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domingo, 25 de maio de 2025

Anamar

1983 - Grava o primeiro álbum da sua carreira, "Cartas de Portugal", para a Fundação Atlântica. O disco nunca chega a ser editado. Com direção musical do baixista e mentor dos Heróis do Mar, Pedro Ayres de Magalhães, tem letras assinadas por nomes como Miguel Esteves Cardoso e Paulo Bidarra. Do álbum é extraído um single, contendo «Baile Final» e «Lágrimas». Anamar é apresentada como cantora fatal, num registo até aí nunca tentado em Portugal. Os Heróis do Mar, que estavam no auge, após o lançamento de "Amor", no Verão de 1982, eram a expressão máxima de um núcleo que, em torno do então crítico do Sete Miguel Esteves Cardoso - era o tempo das «Bolas para o Pinhal» - e Pedro Ayres mudara o mapa estético e ideológico da música portuguesa, afirmando a rutura com as correntes oriundas da esquerda revolucionária ou da cultura freak, ainda presente, já que apenas se generalizara em Portugal após o 25 de Abril. Um pensamento nacionalista e de direita, aliado à enorme lucidez musical de ambos, fundamentado de forma mais consistente do que as correntes rivais, organizava a mudança e procurava em Anamar um novo rosto, após a tentativa falhada de «Foram Cardos, Foram Rosas», escrita por Esteves Cardoso para a voz de Manuela Moura Guedes. O dono do Frágil é outro grande impulsionador da carreira da cantora e produz, nesse ano, o espetáculo «Alana», com música de um ilustre desconhecido: António Emiliano. Anamar tinha o look certo, mas faltava-lhe a voz para dar credibilidade ao projeto construído em seu redor. 

1984 - Apresenta-se para um grande espectáculo no Coliseu, fortemente apoiado pela imprensa. O concerto, porém, é um fracasso. Anamar não vence o teste do palco e a afluência do público não é a esperada. A carreira da cantora sofre um duro revés e será retomada já com novos companheiros de estrada. Novo espetáculo produzido por Manuel Reis, no Frágil, com António Emiliano: «Coproduction». 

1986 - Na Ama Romanta, de João Peste, Anamar grava um maxi com as canções «Amar por Amar», «Ana» e «Roda». Esta última será integrada na coletânea "Divergências", também editada pela Ama Romanta. Nuno Rebelo, dos Mler Ife Dada, é o diretor musical de um trabalho onde se ouvem Emanuel Ramalho, hoje nos Delfins, e Pedro Caldeira Cabral. 

1987 - Segundo álbum, "Anamar", primeiro para a PolyGram, com produção de Emanuel Ramalho e Jorge Barata e a participação de Nuno Rebelo. O clássico «Canção do Mar», de Frederico de Brito e Ferrer Trindade, é uma das surpresas. 

1989 - Um novo silêncio de três anos precede o terceiro álbum de Anamar, "Feiabonita" (PolyGram) que conta agora com a direção musical do guitarrista José Peixoto. Músico de excepção, oriundo da área do jazz e já então com uma longa folha de serviços ao lado de cantores como Janita Salomé, José Peixoto divide-se pelas guitarras e programação de ritmos, num trabalho onde participam ainda Nuno Rebelo e outro guitarrista, Mário Delgado. «Feiabonita» é o single e a canção para as rádios de um disco onde se podem ainda ouvir «Ilha», «Afinal», «Santa Negra Virgem das Viagens», dedicada à raça cigana, «Lav», de João Peste, «António Variações», «Magia», «Há Coisas Assim» e «Larga-me da Mão». E a última gravação de Anamar, que posteriormente retoma as suas funções de Cérbero (porteira), agora no Alcântara. 

1997 - Regressa aos palcos num concerto na Estufa Fria, em Lisboa, onde apresenta apenas novas canções. Depois de negociações com a MCA, acaba por editar o álbum "M", pela BGM. 


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