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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Afonsinhos do Condado

1984 — Nuno Faria, economista na Petrogal (baixo), Gimba, de seu nome real Eugénio Lopes (guitarra) e Jorge Galvão, publicitário (guitarra) formam os Tiroliro Vladimir Mohadir e Tá No Ir. Respectivamente adoptam os nomes de combate, Dr. Faria, Sr. Lopes e Mr. Galvão. Apresentam-se com regularidade no B'Arte, no Bairro Alto e no Café Creme. Participam nas «Quatro Tardes para Um Rio» no Café Concerto do Bairro Alto. 

1985 Maio — Com um nome muito comprido, resolvem procurar nova designação. Pensam primeiro em Tantan, mas acabam por optar por "Os Afonsinhos do Condado". Actuam nas Noites Longas, onde participam também os Sétima Legião. Ai conhecem Ricardo Camacho, que sugere a gravação de uma demo para eventual contrato com a EMI/VC. A maqueta é então gravada no Café Creme, por Manuel Paulo. Estreiam as «Noites Frescas» do Rock Rendez--Vous. 

1986 Jun. — Após um telefonema de Tozé Brito, e a conselho de Ricardo Camacho, acabam por assinar contrato com a PolyGram. 

1987 Mar. — Editam, em single e maxi-single (com três temas), A Salsa das Amoreiras, com produção de Ramón Galarza. No disco participam também Mário Laginha, Rui Veloso, Zé Nabo, o próprio Ramón Galarza e o Grupo de Sopros Lisbonenses, constituído por Tomás Pimentel, Carlos Martins e Tozé Oliveira. Uma equipa de luxo! A Salsa das Amoreiras torna-se rapidamente num enorme êxito, sendo inclusivamente alvo de uma imitação de Fernando Pereira e utilizado por Florbela Queirós que, numa peça no Teatro Variedades, entra em palco a cantar a canção. Nas rádios invade simultaneamente o FM e a onda média. Dão 32 concertos pelo pais. Participam no espectáculo «Vamos Cantar o Zeca», na Aula Magna, onde interpretam uma versão salsera de «O Que Faz Falta». 

1988 Abr. — Sai o segundo disco, LP Açúcar, com nove faixas produzidas por Ramón Galarza. As rádios não concentram o airplay numa mesma canção, e assim nascem vários êxitos: «Rolar no Chão», «Sambinha para Gorbachev», «Ska da Ilha» e «Noites Quentes». «Rolar no Chão» é, inclusivamente, remisturado pela Rádio Cidade, que chega a enviar cópias da remix para rádios no Brasil. Set. — Editam o single «Ska da Ilha» que apresenta uma remistura deste tema, por José Carrapa, e uma regravação de «É Hoje o Dia». Ao longo do ano são presença assídua na televisão e nas rádios. Durante o Verão dão espectáculos de estrada e participam nalguns concertos no Casarão das Palmeiras, a sede do PSR, onde chega a haver problemas com skinheads. A solo, Jorge Galvão compõe um tema para o disco A Festa do Circo, um projecto do Chapitô. 

1989 Maio — Lançam o mini-LP No Parque Mayer com produção de Ramón Galarza e dos próprios Afonsinhos do Condado. No disco encontram-se canções como o «Rap do B.A.», o primeiro tema de rap gravado em Portugal, «Primavera»,, «Rapariguinha Você E Uma Loucura», com Kalu (dos Xutos & Pontapés) na bateria, ou «A Menina Sensação». É o princípio do declínio do grupo que, tendo fugido ao característico som tropical, para explorar diversas formas, causou uma reacção negativa junto ao público. O disco é estreado na RFM (e simultaneamente na estação espanhola Cadena Ser) num concerto transmitido em directo do Loucuras. Um mês depois, ao verificar algumas brejeirices nas letras, a Rádio Renascença proíbe a passagem do disco. Uma entrevista no Sete, por Cristina Arvelos, recebia o título «Temos Pilinha, mas somos diferentes». A imagem do grupo entretanto mudara. 

1990 Mar. — Simultaneamente, são colocados no mercado o CD compilação Afonsinhos do Condado e um mini-LP com o mesmo título. No CD são incluídos, além dos greatest hits, os inéditos «Música do Sul» e «Querida Guida», este último o derradeiro êxito radiofónico do grupo. O mini-LP acrescentava, aos dois inéditos, remisturas (da autoria do grupo e de Zé Vasco) de quatro temas do álbum Açúcar_ Participam no Festival RTP da Canção com «Juju e a Sua Banda» que alcança o 9.° lugar (em 10 concorrentes). Maio — Em Aveiro, no recinto da Feira das Indústrias, o grupo dá o último concerto com Gimba, que abandona Os Afonsinhos do Condado para, pouco depois, apresentar (durante algum tempo) o programa «Pop-Off» na RTP2. Entre entrevistas e loucuras cria, para o «Pop--Off», As Aventuras de Cazé, um breve seriado humorístico. Jun. — Naná Sousa Dias assume a direcção artística do grupo e escolhe os músicos que acompanham Os Afonsinhos do Condado, agora reduzidos a Nuno Faria (voz) e Jorge Gaivão (guitarra). São convocados Zé Nabo (baixo), Roberto Soares (bateria), João Ferreira (percussões) e, nos sopros, Claus Nymark, Naná Sousa Dias e Eduardo Santos. Tocam em França, no Festival Internacional de Nimes, num cardápio que apresentava nomes como os de Jorge Ben, Ray Barreto e os Les Negresses Vertes. Jul. — Actuam em Toronto (Canadá) a convite da Chin Internacional Radio, no Dia das Comunidades. De regresso a Portugal, correm o país onde participam em diversos espectáculos. 

1991 Set. — Novo Verão de concertos. Dia 28, na discoteca Hipotenusa, no Porto, dão o último concerto. Como esse era o dia de aniversário de Gimba, convidam-no para acompanhar o grupo. Ao vivo, chega a cantar o «Rap do B.A», ao que se seguiu um «Parabéns a Você». Depois do concerto, entre copos, no Swing, Nuno Faria e Jorge Gaivão decidem suspender a actividade do grupo. 

1992 — Nuno Faria é o responsável pela direcção artística do grupo Lindu Mona e os Bangalas do Kassange, um projecto de música angolana com músicos de Angola, Cabo Verde e Portugal. Actuam diversas vezes no Café Concerto da Comuna. 

1993 Jul. — Lindu Mona e os Bangalas do Kassange deslocam-se a Itália para uma digressão. Mesmo sem disco, nem perspectivas de gravação próxima, o projecto mantém-se activo com uma agenda regular de concertos até ao presente. Jorge Gaivão faz a cenografia para Quiosque do grupo de teatro Persona. 

1994 Abr. — Nuno Faria participa numa performance de homenagem a John Cage na Rua Augusta, organizada por José Oliveira. Dentro de um círculo de arame farpado e no topo de um monte de palha onde num pano se lia «Os ARTISTAS São a Classe Ruminante», lá estavam os músicos. Jorge Gaivão faz a cenografia para O Estranho Caso da Tia do Melro, de Fernando Gomes, apresentado na Comuna. 

1995 Jan. — Nuno Faria assume o lugar de A&R nacional da PolyGram, deixado vago, alguns meses antes, quando Carlos Maria Trindade se juntou aos Madredeus. É o responsável pela chegada ao catálogo de nomes como os Pop dell'Arte ou Blackout. 

1996 Maio — A PolyGram anuncia a edição de um disco a solo de Gimba, «Funky, Punky, Trunky». 

DISCOGRAFIA: 

1987 — «Os Afonsinhos do Condado» (single, Polydor). 

1988 — Açúcar (LP, Polydor); «Ska da Ilha» (re-misturado) (single, Polydor). 

1989 — No Parque Mayer (mi-ni-LP, Polydor). 

1990 — Os Afonsinhos do Condado (mini--LP, Polydor); Os Afonsinhos do Condado (CD com 16 canções, Polydor). 


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