Brojo um período de intensa atividade musical, em Portugal e no estrangeiro, em programas de televisão e em gravações de discos. Em Junho de 1994, António Brojo viajou com António Portugal, António Bernardino e outros, até ao Oriente (Tailândia, Malásia). Foi a última digressão que realizou com o seu companheiro de sempre, António Portugal, falecido poucos dias depois do regresso a Portugal, a 26 de Junho de 1994. Os dois guitarristas preparavam - e tinham quase concluída - a gravação de dois LP de guitarradas, em que ambos são solistas. O disco acabaria por ser editado em 1994, pela EMI, precisamente com o título Variações Inacabadas. 

O professor António Brojo, com mais de 50 anos de guitarra, é talvez o maior «fundista» da maratona musical de Coimbra: ninguém, como ele, acompanhou tantas gerações de fadistas e guitarristas. Mas dos seus dedos, da sua sensibilidade, do seu gozo e do seu talento peculiar de tocar guitarra, virão ainda novas surpresas. António Brojo, já reformado da sua cátedra de Farmácia, continua e vai continuar ativo na sua outra cátedra, a da guitarra de Coimbra. 

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Ana

Começa a cantar em bares, hotéis e bailes. A convite de um amigo parte para o Canadá, onde integra a sua banda, de 10 músicos. De regresso a Portugal muda-se, meses depois de ter voltado, para a Madeira, onde continua a cantar em hotéis e pubs. 

1980 - António Sala, que ouvira uma gravação sua, convida-a para gravar na Rossil. O lançamento do disco é feito no programa «Despertar», a emissão matinal diária do Canal 1 da Rádio Renascença. Inicia assim a sua carreira discográfica com «Sonha Comigo», um tema de Carlos Paião. O single é um sucesso e obtém um Disco de Ouro. 

1981 - Grava «Quanto Mais te Bato», outra canção de Carlos Paião, desta vez com produção de António Sala. 

1982 - Na Rossil grava «Dama de Copas» e «O Nosso Filme». 

1983 - Transita para a PolyGram, onde se estreia com o single «O Meu Primeiro Beijo», que lhe garante um disco de prata. Convidada para participar no Festival RTP da Canção, defende «Parabéns, Parabéns a Você», de Luís Jardim. A canção será depois gravada em Londres, e editada em single. 

1984 - Com música e letra de Dino Meira, grava «Alegria de Viver». 

1986 - Edita "Tapete Voador", derradeira colaboração desta primeira etapa de relacionamento com a PolyGram, da qual se afasta por se considerar insatisfeita. 

1987 - A estreia na Discossete é assinalada com a gravação de "Não Digas Mais Nada", um tema de Luís Filipe. 

1988 - De Luís Filipe grava «Meu Bombom». 

1990 - Edita o álbum "Só Mais Um Beijo", com canções de Ricardo. 

1991 - Lança o álbum "Fazer de Mim Cetim". 

1992 - "Filha do Vento", novo álbum, obtém algum sucesso. 

1994 - De regresso à PolyGram grava e edita "Amor Bandido". 

1995 - Lança o álbum "Doce Tropical". 

Discografia:

1980 - «Sonha Comigo» (Single, Rossil). 

1981 - «Quanto Mais te Bato» (Single, Rossil). 

1983 - «O Meu Primeiro Beijo» (Single, PolyGram); «Parabéns, Parabéns a Você» (Single, PolyGram). 

1985 - «Alegria de Viver» (Single, PolyGram). 

1986 - Tapete Voador (LP, PolyGram). 

1987 - «Não Digas Mais Nada» (Single, Discossete). 

1990 - Só Mais Um Beijo (I,P, Discossete). 

1991 - Fazer de Mim Cetim (LP, Discossete). 

1992 - Filha do Vento (LP, Discossete). 

1994 - Amor Bandido (CD, PolyGram). 

1995 - Doce Tropical (CD, PolyGram). 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Amélia Muge

Nasce em Moçambique. O seu pai, um escrivão judicial, estimula as filhas para a descoberta das artes. É também um apaixonado por música e um fã de world antes do tempo: em casa de Amélia ouve-se Brassens, música esquimó, coros búlgaros, etc. Numa entrevista de 1994, Amélia comparará a sua música à atividade «de um escultor esquimó que trabalha a pedra por acreditar que há nela uma forma escondida». 

1960 - Ao lado da irmã, Teresa, estreia-se na rádio de Lourenço Marques, hoje Maputo. Participa em espetáculos num cinema local que era conhecido como "O Foguetão", por existir uma réplica de um foguetão em palco. 

1964 - Aos onze anos, é aluna de um professor que a marcará para toda a vida: José Afonso. 

1967 - Vem a Portugal com o pai e, sempre com a irmã, grava um EP com composições originais. Gravou também um single em Moçambique. Pelo caminho, estuda piano durante dois anos. Toca guitarra desde os 13 anos. 

1975 - A independência transforma a vida da cantora, que desenvolve uma intensa atividade cultural e pedagógica junto das populações do país. Formada em História na Universidade de Maputo, onde tira uma pós-graduação em Ciências da Educação, lecionará em ambas as áreas na universidade. Continua a compor de forma constante, musicando poetas como Camões, Pessoa, Drummond de Andrade, Ramos Rosa, Muti-mati ou Grabato Dias. 

1978 - Grava algumas das suas canções em Lisboa mas o disco nunca viu a luz do dia. Grava ainda um programa para a RTP. 

1980 - Atua num recital para convidados na Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), em Lisboa, onde pede ao público o favor de não aplaudir. Grabato Dias (António Quadros) acompanha-a. O repertório ouvido insere-se «num trabalho de pesquisa ligado à educação e aos seus problemas», declara então a "O Diário". Em Moçambique, acrescenta à sua atividade académica um trabalho de quatro anos num instituto para o aproveitamento da natureza. 

1987 - Vem para Portugal onde prossegue a mesma atividade multifacetada que desenvolvia em Moçambique. Participa em múltiplos projetos na área da formação e do apoio ao emprego. Faz estudos de desenho e na área do audiovisual na AR.CO e na Gulbenkian, edita o livro Muipiti e duas obras para crianças. Na música, integra o grupo de Júlio Pereira. 

1989 - A banda sonora da peça de teatro infantil "Caminhos Encobertos, Marzinhos Descobertos" é premiada como a melhor do ano nesta área, na qual Amélia Muge realizou diversos trabalhos. 

1990 - Adere à União Portuguesa de Artistas de Variedades (UPAV) e multiplica os espetáculos a solo por todo o País. 

1991 - Após anos e anos de atividade regular nos domínios do canto e da composição (o seu acervo será composto por mais de 600 canções), Amélia Muge grava enfim, na UPAV, o seu primeiro álbum de originais. Produzido pelo seu companheiro, António José Martins, "Múgica" conhece o aplauso geral da crítica. João Lisboa, no Expresso, compara-o às obras máximas de Zeca Afonso, José Mário Branco e Sérgio Godinho. Quase aos 40 anos, Amélia Muge começa realmente a sua carreira. O álbum é promovido por um EP que inclui, entre outros, «Em Mértola», escrito por Amélia em parceria com a irmã Teresa. "Múgica" é também o disco de afirmação de uma autora. No universo da música popular portuguesa, Amélia Muge é a primeira voz feminina que se assume como compositora. Além de escrever parte das letras das canções, a sua abordagem de textos poéticos de grandes autores é extremamente pessoal. No álbum apresenta ainda o resultado de uma visão muito própria da tradição musical portuguesa, que ela própria tende a classificar como «em construção». Para todos os efeitos, um olhar simultaneamente de dentro e de fora que, associado à sua formação e prática multi-disciplinar, ajuda a entender a originalidade do seu trabalho. 

1992 - Ano muito ativo em termos de concertos. Atua no «Lisboa, Tejo e Tudo», no âmbito da Presidência Aberta de Mário Soares, toca em Paris e faz uma digressão de 13 espetáculos em universidades. 

1994 - Em Janeiro, Amélia Muge apresenta 22 temas inéditos ao longo de três noites no Instituto Franco-Português, com António José Martins e Luís Sá Pessoa em palco. 1994 é também o ano da edição do seu segundo trabalho em disco, "Todos os Dias", sempre com o ex-Trovante António José Martins, mas agora já editado pela multinacional Sony. 

1995 - Com José Mário Branco e João Afonso, sobrinho de Zeca, Amélia grava "Maio Maduro Maio" (Sony), disco de homenagem ao nome histórico da música portuguesa que fora também professor da cantora três décadas antes. E a homenagem a José Afonso feita dentro do universo da própria música popular portuguesa, um pouco em resposta à polémica abordagem de "Filhos da Madrugada" no ano anterior. Inteiramente composto por canções de Zeca Afonso e fortemente marcado pela presença do homem que em 1971 produzira "Cantigas do Maio", o disco é considerado o melhor do ano na MPP, sucedendo a Traz os Montes, de Né Ladeiras, ganhando o Prémio José Afonso, instituído pela Câmara Municipal da Amadora. 



sábado, 19 de julho de 2025

Amarguinhas

No Porto nasce o grupo, formada por Tchini, Chris e Pat nas vozes, Topo no baixo, Pony e Muas nas guitarras e Cisco na bateria. 

1994 - Ganham rodagem ao vivo, tornando-se populares pelas suas covers e pelo seu infindável sentido de humor. 

1995 - Assinam pela NorteSul que edita o CD single de estreia do grupo, Just Girls. Além do tema principal, o CD single inclui ainda uma versão para «Marco» (a canção-tema de uma série de animação para televisão exibida pela RTP nos anos 70) e «Estou Além» de António Variações. 

1996 Mar. - A versão de «Estou Além» é integrada na compilação República das Bananas, uma ideia da Rádio Nova contra a tentativa de aquisição, do Coliseu do Porto pela IURD. 

Maio - É editado o álbum Amarguinhas, produzido por Tóli César Machado, dos GNR. Além da cover de «Marco» e dos singles «Just Girls» e «Diabo à Solta», o disco inclui versões de «Amanhã de Manhã» das Doce e «Vénus» (transformada em «Divino»), bem como jingles da «Schweppes» e do «Cornetto». Tocam no CCB (em Lisboa). 

Discografia: 

1995 - Just Girls (CD single, NorteSul). 

1996 - Amarguinhas (CD, NorteSul).