António Pinho de Brojo nasceu a 28 de Novembro de 1927, em Coimbra. Fez o liceu nesta cidade e licenciou-se na Escola Superior de Farmácia. Em 1950 concluiu, na Universidade do Porto, a licenciatura em Ciências Farmacêuticas, regressando a Coimbra para passar a exercer as funções de assistente na Faculdade de Farmácia, entretanto criada.
De 1954 a 1958 preparou a tese de doutoramento na Universidade de Basileia, onde foi assistente, doutorando-se na Universidade do Porto em 1961. É professor catedrático da Faculdade de Farmácia de Coimbra. Foi vice-reitor da Universidade e é, atualmente (1996), presidente do Conselho Social da Universidade. António Brojo foi, também, o primeiro presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, tendo sido candidato a deputado, pelo PS, às eleições legislativas de 1983.
Iniciou-se na guitarra quando andava no liceu, em 1941, e teve como professores os guitarristas João Bagão, José Maria Amaral e Carvalho Homem, os quais acompanhou a partir de 1945. Foi contemporâneo dos cantores Augusto Camacho Vieira, Anarolino Fernandes, Alcides Santos, Alexandre Herculano e dos violas Aurélio Reis, Mário de Castro e Tavares de Melo, com os quais se iniciou o programa radiofónico «Serenata de Coimbra», emitido pelo Emissor Regional de Coimbra da ex-Emissora Nacional. A sua passagem pelo Porto ficou também assinalada pela sua colaboração com o orfeão universitário desta cidade e com guitarristas e cantores como Cunha Gomes, Viriato Santos, Aureliano Veloso (pai de Rui Veloso), Álvaro Andrade e Napoleão Amorim.
Em 1951, de novo em Coimbra, constitui com Florêncio de Carvalho, José Afonso, Luiz Goes, Fernando Rolim, mais tarde, Machado Soares, e ainda com António Portugal, um grupo histórico que regista, em 1953, oito discos de 78 rotações por minuto, incluídos no primeiro volume da coletânea "Fados e Guitarradas de Coimbra", editada pela Movieplay em 1996, e que constituem as primeiras gravações de todos os grandes nomes atrás citados, exceto Machado Soares, que gravou, pela primeira vez, em 1956.
Em 1961 - e depois de diversas viagens a África, Brasil e Goa, entre outras - António Brojo desloca-se a Angola e Moçambique, integrado como professor num curso de férias. Em Lourenço Marques, no Rádio Clube de Moçambique, grava um EP, posteriormente editado pela etiqueta Alvorada, com Almeida Santos, Roxo Leão, Gabriel de Castro e Caseiro da Rocha. Desse disco foram selecionados para a coletânea duas variações em que é solista, «Balada de Coimbra» e «Variações em Lá Menor» e o fado «Lá Longe», cantado por Almeida Santos, então a advogar em Moçambique. Segue-se um período de sensível redução da sua atividade musical, entre 1967 e 1977, ano em que volta aos estúdios para gravar dois LP com José Mesquita.
Com o regresso de António Portugal a Coimbra, depois de terminada a sua atividade de deputado na Assembleia da República, reconstitui-se o histórico grupo dos anos 50, agora naturalmente com novos cantores, como António Bernardino, Alfredo Correia, Luís Marinho (deputado europeu pelo PS — 1996) e José Mesquita, professor catedrático da Faculdade de Ciências. Os últimos anos, sempre integrado no grupo de que também faziam parte António Portugal, Aurélio Reis e Luís Filipe (nas violas), constituíram para o professor Brojo um período de intensa atividade musical, em Portugal e no estrangeiro, em programas de televisão e em gravações de discos.
Em Junho de 1994, António Brojo viajou com António Portugal, António Bernardino e outros, até ao Oriente (Tailândia, Malásia). Foi a última digressão que realizou com o seu companheiro de sempre, António Portugal, falecido poucos dias depois do regresso a Portugal, a 26 de Junho de 1994. Os dois guitarristas preparavam - e tinham quase concluída - a gravação de dois LP de guitarradas, em que ambos são solistas. O disco acabaria por ser editado em 1994, pela EMI, precisamente com o título "Variações Inacabadas". O professor António Brojo, com mais de 50 anos de guitarra, é talvez o maior «fundista» da maratona musical de Coimbra: ninguém, como ele, acompanhou tantas gerações de fadistas e guitarristas. Mas dos seus dedos, da sua sensibilidade, do seu gozo e do seu talento peculiar de tocar guitarra, virão ainda novas surpresas. António Brojo, já reformado da sua cátedra de Farmácia, continua e vai continuar ativo na sua outra cátedra, a da guitarra de Coimbra.
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